CONTESTAÇÃO E COMUNICADO
Sinceramente, não queria me meter neste embate que provocou um grande racha na Resistência. Não é lugar de leigo, que deve se ocupar de seus deveres de estado. Contudo, para comunicar a decisão que tomei, preciso fazer uma humilde contestação. Humilde mesmo, pois não sou teólogo; mas apesar de simples, uma contestação sensata, que teve a aprovação de um bom teólogo e de dois sacerdotes confiáveis.
CONTESTAÇÃO
Comento as principais citações utilizadas em “CONTRADIÇÕES E SEMELHANÇAS: O NEFASTO TRABALHO DE DOM RICHARD WILLIAMSON”:
· CITAÇÃO 01: Dom Williamson: A neo- igreja possui algo de católico (CE 445).
COMENTÁRIO:
No mesmo CE ,445, D. Williamson diz:
“O rito da Nova Missa é, em si mesmo, o ato central de culto da falsa religião do Vaticano II centrada no homem, cujo despertar se deu em 1969.”
“O NOM tem contribuído enormemente para que um incontável número de católicos perca a féquase sem perceber.”
As duas citações acima mostram que o senhor bispo não pretendeu fazer apologia da Missa Nova e da Igreja Conciliar. Analisar a frase acima fora do seu verdadeiro contexto é desonestidade intelectual. Vejamo-la dentro de seu contexto:
O bispo inglês, no decorrer do CE, diz que há bons fiéis enganados que foram introduzidos no Novus Ordus, sem consciência da malignidade do mesmo. Ele dá duas razões que levaram estes fieis a serem enganados: 1- em razão do rito ter sido apresentado por uma autoridade papal; 2- pelo fato da revolução litúrgica ter sido lenta e gradual.
Sobre estes enganados, comenta D.Williamson:
“E quem ousará dizer que em meio a essa multidão não há pessoas que ainda estejam alimentando sua fé obedecendo o que lhes parece ser (subjetivamente) sua obrigação (objetiva)? Deus é seu juiz, mas por quantos anos simplesmente a maioria dos seguidores da Tradição católica não teve de ir ao NOM antes de compreender que sua fé a obrigava a não fazer isto? E se o NOM os tivesse feito perder a fé por todos estes anos, como teriam eles chegado à Tradição católica?”
“Dependendo de como o celebrante usa as opções do NOM, nem todos os elementos que podem nutrir a fé são necessariamente eliminados, especialmente se a consagração é válida, uma possibilidade que ninguém que saiba sua teologia sacramental pode negar.”
O bispo inglês diz uma obviedade: as boas almas ENGANADAS que vão na missa nova, APESAR DA MALIGNIDADE DO RITO, não são desamparadas por Deus, naquelas partes do rito que não eliminaram totalmente os atributos da Fé, principalmente na Comunhão.
Certamente, os leitores mais apaixonados estão dizendo, nessa altura da leitura, que me tornei um liberal, tal como Mons. Williamson. Falemos então de D. Antônio de Castro Mayer, bastião da Tradição Católica, que não é considerado liberal pelo autor da carta contestada. A história diz que o “Leão de Campos” autorizou membros da TFP a comungarem em missas novas. O conselho era para ficarem do lado de fora e apenas entrar na hora da comunhão. Conselho sábio? Não sei. Mons. Lefebvre nunca aconselhou isso. Mas é fato que o bispo de Campos pensava como Mons. Williamson: que, sim, é possível Deus se servir dos elementos católicos que restaram na missa nova para o bem das almas.
O bispo inglês defendeu no CE que os fiéis tradicionalistas deveriam deixar as Capelas Tradicionais e voltar as paróquias modernistas? Claro que não. Vejam outra parte do mesmo CE:
“De fato, a obrigação de manter-se longe do NOM é proporcional ao conhecimento que uma pessoa tenha sobre quão mal ele é.”
Uma mente sensata há de entender que o CE do senhor bispo não foi uma defesa da Missa Nova, mas tão somente um juízo de realidade correto. Dizer o oposto é negar nossa própria realidade.
Permitam-me uma confidência pessoal: quando modernista, no período em que eu ia na missa(nova) diariamente, eu me tornava uma pessoa mais virtuosa. Não tenho dúvidas, leitores, que Deus me concedia graças no novo rito, APESAR DA MALIGNIDADE DO MESMO. Isso aconteceu apenas comigo? Pelo que converso com os confrades tradicionalistas, parece que não. Hoje, se frequentasse a missa nova, pecaria mortalmente, e certamente não receberia as graças de Deus. Mas são realidades diferentes: outrora um ignorante, agora um ciente.
Prezados, dentro deste contexto, é correto dizer que “a neo-igreja possui algo de católico”; e que Nosso Senhor se serve destes elementos para não desamparar os justos que lá, desgraçadamente, ainda estão.
· CITAÇÃO 2: Mons. Williamson: Católicos, sejam generosos! Reconheçam o objetivo de Deus, para salvar, fora da “Tradição”, muitas almas. (CE 438).
COMENTÁRIO:
Pode-se entender a palavra tradição – escrita entre aspas - de três formas:
a- Como a Igreja.
b- Como o Depósito da Fé.
c- Como o movimento tradicionalista.
Se o Sr. Bispo disse a palavra nos dois primeiros sentidos, ele é um herege, pois diz o catecismo que “fora da Igreja e do Depósito da Fé não há salvação”. Mas no último sentido, sim, ele estaria correto.
Vamos analisar um trecho do mesmo CE para ver em que sentido o bispo disse a frase:
“Assim, o NOM e a Igreja do Novus Ordo como um todo são perigosos para a fé, e estão certos católicos que se agarraram à Tradição para evitar o perigo.”
O mesmo bispo que pede para sermos generosos em reconhecer os desígnios de Deus de salvar fora da “Tradição” diz que estamos certos em nos agarrar à Tradição. Seria contraditório se não houvesse diferença semântica na palavra Tradição. Na primeira o bispo fala do movimento tradicionalista e no segundo do Depósito da Fé. Portanto, amigos, sim, há salvação fora da “Tradição” (movimento tradicionalista) e fazemos muito bem em nos agarrar na Tradição (Depósito da fé). Basta um pouco de lucidez para não enxergar coisas onde não existem. O bispo não errou.
Mais uma vez, neste artigo, o bispo inglês combate a falta de limites de alguns no movimento tradicionalista. Uma coisa é ser contra a Missa Nova e a Igreja Conciliar, outra coisa é cair no ridículo isolacionista e achar que não sobrou nada por lá.
Um exemplo: temos conselhos de confessar com padres idosos da Igreja Conciliar, na falta de padres da Tradição. O raciocínio é o mesmo, pessoal: o padre conciliar não tem fé, mas tem condições católicas de nos confessar validamente, pois, naquele modernista, há elementos católicos (sacerdócio válido + intenção de absolver + forma correta de absolvição). Orientar a busca de um sacerdote idoso modernista é canonizar a Igreja Conciliar? Claro que não! É simplesmente reconhecer que fora da “Tradição” (movimento tradicionalistas) é possível salvar-se. O modernista com ignorância invencível absolvido de seus pecados por um padre idoso modernista se salva fora da “tradição” (movimento tradicionalista). Sinceramente, não encontro erro algum nas palavras do senhor bispo.
CITAÇÃO 03, 04 E 05:
-Dominicanos de Avrillé: A Igreja Católica tem misteriosamente algo da igreja conciliar. É preciso distingui-las sem separá-las. (Revista“Le Sel de la terra”, edição de inverno de 2015);
-Dom Tomás: Não se pode dizer absolutamente que a igreja conciliar não é a Igreja Católica. (“Em defesa de D. Williamson I”);
-Dom Faure: Não é possível que Deus tenha abandonado 98% das almas. Temos que ler detidamente e entender o que quer dizer Monsenhor Williamson. Entre nós pode haver um perigo de radicalização. (Sermão 06/12/2015, Saltillo – México)
COMENTÁRIO:
Eis a grande polêmica: A Igreja Conciliar é parte da Igreja Católica? Se respondermos esta questão, responderemos as outras citações do Padre Trincado e do Mons. Faure, que afirmam que a missa nova acontece dentro da Igreja Católica.
Antes, segue as citações dos três comentadores citados acima, dos respectivos textos, para fazer contraposição:
- Dominicanos de Avrillé: “Pois há uma distinção a fazer entre a Igreja oficial e a Igreja Católica, e ela foi feita por todos os nossos antigos combatentes da fé depois do concílio. Basta que refresquemos a memória e nos lembremos de fórmulas bem conhecidas: “A Igreja ocupada”, “Roma ocupada”.”
- Dom Tomás: “Não se pode dizer de maneira absoluta nem que a Igreja conciliar seja a Igreja católica, nem que ela não o seja. Pela doutrina modernista e a intenção de destruir a Igreja católica ela não o é, evidentemente; mas pelo fato de deter em seu poder uma jurisdição que pertence à Igreja católica, ela tem algo de católico em seu poder. Se o Papa atual se convertesse ele exerceria catolicamente um poder que hoje ele exerce modernisticamente.”
-D.Faure: Sermão na integra: https://www.youtube.com/watch?v=qIw3Fcwsz9c
As citações e o vídeo acima acabam com o rótulo de que D. Faure, os dominicanos e D. Tomás estão fazendo apologia à Igreja Conciliar. Dizer que a Igreja Conciliar faz parte da Igreja Católica, em razão da jurisdição precária, não é “per si” defender a seita modernista.
Sobre o tema, o Professor Nougué, infinitamente mais capacitado que eu, publicará um livro, em breve.
Porém, usando de senso comum, ouso fazer algumas colocações:
Vejam algumas citações, dentro de seus verdadeiros contextos, dos monsenhores Lefebvre e Antônio de Castro Mayer.
a- Da Entrevista de Mons. Lefebvre concedida a Fideliter, 05 de Maio de 1988:
“Durante quinze anos dialogamos para tentar devolver a Tradição a seu lugar de honra, no lugar que lhe corresponde na Igreja. Chocamo-nos com a contínua negação. O que agora Roma concede em favor da Tradição só é um gesto puramente político, diplomático para forçar as adesões. Mas não é uma convicção em benefício da Tradição.
b- Da entrevista de Mons. Lefebvre concedida a Fideliter 68, 1989:
“Durante os últimos contatos que tive em Roma, várias vezes quis sondar suas intenções, medir se verdadeiramente havia uma mudança verdadeira. (…) Se fui discutir em Roma, é porque eu queria ver se podia chegar a um acordo com as autoridades da Igreja”.
c- Da Declaração de D. Castro Mayer na Sagração em Ecône:
“É a situação que nos encontramos; estamos vivendo uma crise sem precedente na história da Igreja, crise que atinge no seu cerne, no que Ela tem de substancial, que é o Santo sacrifício da Missa....”.
“ É doloroso perceber a lamentável cegueira de tantos confrades no episcopado e no sacerdócio, que não vêem ou não querem ver a crise atual e a necessidade, para sermos fiéis à missão que Deus nos confiou, de resistir ao modernismo reinante.”
Na primeira citação, Mons. Lefebvre disse que lutou para que a tradição tenha um espaço na Igreja. Qual Igreja? A Igreja Católica, infelizmente ocupada por conciliares.
Na segunda citação, Mons. Lefebvre, em um das entrevistas que ele pega mais pesado com os romanos, disse que em Roma há autoridades da Igreja. Qual Igreja, amigos? A Católica, infelizmente ocupada por modernistas.
Em uma das citações, D. Antônio de Castro Mayer chama as autoridades modernistas deirmãos no episcopado. O “Leão de Campos” chamaria uma autoridade de uma igreja distinta de irmãos? Não! Logo ele considera os bispos modernistas parte da Igreja Católica.
Pessoal, saibamos distinguir as coisas nos tempos de crise: como disse D. Tomás, doutrinalmente falando, sim, a Igreja Conciliar é outra Igreja, pois caminha em direção diametralmente oposta a nossa. Estão corretas as citações de D. Mayer e D. Lefebvre colocadas no texto contestado. Porém, em matéria doutrinal, não se chega em conclusões completas e verdadeiras com interpretações estritamente literais de citações isoladas; é necessário interpretação sistêmica, não só da obra completa dos cruzados da Tradição, como também de todo o Magistério da Igreja.
A seita conciliar, que o DICI 273 conceitua como uma “tendência”, um “espírito”, uma “concepção falsa” tem adeptos que misteriosamente (o mistério da iniquidade) receberam jurisdição católica (poder de comado – autoridade sob os fiéis). Receberam quando? Nas ordenações, nas sagrações, nas eleições para o cardinalato, nos conclaves, desde que válidos, formalmente falando. Sim, aqueles bandidos que ocupam as paróquias, as sés diocesanas, o colégio de cardeais e o trono de Pedro são autoridades da Igreja, são irmãos no episcopado dos bispos da Tradição, como disse o “Leão de Campos”.
Padre Calderón mostrou em seu incontestável livro “A candeia debaixo do alqueire” que, em razão da doença do liberalismo, os modernistas não usam da autoridade que têm, o que nos faculta um legítima resistência. Mas este não é o tema em questão. O que se quer provar, aqui, é que, sim, a Igreja Conciliar, mesmo que precariamente, sob o aspecto jurisdicional, é parte da Igreja Católica.
Qual o sentido de falar de crise na Igreja se a Igreja Conciliar é outra igreja?
Qual o sentido de afirmar com veemência que não sedevacantista ou eclesiavacantista, se o papa e todos bispos do mundo (inclusive os da Tradição que são, agora, considerados liberais) são de outra igreja?
Qual o sentido de se esforçar para demonstrar a invalidade das excomunhões se os excomungantes são de outra igreja?
Qual o sentido de mostrar por A mais B que o Magistério Conciliar não usa de autoridade em seus atos, que os seus atos não são infalíveis, se são atos de autoridades de outra igreja?
Qual o sentido de resistir Roma, se ela não é parte da igreja? Bastaria ignorá-la como fazemos com os luteranos, quadrangulares, etc.
Pois, então, amigos: analisemos doutrinalmente, mas também canonicamente e jurisdicionalmente. Sim, os modernista, ainda que precariamente, são parte da Igreja, pois ainda, desgraçadamente, possuem jurisdição.
Sobre a jurisdição, alguns tem arguido contra nossa tese, utilizando-se da bula CUM EX APOSTOLATUS OFFICIO de Paulo IV. O mesmo argumento de todos sedevacantistas. Mas saibam que esta bula foi ab-rogada pelo Código de Direito Canônico de 1917. Vamos analisar:
Diz o CDC/1917 no Cân. 6º :
“O Código conserva a maior parte da disciplina vigente até ele, embora faça as alterações oportunas. Por isso: Ab-roga quaisquer leis tanto universais como particulares, opostas às prescrições nele estabelecidas, exceto, se em relação às particulares, se disser expressamente outra coisa.
Diz a Bula de Paulo IV, em resumo: o herege perde jurisdição ao incorrer em heresia.
E diz o mesmo Código de Direito Canônico de 1917, no cân 2264, parágrafo 1°, que para que os atos de jurisdição do excomungado sejam inválidos, é necessário que a heresia venha a ser notória PORSENTENÇA DECLARATÓRIA.
O que significa isso, amigos? Que o bispo modernista e, portanto, excomungado por ser herege, até que uma autoridade o declare fora da Igreja, continua tendo jurisdição. Ah, mas isso é uma loucura! Eu não me atrevo a contesta o Código de Direito Canônico de 1917. Então, estes bandidos que ocupam a igreja, até a declaração de suas excomunhões, são, sim, parte da Igreja, pois possuem jurisdição. Portanto, como diz D. Tomás, se abandonarem a ideias modernistas e voltarem a usar de suas autoridades, merecerão nossa obediência.
· CITAÇÃO 06 E 07
-Padre Trincado: A missa nova se dá dentro da Igreja Católica. (Carta ao Padre Ernesto Cardozo, 13/12/2015: “Pero, estimadísimo Padre: el punto relativo a la posibilidad del milagro fuera de la Iglesia católica no tiene relación con los 3 EC de MW, que tratan de posibles milagros en misas Novus Ordo, porque estas misas se dan dentro de la Iglesia.”);
-Dom Faure: Onde viu que Mons. Lefebvre disse que a missa nova está fora da Igreja? (Carta ao Padre Ernesto Cardozo, 06/01/2016: “Donde vio que Mgr Lefevbre dijo que la misa nueva esta fuera de la Iglesia? Ya lo se hay UNA cita en que uno podria pensar eso. Una sobre mil?”);
COMENTÁRIO:
Bom, se os sujeitos que celebram este nefasto rito são autoridades com jurisdição católica (mesmo não sendo doutrinalmente católicos), se estas missas são celebradas dentro de templos católicos, se são assistidas por modernistas e alguns ignorantes que tem Fé integra,qual a razão de dizer que está missa acontece fora da Igreja? Não há absurdo, também, em dizer que, jurisdicionalmente, os recentes milagres eucarísticos aconteceram dentro da Igreja.
COMENTÁRIO SOBRE A SANTIDADE DA IGREJA
Contra essas teses, surgiu, então, o argumento da nota de santidade da Igreja, presente no catecismo , que diz:
“O fiel que ler com retidão de coração a História eclesiástica verá resplandecer a santidade da Igreja, não só na santidade essencial de sua cabeça invisível, Jesus Cristo, na santidade dos Sacramentos, da Doutrina, das Corporações religiosas, de muitíssimos de membros, mas também na abundância dos dons celestes, dos sagrados carismas, das profecias e milagres com que o Senhor (negando-os às demais religiões) faz brilhar à face do mundo o dote da santidade que está adornada exclusivamente sua única Igreja.” (Breves noções de história eclesiásticas, n°139, Catecismo de São Pio X).
Pois bem, caros, não é uma questão fácil, mas basta se esforçar. A primeira coisa a se fazer é analisar o Magistério da Igreja sistemicamente. Dificilmente se chegará a uma resposta tão complicada utilizando-se de APENAS uma citação do Catecismo de São Pio X. Ademais, o Catecismo de São Pio X é um compêndio para os fiéis, uma forma simplificada e resumida do Catecismo Romano. Um exemplo: o Catecismo de São Pio X diz que a forma da consagração do cálice é “Este é meu sangue”; contudo, sabe-se que a forma positivada no Catecismo Maior e na Doutrina de Sempre é maior. Por que São Pio X não escreveu toda fórmula? Por que se trata de um catecismo popular para tratar de questões elementares e não de alta teologia.
Deve-se, portanto, completar o ensinamento do Catecismo de São Pio X com, por exemplo, a Mystici Corporisi de Pio XII e o Código de 1917. Analisando o texto de Pio XII, a luz do Padre Leite Penido, seu comentador autorizado, vê-se que a Igreja é sem pecado, mas jamais sem pecadores. Mesmo que a jurisdição seja incompatível com o pecado de heresia, e o herege perca ipso facto a sua jurisdição, ainda assim é necessário duas admoestações e um julgamento formal para que seus atos jurisdicionais sejam inválidos e este seja excluído do Corpo de Cristo. Sob esse aspecto, caros leitores, o liberal não admoestado e não condenado (os conciliares) fazem parte do Corpo de Cristo.
Atentem-se para algo importante: aquele que comete pecado grave contra a Fé e a Moral sai da Alma da Igreja (O Espirito Santo); contudo não sai de seu Corpo. Se eu ou você cometermos um pecado mortal, sairemos da Alma da Igreja até o arrependimento e a confissão, contudo não estaremos excomungados do Corpo da mesma. A diferença é que quem peca contra a moral não se submete a um processo formal de excomunhão, o que acontece com quem peca contra a Fé. Por conseguinte, se não houve o processo formal de excomunhão, o pecador que peca contra a Fé continua no Corpo da Igreja; enfim, o adepto da seita modernista (um “espirito”; uma “tendência”; uma “falsa concepção”) só sai do Corpo da Igreja quando formalmente excomungado.
O próprio São Pio X, autor do brilhante catecismo em análise, não excomungou todos os modernistas de sua época. Sim, tinha tantos outros que ele não conhecia, como por exemplo o quase papa Cardeal Rampolla. Todos os outros modernistas não excomungados da época de São Pio X estavam fora da Igreja? Não tinha jurisdição precária? Cardeal Lienart, bispo que sagrou Mons. Lefebvre, não tinha jurisdição precária, não fazia parte do Corpo da Igreja? São questões sérias que não podem ser analisadas apenas com uma citação de catecismo.
Outro exemplo: alguns sacerdotes tradicionais não costumam conceder o Sacramento do Matrimônio a todos os fiéis de suas capelas; os motivos são diversos, que não vem ao caso agora. Fato é que estes sacerdotes liberam estes fieis para se casarem na Igreja Conciliar; e costumam, depois, dar uma benção nupcial de complementação. Pessoal, qual o sentido de orientar a celebração deste nobilíssimo sacramento na Igreja Conciliar, se os seus sacerdotes não tem jurisdição precária, não fazem parte do Corpo da Igreja? Reitero: São questões sérias que não se resolve com apenas algumas citações de catecismo. É necessário analisar sistemicamente o Magistério da Igreja.
Ademais, diz as escrituras:
Esta profetizado que a Santa Igreja iria ao calvário com seu Esposo. Daniel, o profeta, diz que é dentro da Igreja, o único Santuário, e não em uma igreja distinta, que aconteceria a grande abominação do fim dos tempos. A missa nova no Santuário do Senhor é uma abominação; modernistas com jurisdição católica, membros do Corpo de Cristo, é uma abominação. É a grande apostasia. O fim dos tempos. A desorientação diabólica, nas palavras da irmã Lúcia. Mas, apesar de tudo, Nom Praevalebunt
· CITAÇÃO 8 E 9:
-Dom Faure: Não chamem o Padre Cardozo para dar a Missa. (Carta a fiéis de Santo André);
-Dom Tomás: Eu não aconselho as pessoas a receberem-no. (...) Ouvi dizer que em Ipatinga tiraram o quadro de Dom Williamson da missão. Enquanto isto durar, fica difícil eu ter outra posição" (Carta ao Padre Ernesto Cardozo, 27/01/2016):
COMENTÁRIO:
Aqui, não farei um juízo de mérito, mas de realidade:
Quanto a D.Tomás, transcrevo o email que ele me mandou, e autorizou a publicação:
“Não estou orientando a não irem nas missas do Pe. Cardozo, mas estou aconselhando que não o chamem enquanto ele não se entender com os Bispos...... Nas capelas onde ele não costuma ir ou que nos pedem orientação eu digo para esperar que ele veja os Bispos.”
A resposta de D. Tomás explica bem o porquê da sugestão de D. Faure. Em princípio, não se trata de considerar o padre um perigo para Fé. As missões que procuraram o bispo francês e D.Tomásqueriam e querem direção de padres da USLM. O conselho, então, foi de esperar para ver se o padre acertaria ou não com os bispos da resistência.
O Padre Cardozo, basta ver no sermão proferido dia 28/02 na Capela Cristo Rei, deixou claro que não quer ser chamado de membro da Resistência (USML). As autoridades da USML, prevendo a eminente ruptura, aconselharam fieis – QUE QUERIAM A DIREÇÃO DE PADRES DA RESISTÊNCIA EM SUAS MISSÕES -, a esperarem para ver se haveria um superveniente acordo; o que aparentemente não ocorrerá. Qual injustiça há nisso? Julguem vocês.
Cai, portanto, a mentira de que D. Tomás proibiu os fiéis do Padre Cardozo de irem na Missa dele. Cai, também, a mentira de que D. Tomás disse que o Padre Cardozo é um perigo para a Fé. Quem fez de D. Tomás um inimigo em razão disso, é inimigo de um D. Tomás diferente do que mora no Mosteiro da Santa Cruz.
Lembro-me, agora, de duas situações em que membros da Missão Cristo Rei/Ipatinga discordaram de trazer sacerdotes em nossa cidade pelo simples fato de não serem reconhecidos pela USML. Um deles era, até então, considerado fiel à doutrina católica pelo Padre Cardozo. Em razão da falta de aceitação, por parte da USML, bastante fieis torciam o nariz quando se falava em trazer o referido “padre”. Por que desta reação? Por que, até então, a ideia era ser dirigida pela USML; exatamente o mesmo critério adotado na polêmica acima.
Ademais, pessoal, quando se chama um clérigo de liberal e herege (ou suspeito de heresia) se diz implicitamente para não frequentar suas missas.
A diferença entre as atitudes de ambas as partes é que, até então, D. Tomás aconselhou, por questão de campo de missão; e a outra parte, implicitamente, por considerar o futuro bispo e os outros clérigos liberais.
OBSERVAÇÕES FINAIS DA CONTESTAÇÃO
1- Não considero os bispos e padres da USML incaíveis.
2- Enquanto guardarem a Fé; apoiarei e rezarei pelos bispos e padres católicos.
3- Esta contestação não tem por objetivo desmerecer o autor do artigo.
COMUNICADO
Tendo em vista que:
a- O Rev. Padre Cardozo ratificou o documento contestado no sermão do dia 28/02.
b- O Rev. Padre Cardozo julgou como liberal e suspeito de heresia quem pensa como as autoridades da USML.
c- O Rev. Padre Cardozo disse que não quer trabalhar com pessoas que pensam como os bispo da USML e alguns padres da USML.
d- Há, no meu modo de ver, implicações doutrinais sérias na tese sustentada no contestado artigo.
Eu anuncio, tomado por uma tristeza incrível, mas confortado pela tranquilidade de consciência, a saída de minha família das Missões Cristo Rei. Sei que isso não é "grandes coisas", pois sou um leigo pecador qualquer. Mas por questão de hombridade, tendo em vista que sou chamado de liberal/herege nos bastidores, torno isso público.
Serei sempre grato ao Rev. Pe. Cardozo pelo que fez por mim, espiritualmente e materialmente, nos quase quatro anos de convivência. Espero que o Espírito Santo nos una novamente na Verdade, pois, sinceramente, tirando minha esposa e minha filha, ele foi o homem que mais me fez bem conviver, nos últimos tempos.
Ave Maria Puríssima!
Fonte: VALEDELAGRIMAS - BLOG
Autor do texto: Bruno - Ipatinga, MG
Autor do texto: Bruno - Ipatinga, MG