VII
DOS ANJOS: SUA NATUREZA
Por que quis Deus que no mundo houvesse espíritos puros?
Para que fossem digno remate e coroa da obra de suas mãos (L).
E que quer isso dizer?
Que eles são a porção mais formosa, nobre e perfeita do Universo.
Que coisa é um espírito?
É uma substância completa, que não está unida à matéria, nem tem relação com ela (L, 3).
São muito numerosos os espíritos?
Sim Senhor; numerosíssimos (L, 3).
Excede, o seu número ao de todas as demais naturezas criadas?
Sim, Senhor (Ibid.).
ara que tantos?
Porque era conveniente que na obra de Deus o perfeito sobrepujasse ao imperfeito (Ibid.).
Qual é o nome comum a todos os espíritos puros?
É o de Anjos.
Por quê?
Porque são os enviados de que o Senhor se serve para o governo das demais criaturas.
Podem os anjos unir-se substancialmente a um corpo, assim como as almas humanas?
Não, Senhor; e se bem que em algumas ocasiões tenham aparecido em forma humana, não tinham de homens, mais que a aparência exterior (LI, 1, 2, 3).
Estão os Anjos em algum lugar?
Sim, Senhor (LII, 4).
Onde, moram habitualmente?
No céu (LXI).
Podem trasladar-se de um lugar para outro?
Sim, Senhor (LIII, 1).
Necessitam de tempo para trasladar-se?
Não, Senhor; podem fazê-lo instantaneamente quaisquer que sejam as distâncias (LIII, 2).
Podem, se assim o desejam, abandonar lentamente um lugar e ocupar outro da mesma forma?
Sim, Senhor; porque o movimento angélico consiste na atuação sucessiva em lugares distintos, ou em diversas partes do mesmo lugar (LIII, 3).
VIII
VIDA ÍNTIMA DOS ANJOS
Em que consiste a vida íntima dos anjos?
Suposto que são espíritos puros, consiste em conhecer e amar.
Que espécie de conhecimento possuem?
Conhecimento intelectual (LIV).
Não possuem também conhecimento sensitivo como os homens?
Carecem absolutamente dele (LIV, 5).
Por quê?
Porque não se dá conhecimento sensitivo sem corpo orgânico, e os anjos são incorpóreos (Ibid.).
O conhecimento intelectual dos anjos é mais perfeito do que o nosso?
Sim, Senhor.
Por quê?
Porque nem o seu conhecimento tem origem nas espécies tomadas do mundo exterior, nem a sua ciência progride mediante o raciocínio, pois que abrange de uma só visão os princípios e as conseqüências (LV, 2 LVIII, 3, 4).
A ciência dos anjos é infinita?
Não, Senhor; porque é finita a sua natureza; unicamente Deus, Ser infinito, possui ciência infinita.
Conhecem o conjunto das criaturas?
Sim, Senhor; porque o exige a sua qualidade de espíritos puros (LV, 2).
Sabem o que acontece no mundo?
Sim, Senhor; porque o vêem nas suas espécies naturais, à medida que vai sucedendo (Ibid.).
Conhecem os pensamentos e os segredos dos corações?
Não, Senhor; porque, sendo pensamentos e afetos livres, não concorrem necessariamente com a mudança e sucessão das coisas (LVII, 4).
Como podem chegar a conhecê-los?
Pela revelação divina ou pela manifestação, do agente (Ibid.).
Sabem o futuro?
Sem revelação especial, não Senhor.
Que coisas amam os anjos necessariamente?
A Deus sobre todas as coisas, a si mesmos e às criaturas, exceto quando o pecado contraria ou destrói na ordem sobrenatural a livre propensão do amor natural (LX).
IX
DA CRIAÇÃO DOS ANJOS
Criou Deus imediatamente a todos os anjos?
Sim, Senhor; porque todos são espíritos puros, e não podiam de outro modo vir à existência (LXI, 1).
Quando foram criados?
No princípio dos tempos e no mesmo instante que os elementos do mundo material (LXI, 3).
Foram criados os anjos nalgum lugar corpóreo?
Sim, Senhor; porque assim convinha aos desígnios da divina Providência.
Como chamamos o lugar em que foram criados?
Chamamo-lo ordinariamente céu e também céu empíreo (LXI, 4).
Que coisa é o céu empíreo?
Um lugar ameníssimo, pleno de luz e resplendor, resumo e compêndio das maiores delícias do mundo corporal (Ibid.).
O céu empíreo é o mesmo que o céu dos bem-aventurados, ou simplesmente céu?
Sim, Senhor (Ibid.).
X
DA TENTAÇÃO DOS ANJOS
Em que estado foram criados os anjos?
No estado de graça (LXII, 3).
Que entendeis quando afirmais que foram criados em estado de graça?
Que no primeiro instante da sua Criação, receberam, conjuntamente com a natureza, a graça santificante que os fazia filhos adotivos de Deus e, por seu mérito, podiam alcançar a glória eterna (LXII, 1, 2, 3).
Foi necessário que os anjos merecessem a glória por virtude de algum ato livre?
Sim, Senhor (LXII, 4).
Em que consistiu aquele ato de seu livre alvedrio?
Em seguir o movimento da graça que os inclinava a submeter-se a Deus por inteiro, para receberem Dele com acatamento e ação de graças, o dom da glória que lhes havia prometido (Ibid.).
Necessitaram muito tempo para escolher, debaixo do influxo da graça, a submissão ou a rebeldia?
Um só instante.
Feita a devida escolha, foram imediatamente admitidos ao gozo da Bem-aventurança?
Sim, Senhor (LXII, 5).
XI
QUEDA DOS ANJOS
Permaneceram fiéis todos os anjos na prova meritória, a que Deus os submeteu?
Não, Senhor (LXIII, 2, 3).
Por que recusaram alguns submeter-se a Deus?
Por sentimento de orgulho, por quererem ser como Deus e gozar a felicidade, independentemente das divinas disposições (LXIII, 2, 3).
Este ato de soberba foi pecado grave?
Foi tão grande que provocou imediatamente a ira divina.
E Deus, justamente indignado, que fez para castigá-los?
Precipitou-os no inferno para que ali padeçam tormentos eternos (LXIV, 4).
Que nome têm os anjos rebeldes e condenados ao inferno?
Chamam-se demônios (LXIII, 4).
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