segunda-feira, 11 de outubro de 1999


XXI

AÇÃO DAS CRIATURAS NO GOVERNO DO MUNDO: ORDEM DO UNIVERSO


Podem as criaturas exercer o influxo de umas nas outras para efetuar as mudanças e alterações que se observam no mundo?
Sim, Senhor; e neste mútuo influxo se funda a ordem do universo (XLVII, 3).

Estão reguladas estas ações pelas leis da Providência divina?

Sim, Senhor; e de modo especialíssimo (CIII, 6).

Por quê?
Porque são o meio ou instrumento de que Deus se utiliza para conduzir as criaturas em conjunto ao fim que lhes assinalou (Ibid.).

Pode Deus prescindir do concurso das criaturas no governo do mundo?
Sem dúvida alguma pode, porém foi melhor que as utilizasse, pois deste modo Ele aparece maior, e a criatura mais enobrecida e perfeita.

Por que ganham as criaturas em nobreza e perfeição?
Porque concorrem com a ação soberana de Deus, na obra de guiar os seres ao seu fim ultimo (CIII, 6-3).

Por que aparece Deus maior?
Porque manifesta-se Nele sinal de grandeza e poderio soberano o ter a seu serviço uma legião de ministros que executem submissos os seus mandatos (Ibid.).

Logo, quando as criaturas exercem mútuo influxo, limitam-se a cumprir as ordens absolutas de Deus?
Sim, Senhor; porque é impossível que executem atos não previstos, nem ordenados no plano da Providência divina (Ibid.).

É possível que a atuação da criatura, obrando como instrumento de Deus, no governo do mundo, perturbe ou contrarie o plano divino?
Não, Senhor; porque quaisquer que sejam os seus atos, ordenados estão por Deus, para o bem do universo (CIII, 8, ad 1).

Podem, não obstante isto, ser causa de algum mal particular?
Sim, Senhor; podem ocasionar alguns males físicos e até morais, porque, em determinadas ocasiões, umas vezes perturbam a ordem inferior de um grupo de seres e outras vezes impedem alguma manifestação secundária do poder e da vontade de Deus.

Ferem estes males particulares a ordem estabelecida no plano divino?
Considerando o plano em conjunto, não Senhor.

Por quê?
Porque o soberano poder de Deus é tal, que se utiliza do mal particular, e depois de o ter subordinado a um fim mais elevado ele vai contribuir para o bem universal (Ibid, XIX, 6; XXIII 5 ad 3).

Logo, não há ação das criaturas que não esteja maravilhosamente disposta, para cooperar, sob a direção suprema de Deus, para o bem do universo?
Não, Senhor; e se alguma coisa aparece prejudicial ou deslocada, num plano inferior, considerado de um ponto de vista mais alto, ela tem sempre a razão suficiente, sapientíssima e profundíssima.

Pode o homem, neste mundo, abranger e compreender a maravilhosa grandeza e harmonia do plano divino?
Não, Senhor; porque necessitaria conhecer todas as criaturas, assim como os incontáveis segredos do plano divino.

Onde as compreenderá?
Somente no céu.

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