Terceira Parte Dos Mandamentos da Lei de Deus e da Igreja
CAPÍTULO I
Dos Mandamentos da Lei de Deus em geral
“A lei do Senhor, que é imaculada, converte as almas; o testemunho do Senhor é fiel, dá sabedoria aos pequeninos.
“Lex Domini inmaculata convertens animas testimonium Domini fidele sapientiam praestans parvulis.”
As justiças do Senhor são retas, alegram os corações; o preceito do Senhor é claro, esclarece os olhos.
“Iustitiae Domini rectae laetificantes corda praeceptum Domini lucidum inluminans oculos.”
O temor do Senhor é santo, permanece pelos séculos dos séculos; os juízos do Senhor são verdadeiros, cheios de justiça em si mesmos.
“Timor Domini sanctus permanens in saeculum saeculi iudicia Domini vera iustificata in semet ipsa”.
São mais para desejar do que o muito ouro e as muitas pedras preciosas; e são mais doces que o mel e o favo.
“Desiderabilia super aurum et lapidem pretiosum multum et dulciora super mel et favum”.Por isso o teu servo os guarda, e em os guardar há grande recompensa”.
“Etenim servus tuus custodit ea in custodiendis illis retributio multa”.Salmo 18, 8-12
“Bem-aventurados os que se conservam sem mácula no caminho, os que andam na lei do Senhor”.
“Beati inmaculati in via Qui ambulant in lege Domini.”Salmo 118, 1
“De todo o meu coração te busquei; não me deixes transviar dos teus mandamentos.
“In toto corde meo exquisivi te non repellas me a mandatis tuis.”
Escondi no meu coração as tuas palavras, para não pecar contra ti”.
“In corde meo abscondi elo quia tua ut non peccem tibi.”
Bendito és, Senhor; ensina-me as tuas justas leis”.
“Benedictus es Domine doce me iustificationes tuas.” Salmo 118, 10-12
“Deleitei-me no caminho das tuas ordens, tanto como em todas as riquezas.
“In via testimoniorum tuorum delectatus sum sicut in omnibus divitiis Nos teus mandamentos me exercitarei, e considerarei os teus caminhos.
In mandatis tuis exercebor et considerabo vias tuas.
Nas tuas ordens meditarei; não me esquece- In iustificationibus tuis meditabor non oblirei das tuas palavras. viscar sermones tuos Concede esta graça ao teu servo, dá-me vida, e eu guardarei as tuas palavras.
Retribue servo tuo vivifica me et custodiam sermones tuos.Tira o véu dos meus olhos, e considerarei as maravilhas da tua lei”.
Revela oculos meos et considerabo mirabilia de lege tua” Salmo 118, 14-18
“Minha alma desejou ansiosa em todo o tempo as tuas justas leis.”
“Concupivit anima mea desiderare iustificationes tuas in omni tempore” Salmo 118, 20
“Dá-me inteligência, e estudarei a tua lei, e a guardarei de todo o meu coração”.
“Da mihi intellectum et scrutabor legem tuam et custodiam illam in toto corde meo.Guia-me pela senda de teus mandamentos, porque essa mesma desejei.
Deduc me in semita mandatorum tuorum quia ipsam volui.
Inclina o meu coração para os teus preceitos, e não para a avareza.
Inclina cor meum in testimonia tua et non in avaritiam.
Desvia os meus olhos, para que não vejam a vaidade; faze que eu viva segundo o teu caminho”.
Averte oculos meos ne videant vanitatem in via tua vivifica me.” Salmo 118, 34-37
“Meditarei nos teus mandamentos, que eu amo.
“Et meditabar in mandatis tuis quae dilexi.
Levantarei as minhas mãos para os teus mandamentos, que eu amo, e exercitar-me-ei nas tuas ordens”.
Et levavi manus meas ad mandata quae dilexi et exercebar in iustificationibus tuis.” Salmo 118, 47-48
342) De que trata a terceira parte da Doutrina Cristã?
A terceira parte da Doutrina Cristã trata dos Mandamentos da Lei de Deus e da Igreja.
343) Quantos são os Mandamentos da Lei de Deus?
Os Mandamentos da Lei de Deus são dez:
1º Amar a Deus sobre todas as coisas.
2º Não tomar seu Santo Nome em vão.
3º Guardar domingos e festas.
4º Honrar pai e mãe.
5º Não matar.
6º Não pecar contra a castidade.
7º Não furtar.
8º Não levantar falso testemunho.
9º Não desejar a mulher do próximo.
10º Não cobiçar as coisas alheias.
344) Por que têm esse nome os Mandamentos da Lei de Deus?
Os Mandamentos da Lei de Deus têm esse nome porque foi o próprio Deus que os gravou na alma de cada homem, e os promulgou no monte Sinai, na antiga Lei, esculpidos em duas tábuas de pedra, e porque Jesus Cristo os confirmou na Lei nova.
345) Quais são os Mandamentos da primeira tábua?
Os Mandamentos da primeira tábua são os três primeiros, que se referem diretamente a Deus, e aos deveres que temos para com Ele.
346) Quais são os Mandamentos da segunda tábua?
Os Mandamentos da segunda tábua são os últimos sete, que se referem ao próximo e aos deveres que temos para com ele.
347) Somos obrigados a observar os Mandamentos?
Sim, todos somos obrigados a observar os Mandamentos, porque todos devemos viver segundo a vontade de Deus que nos criou; e basta transgredirmos gravemente um só deles para merecermos o Inferno.
348) Podemos observar os Mandamentos?
Podemos, sem dúvida, observar os Mandamentos da Lei de Deus, porque Deus não nos manda nenhuma coisa impossível, e dá a graça para os observar a quem a pede devidamente.
349) Que se deve considerar em cada Mandamento?
Em cada Mandamento deve-se considerar a parte positiva e a parte negativa; isto é, o que nos é ordenado e o que nos é proibido.
CAPÍTULO II
Dos Mandamentos que se referem a Deus
“Uma vez mais vos digo que ninguém me tenha por insensato; ou então tomai-me por insensato, para que também eu possa sentir um pouco de orgulho. O que vou dizer na certeza de poder orgulhar-me, não o digo sob inspiração do Senhor mas como num acesso de delírio.
Visto que muitos se orgulham das coisas humanas, também eu vou orgulhar-me. Vós, que sois sensatos, suportais de boa vontade os insensatos. Sim, suportais quem vos escraviza, quem vos devora, quem vos explora, quem vos trata com orgulho, quem vos bate no rosto.
Neste ponto, sinto vergonha de dizer, parece que fomos fracos.Quanto às pretensões que qualquer outro possa ter - falo como louco - também eu as tenho. São hebreus? Também sou. São israelitas? Também sou. São da descendência de Abraão? Também sou.
São ministros de Cristo? Falando como louco, eu sou mais ainda.Muito mais pelos trabalhos, muito mais pelas prisões, pelos açoites sem conta. Muitas vezes vi a morte de perto. Cinco vezes recebi dos judeus os quarenta açoites menos um. Três vezes fui flagelado com varas. Uma vez, apedrejado. Três vezes naufraguei, uma noite e um dia passei no alto-mar. Viagens sem conta, exposto a perigos nos rios, perigos de assaltantes, perigos da parte de concidadãos, perigos da parte dos pagãos, perigos na cidade, perigos nos lugares desabitados, perigos no mar, perigos entre falsos irmãos! Trabalhos e fadigas, muitas noites sem dormir, com fome e sede, freqüentes jejuns, frio e nudez! Além de outras coisas, o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação por todas as igrejas!
Quem está fraco, sem que eu sinta com ele? Quem é seduzido ao pecado, sem que eu fique indignado? Se é preciso contar vantagens, contarei vantagens da minha fraqueza. O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que é bendito pelos séculos, sabe que não minto. Em Damasco, o governador do rei Aretas pôs guarda na cidade dos damascenos, para me prender , mas através de uma janela, fui descido numa cesta pelo muro, e escapei das suas mãos”.II Cor 11, 16-33
§ 1º - Do primeiro Mandamento da Lei de Deus
350) Por que disse o Senhor antes de ditar os Mandamentos: “Eu sou o Senhor teu Deus”?
Antes de promulgar os seus Mandamentos, Deus disse: “Eu sou o Senhor teu Deus”, para que saibamos que Deus, sendo o nosso Criador e Senhor, pode mandar o que quiser, e nós, criaturas suas, somos obrigados a obedecer-Lhe.
351) Que nos ordena Deus com as palavras do primeiro Mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas?
Com as palavras do primeiro Mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas, Deus nos ordena que o reconheçamos, adoremos, amemos e sirvamos a Ele só, como a nosso Soberano Senhor.
352) Como se cumpre o primeiro Mandamento?
Cumpre-se o primeiro Mandamento com o exercício do culto interno e externo.
353) Que é o culto interno?
O culto interno é a honra que se presta a Deus só com as faculdades da alma isto é, com a inteligência e com a vontade.
354) Que é o culto externo?
O culto externo é a homenagem que se presta a Deus por meio de atos exteriores e de objetos sensíveis.
355) Não basta adorar a Deus interiormente, só com o coração?
Não basta adorar a Deus interiormente, só com o coração, mas é necessário adorá-Lo também exteriormente, com a alma e com o corpo juntamente, porque Ele é Criador e Senhor absoluto de um e de outro.
356) Poderá haver culto externo sem o interno?
Não pode de forma alguma haver culto externo sem o interno, porque aquele, desacompanhado deste, fica privado de vida, de merecimento e de eficácia, como corpo sem alma.
357) Que nos proíbe o primeiro Mandamento?
O primeiro Mandamento proíbe-nos a idolatria, a superstição, o sacrilégio, a heresia, e todo e qualquer outro pecado contra a religião.
358) Que é a idolatria?
Chama-se idolatria o prestar a alguma criatura, por exemplo a uma estátua, a uma imagem, a um homem, o culto supremo de adoração, devido só a Deus.
359) Como está expressa na Sagrada Escritura esta proibição?
Na Sagrada Escritura está expressa esta proibição com as palavras: Não farás para ti imagem de escultura, nem figura alguma de tudo o que há em cima, no céu, e do que há embaixo, na terra. E não adorarás tais coisas, nem lhes darás culto.
360) Proíbem estas palavras toda a espécie de imagens?
Não, por certo. Mas só as das falsas divindades, feitas com intuito de adoração, como faziam os idólatras. E tanto isto é verdade, que o próprio Deus deu ordem a Moisés para fazer algumas, como as duas estátuas de querubins que estavam sobre a arca, e a serpente de bronze no deserto.
361) Que é a superstição?
Chama-se superstição toda e qualquer devoção contrária à doutrina e ao uso da Igreja, bem como o atribuir a uma ação ou alguma coisa uma virtude sobrenatural que ela não tem.
362) Que é o sacrilégio?
O sacrilégio é a profanação de um lugar, de uma pessoa ou de uma coisa consagrada a Deus ou destinada ao seu culto.
363) Que é a heresia?
A heresia é um erro culpável de inteligência, pelo qual se nega com pertinácia alguma verdade de fé.
364) Que mais coisas proíbe o primeiro Mandamento?
O primeiro Mandamento proíbe também todo o comércio ou trato com o demônio, e o filiar-se às seitas anticristãs.
365) Quem recorre ao demônio e o invoca, comete pecado grave?
Quem recorre ao demônio e o invoca, comete um pecado enorme, porque o demônio é o mais perverso inimigo de Deus e do homem.
366) É lícito interrogar as mesas chamadas falantes ou escreventes, ou consultar de algum modo as almas dos mortos, por meio de espiritismo?
Todas as práticas do espiritismo são proibidas, porque são supersticiosas, e muitas vezes não estão isentas de intervenção diabólica, e razão por que foram justamente interditas pela Igreja.
367) O primeiro Mandamento proíbe acaso honrar e invocar os Anjos e os Santos?
Não. Não é proibido honrar e invocar os Anjos e os Santos, e até o devemos fazer, porque é coisa boa e útil, e altamente recomendada pela Igreja, já que eles são amigos de Deus e nossos intercessores junto d'Ele.
368) Sendo Jesus Cristo o nosso único mediador junto de Deus, por que recorremos também à intercessão da Santíssima Virgem e dos Santos?
Jesus Cristo é o nosso mediador junto de Deus, enquanto, sendo verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, só Ele, em virtude dos próprios merecimentos, nos reconciliou com Deus e d'Ele nos obtém todas as graças. Mas, a Santíssima Virgem e os Santos, em virtude dos merecimentos de Jesus Cristo, e pela caridade que os une a Deus e a nós, auxiliam-nos com a sua intercessão a alcançar as graças que pedimos.E este é um dos grandes bens da comunhão dos Santos.
369) Podemos honrar também as sagradas imagens de Jesus Cristo e dos Santos?
Sim, porque a honra que se tributa às sagradas imagens de Jesus Cristo e dos Santos, refere-se às suas mesmas pessoas.
370) E as relíquias dos Santos, podem honrar-se?
Sim, também as relíquias dos Santos podem e devem honrar-se porque os seus corpos foram membros vivos de Jesus Cristo e templos do Espírito Santo, e devem ressurgir gloriosos para a vida eterna.
371) Que diferença há entre o culto que prestamos a Deus, e o culto que prestamos aos Santos?
Entre o culto que prestamos a Deus e o culto que prestamos aos Santos há esta diferença: a Deus adoramo-Lo pela sua infinita excelência, ao passo que aos Santos não os adoramos, mas só os honramos e veneramos como amigos de Deus e nossos intercessores junto d'Ele. O culto que prestamos a Deus chama-se latria, isto é, de adoração, e o culto que prestamos aos Santos chama-se dulia, isto é, de veneração aos servos de Deus; enfim o culto especial que prestamos a Maria Santíssima chama-se hiperdulia, isto é, de essencialíssima veneração, como Mãe de Deus.
§ 2o - Do segundo Mandamento da Lei de Deus
“Certo homem, chamado Ananias, de comum acordo com sua mulher Safira, vendeu uma propriedade. Com a cumplicidade da mulher, reteve uma parte do preço e foi depositar o resto aos pés dos apóstolos.
Pedro, porém, disse: “Ananias, por que Satanás se apoderou de teu coração para enganar o Espírito Santo, retendo uma parte do preço do terreno? Por acaso não podias conservá-lo, sem o vender? E depois de vendido, não podias dispor livremente da quantia? Então, por que resolveste fazer isso? Não foi aos homens que mentiste, mas a Deus”. Ao ouvir estas palavras, Ananias caiu morto. Grande medo tomou conta de todos os que souberam disso. Alguns jovens se levantaram, envolveram o corpo num lençol e o retiraram dali para sepultar.Passadas umas três horas, entrou também a mulher, sem saber o que havia acontecido. Pedro perguntou-lhe: “Dize-me: foi por tanto que vendestes o terreno?” Ela respondeu: “Sim, foi por esse preço”.
Então Pedro disse: “Por que combinastes tentar o Espírito do Senhor?Olha, já estão entrando pela porta aqueles que sepultaram o teu marido.Eles vão levar também a ti”. Ela imediatamente caiu aos pés de Pedro e morreu. Quando os jovens entraram, encontraram a mulher morta e a levaram para sepultar ao lado do marido. Grande medo se apoderou de toda a Igreja e de todos que ouviram tais coisas”.Atos 5, 1-11
372) Que nos proíbe o segundo Mandamento: não tomar seu Santo Nome em vão?
O segundo Mandamento: não tomar seu Santo Nome em vão, proíbe-nos:
1º pronunciar o nome de Deus sem respeito;
2º blasfemar contra Deus, contra a Santíssima Virgem ou contra os Santos;
3º fazer juramentos falsos ou não necessários, ou proibidos desta ou daquela maneira.
373) Que quer dizer pronunciar o Nome de Deus sem respeito?
Pronunciar o Nome de Deus sem respeito quer dizer: pronunciar este Santo Nome, e tudo o que se refere em modo especial ao próprio Deus como o Nome de Jesus Cristo, de Maria e dos Santos com ira, por escárnio, ou de outro modo pouco reverente.
374) Que é a blasfêmia?
A blasfêmia é um pecado horrível que consiste em palavras ou atos de desprezo ou maldição contra Deus, contra a Virgem, contra os Santos, ou contra as coisas santas.
375) Há diferença entre a blasfêmia e a imprecação ou praga?
Há diferença, porque com a blasfêmia se amaldiçoa ou se deseja mal a Deus, a Nossa Senhora, aos Santos; ao passo que, com a imprecação ou praga, se amaldiçoa ou se deseja mal a si mesmo ou ao próximo.
376) Que é jurar?
Jurar é tomar a Deus em testemunho da verdade do que se afirma ou se promete.
377) É sempre proibido jurar?
Não é sempre proibido o juramento, mas é lícito e até honroso para Deus, quando há necessidade, e se jura com verdade, discernimento e justiça.
378) Quando não se jura com verdade?
Quando se afirma com juramento o que se sabe ou se julga ser falso, e quando com juramento se promete o que não se tem a intenção de cumprir.
379) Quando não se jura com discernimento?
Quando se jura sem prudência nem madura ponderação, ou por coisas de pequena importância.
380) Quando não se jura com justiça?
Quando se jura fazer uma coisa que não é justa ou permitida, como jurar vingar-se, roubar e outras coisas parecidas.
381) Somos obrigados a cumprir o juramento de fazer coisas injustas ou proibidas?
Não só não somos obrigados, mas pecaríamos fazendo-as, porque são proibidas pela lei de Deus ou da Igreja.
382) Quem jura falso, que pecado comete?
Quem jura falso comete pecado mortal, porque desonra gravemente a Deus, verdade infinita, chamando-O em testemunho do que é falso.
383) Que nos ordena o segundo Mandamento?
O segundo Mandamento ordena-nos que honremos o Santo Nome de Deus, e que cumpramos, além dos juramentos, também os votos.
384) Que é um voto?
Um voto é uma promessa feita a Deus de uma coisa boa, para nós possível, e melhor que a coisa contrária, a que nós nos obrigamos, como se nos fosse preceituada.
385) Se a observância do voto se nos tornasse no todo ou em parte muito difícil, que haveria a fazer?
Podia-se pedir a comutação ou a dispensa ao Bispo próprio, ou ao Sumo Pontífice, conforme a qualidade do voto.
386) É pecado transgredir os votos?
O transgredir os votos é pecado, e por isso não devemos fazer votos sem madura reflexão, e ordinariamente sem o conselho do confessor, ou de outra pessoa prudente, para não nos expormos ao perigo de pecar.
387) Podem fazer-se votos a Nossa Senhora e aos Santos?
Os votos fazem-se só a Deus; pode-se, porém, prometer a Deus fazer alguma coisa em honra de Nossa Senhora ou dos Santos.
§ 3o - Do terceiro Mandamento da Lei de Deus
“No primeiro dia da semana , de manhã muito cedo, as mulheres vieram ao túmulo trazer os perfumes que tinham preparado.
Encontraram a pedra do túmulo removida e, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus. Ficaram sem saber o que fazer. Nisso, dois homens vestidos de roupas brilhantes apareceram diante delas. Como ficassem aterrorizadas e baixassem os olhos para o chão, eles disseram: “Por que procurais entre os mortos quem está vivo? Ele não está aqui mas ressuscitou! Lembrai-vos do que vos falou, quando estava ainda na Galiléia: O Filho do homem deveria ser entregue ao poder de pecadores e ser crucificado mas ressuscitaria ao terceiro dia”. Então elas se lembraram das palavras de Jesus”.Lc 24, 1-8
“No primeiro dia da semana, estávamos reunidos para partir o pão. Paulo, que ia viajar no dia seguinte, conversava com os discípulos e prolongou a conversa até meia-noite. Havia muitas lâmpadas na sala onde estávamos reunidos. Um jovem, chamado Êutico, que estava sentado no parapeito de uma janela, adormeceu profundamente enquanto Paulo continuava a falar. Vencido pelo sono, caiu do terceiro andar, e o levantaram morto. Paulo desceu, debruçou-se sobre ele e, abraçando-o, disse: “Não vos perturbeis.Ele está vivo”. Depois subiu, partiu o pão, comeu e prosseguiu a pregação até ao amanhecer. Então partiu. Quanto ao rapaz, levaram-no vivo, com grande consolo de todos”.Atos 20, 7-12
388) Que nos ordena o terceiro Mandamento: guardar domingos e festas?
O terceiro Mandamento: guardar domingos e festas, ordena-nos que honremos a Deus com obras de culto nos dias de festa.
389) Quais são os dias de festa?
Na Antiga Lei, eram os sábados e outros dias particularmente solenes para o povo judeu; na Lei Nova, são os domingos e outras festividades estabelecidas pela Igreja.
390) Por que na Lei Nova se guarda o domingo e não o sábado?
O domingo, que significa dia do Senhor, substituiu o sábado, porque foi em dia de domingo que Nosso Senhor Jesus Cristo ressuscitou.
391) Que obra de culto nos é preceituada nos dias de festa?
É nos preceituado assistir devotamente ao Santo Sacrifício da Missa.
392) Com que outras obras costuma um bom cristão santificar as festas?
Um bom cristão santifica as festas:
1º assistindo à doutrina cristã, às pregações e aos ofícios divinos;
2º recebendo com freqüência, com as devidas disposições, os Sacramentos da Penitência e da Eucaristia;
3º dando-se à oração e às obras de caridade cristã para com o próximo.
393) Que nos proíbe o terceiro Mandamento?
O terceiro Mandamento proíbe-nos os trabalhos servis, e qualquer obra que nos impeça o culto de Deus.
394) Quais são os trabalhos servis proibidos nos dias santos?
Os trabalhos servis proibidos nos dias santos são os trabalhos chamados manuais, isto é, aqueles trabalhos materiais em que tem parte mais o corpo do que o espírito, como os que ordinariamente são próprios dos servidores, dos operários e dos artífices.
395) Que pecado se comete trabalhando em dia santo?
Trabalhando em dia santo, comete-se pecado mortal; não obstante não há culpa grave se o trabalho dura pouco tempo.
396) Não há nenhum trabalho servil que seja permiti do nos dias santos?
Nos dias santos são permitidos aqueles trabalhos que são necessários à vida, ou ao serviço de Deus, e os que se fazem por uma causa grave, pedindo licença, se for possível, ao próprio pároco.
397) Por que nos dias santos são proibidos os trabalhos servis?
São proibidos nos dias santos os trabalhos servis, a fim de que possamos melhor dedicar-nos ao culto divino e à salvação da nossa alma, e para repousar das nossas fadigas. Por isso não é proibido entregar-se a divertimentos honestos.
398) Que mais devemos evitar de modo especial nos dias santos?
Nos dias santos devemos evitar principalmente o pecado e tudo o que possa induzir-nos a ele, como são os bailes e outras diversões e reuniões perigosas.
CAPÍTULO III
Dos Mandamentos que se referem ao próximo
§ 1o - Do quarto Mandamento da Lei de Deus
“ Honra teu pai e tua mãe, como o Senhor teu Deus te mandou, para que vivas longos anos e sejas feliz na terra que o Senhor teu Deus te dá”.Deut 5, 16
“Meu filho, escuta a advertência de teu pai, e não rejeites o ensino de tua mãe, pois serão diadema para tua cabeça e um colar para teu pescoço”.Prov 1, 8-9
“Pois o Senhor glorifica o pai em seus filhos e consolida a autoridade da mãe sobre a prole. Quem honra o pai, expia os pecados; quem glorifica a mãe, é como se acumulasse tesouros. Quem honra o pai será alegrado pelos filhos e, no dia em que orar, será atendido.
Quem glorifica o pai terá vida longa, e quem obedece ao Senhor proporcionará repouso à sua mãe.
Quem teme o Senhor honrará seu pai e, como a senhores, servirá seus genitores.
Com obras e palavras honra teu pai, para que venha sobre ti a sua bênção.
A bênção do pai consolida a casa dos filhos; a maldição da mãe lhes destrói os alicerces.
Não te glories da desonra de teu pai, pois a desonra do pai não é uma glória para ti.
A glória do homem vem da honra de seu pai, e é uma desonra para os filhos a mãe desprezada.
Filho, ampara teu pai na velhice, e não lhe causes desgosto enquanto vive.
Ainda que perca a razão, sê tolerante e não o desprezes, tu, que estás em teu pleno vigor.
Não será esquecida a compaixão para com teu pai e, em lugar dos pecados, terás os méritos aumentados.
No dia da aflição, o Senhor lembrar-se-á de ti; e teus pecados desaparecerão, como o gelo ao calor do dia.
Quem abandona o pai é como blasfemador; e é maldito do Senhor quem irrita sua mãe.” Eclo 3, 2-13.
“Quem amaldiçoa o pai e a mãe verá sua lâmpada apagar-se nas trevas”. Prov 20, 20
“Maldito, quem desprezar o pai ou a mãe! E todo o povo dirá: Amém! Deut 27, 16
“Quando o viram, ficaram admirados e sua mãe lhe disse:
“Filho, por que agiste assim conosco? Olha, teu pai e eu, aflitos, te procurávamos”. Ele respondeu-lhes : “Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devia estar na casa do meu Pai?” Eles não entenderam o que lhes dizia. Depois desceu com eles e foi para Nazaré, e lhes era submisso. Sua mãe conservava a lembrança de tudo isso no coração. Jesus crescia em sabedoria, idade e graça diante de Deus e das pessoas”. Luc 2, 48-52
399) Que nos ordena o quarto Mandamento: honrar pai e mãe?
O quarto Mandamento: honrar pai e mãe, ordena-nos respeitar o pai e a mãe, obedecer-lhes em tudo o que não é pecado, e auxiliá-los em suas necessidades espirituais e temporais.
400) Que nos proíbe o quarto Mandamento?
O quarto Mandamento proíbe-nos ofender os nossos pais com palavras, obras, ou de qualquer outra maneira.
401) Debaixo do nome de pai e de mãe, que mais pessoas compreende este Mandamento?
Debaixo do nome de pai e de mãe, este Mandamento também compreende todos os legítimos superiores tanto eclesiásticos como seculares, aos quais portanto devemos obedecer e respeitar.
402) De onde vem aos pais a autoridade de mandar nos filhos, e aos filhos a obrigação de lhes obedecer?
A autoridade que os pais têm de mandar nos filhos, e a obrigação que têm os filhos de obedecer, vêm-lhes de Deus que constituiu e ordenou a família, a fim de que nela o homem encontre os primeiros meios necessários para o seu aperfeiçoamento material e espiritual.
403) Têm os pais deveres para com os filhos?
Os pais têm o dever de amar, cuidar e alimentar seus filhos, de prover à sua educação religiosa e civil, de dar-lhes o bom exemplo, de afastá-los das ocasiões de pecado, de corrigi-los nas suas faltas, e de auxiliá-los a abraçar o estado para o qual são chamados por Deus.
404) Deu-nos Deus o modelo da família perfeita?
Deus nos deu o modelo da família perfeita na Sagrada Família, na qual Jesus Cristo viveu sujeito a Maria Santíssima e a São José até aos trinta anos, isto é, até quando começou a desempenhar a missão que o Padre Eterno Lhe confiara, de pregar o Evangelho.
405) Poderiam as famílias, se vivessem isoladamente uma das outras, prover a todas as suas necessidades materiais e morais?
Se as famílias vivessem isoladamente umas das outras, não poderiam prover às suas necessidades, e é necessário o que elas se unam em sociedade civil, a fim de se auxiliarem mutuamente, para o seu aperfeiçoamento e para sua felicidade comum.
406) Que é a sociedade civil?
A sociedade civil é a reunião de muitas famílias, dependentes da autoridade de um chefe, para se auxiliarem reciprocamente a conseguir o mútuo aperfeiçoamento e a felicidade temporal.
407) De onde vem à sociedade civil a autoridade que a governa?
A autoridade que governa a sociedade civil vem de Deus, que a quer constituída para o bem comum.
408) Há obrigação de respeitar a autoridade que governa a sociedade civil e de lhe prestar obediência?
Sim, todos os que pertencem à sociedade civil, têm obrigação de respeitar a autoridade e de lhe obedecer, porque esta autoridade vem de Deus, e porque assim o exige o bem comum.
409) Devem respeitar-se todas as leis que são impostas pela autoridade civil?
Devem respeitar-se todas as leis que a autoridade civil impõe, desde que não sejam contrárias à Lei de Deus, pois esta é a ordem e o exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo.
410) Além do respeito e da obediência às leis impostas pela autoridade, os que formam parte da sociedade civil têm mais alguns deveres?
Os que formam parte da sociedade civil, além da obrigação de respeitar e obedecer às leis, têm o dever de viver em harmonia e de procurar, segundo suas possibilidades, que a sociedade seja virtuosa, pacífica, ordenada e próspera para o proveito comum, com vistas à salvação eterna dos indivíduos.
§ 2º - Do quinto Mandamento da Lei de Deus
“Aconteceu, tempos depois, que Caim apresentou ao Senhor frutos da terra como oferta. Abel, por sua vez, ofereceu os primeiros cordeirinhos e a gordura das ovelhas. E o Senhor olhou para Abel e sua oferta, mas não deu atenção a Caim e sua oferta. Caim se enfureceu e ficou com o rosto abatido. O Senhor disse a Caim: “Por que estás enfurecido e andas com o rosto abatido? Não é verdade que, se fizeres o bem, andarás de cabeça erguida? Mas se não o fizeres, o pecado não estará à porta, espreitando-te, como um assaltante? Tu, porém, terás de dominá-lo”.
Caim disse a Abel, o irmão: “Vamos para o campo!” Mas, quando estavam no campo, Caim agrediu o irmão Abel e o matou.O Senhor perguntou a Caim: “Onde está teu irmão Abel?” E ele respondeu: “Não sei. Acaso sou o guarda de meu irmão?” “O que fizeste? - perguntou ele - Ouço da terra a voz do sangue de teu irmão, clamando por vingança! Agora serás amaldiçoado pela própria terra que engoliu o sangue de teu irmão, derramado por ti.
Quando cultivares o solo, negar-te-á o sustento e virás a ser um fugitivo, errante sobre a terra”. Caim disse ao Senhor : “O castigo é grande demais para suportá-lo. Eis que hoje me expulsas da face deste solo fértil e devo ocultar-me diante de teu rosto. Quando estiver fugindo e vagueando pela terra, quem me encontrar, matar-meá”.
Mas o Senhor lhe disse: “Pois bem. Se alguém matar Caim, será vingado sete vezes”. O Senhor pôs, então, um sinal em Caim para que ninguém, ao encontrá-lo, o matasse. Afastando-se da presença do Senhor, Caim foi habitar na região de Nod, ao oriente de Éden”. Gênesis 4, 3-16
411) Que nos proíbe o quinto Mandamento: não matar?
O quinto Mandamento: não matar, proíbe dar a morte ao próximo, nele bater ou feri-lo, ou causar qualquer outro dano no seu corpo, por nós ou por meio de outrem.Proíbe também ofendê-lo com palavras injuriosas e querer-lhe o mal. Neste Mandamento Deus proíbe ainda ao homem dar, a morte a si mesmo, isto é, o suicídio.
412) Por que é pecado grave matar o próximo?
Porque o que mata usurpa temerariamente o direito que só Deus tem sobre a vida do homem; porque destroi a segurança da sociedade humana, e porque tira ao próximo a vida, que é o maior bem natural que ele tem neste mundo.
413) Haverá casos em que seja lícito matar o próximo?
É lícito tirar a vida do próximo: durante o combate em guerra justa; quando se executa por ordem da autoridade suprema a condenação à morte em castigo de algum crime; e finalmente quando se trata de necessária e legítima defesa da vida, no momento de uma injusta agressão.
414) No quinto Mandamento proíbe também Deus fazer mal à vida espiritual do próximo?
Sim, Deus no quinto Mandamento proíbe também fazer mal à vida espiritual do próximo com o escândalo.
415) Que é o escândalo?
O escândalo é toda palavra, ação ou omissão, que seja ocasião para os outros de cometerem pecados.
416) É pecado grave o escândalo?
O escândalo é um pecado grave, porque tende a destruir a maior obra de Deus, que é a redenção, com a perda das almas: pois que ele dá ao próximo a morte da alma tirando-lhe a vida da graça, que é mais preciosa que a vida do corpo; e porque é causa de uma multidão de pecados. Por isso, Deus ameaça os escandalosos com os mais severos castigos.
417) Por que no quinto Mandamento Deus proíbe ao homem dar a morte a si mesmo, isto é, suicidar-se?
No quinto Mandamento Deus proíbe o suicídio, porque o homem não é senhor da sua vida, como o não é da dos outros. A Igreja, por seu lado, castiga o suicida com a privação da sepultura eclesiástica.
418) É proibido no quinto Mandamento também o duelo?
Sim, o quinto Mandamento proíbe também o duelo, porque o duelo participa da malícia do suicídio e do homicídio, e fica excomungado todo o que voluntariamente nele toma parte, ainda que seja como simples espectador.
419) É também proibido o duelo, quando é excluído o perigo de morte?
Sim, é também proibido este duelo, porque não só não podemos matar, mas nem sequer ferir voluntariamente a nós mesmos ou a outrem.
420) Pode a defesa da honra justificar o duelo?
Não. Porque é falso que no duelo se repare a ofensa, e porque não se pode reparar a honra com uma ação injusta, irracional e bárbara, qual é o duelo.
421) Que nos ordena o quinto Mandamento?
O quinto Mandamento ordena-nos que perdoemos aos nossos inimigos e queiramos bem a todos.
422) Que deve fazer quem danificou o próximo na vida do corpo, ou na da alma?
Quem danificou o próximo, não basta que se confesse, mas deve também reparar o mal que fez, compensando o próximo dos danos que lhe causou, retratando os erros que lhe ensinou, e dando-lhe bom exemplo.
§ 3º - Do 6º e do 9º Mandamentos da Lei de Deus
“José foi levado para o Egito. Putifar, um egípcio, ministro do Faraó e chefe da guarda do palácio, o comprou dos ismaelitas que o tinham levado para lá. Mas o Senhor estava com José e ele se tornou um homem bem sucedido enquanto esteve na casa de seu senhor egípcio. O patrão notou que o Senhor estava com ele e fazia prosperar todas as suas iniciativas. José conquistou as boas graças de seu amo que o pôs a seu serviço, constituindo-o administrador da casa e confiando-lhe todos os bens. E desde o momento em que o fez administrador, o Senhor abençoou em atenção a José a casa do egípcio e derramou sua bênção sobre tudo que possuía em casa e no campo. Ele entregou tudo nas mãos de José e não se preocupava com coisa alguma a não ser com o que comia.
Ora, José tinha um belo porte e era formoso de rosto. Aconteceu, depois, que a mulher de seu amo pôs nele os olhos e lhe disse: “Dorme comigo”. Ele recusou, dizendo à mulher de seu senhor: “Em verdade meu senhor não me pede contas do que há na casa, confiando-me todos os bens. Ele próprio não é mais importante do que eu nesta casa. Nada se reservou senão a ti por seres sua mulher.
Como poderia eu fazer tamanha maldade pecando contra Deus!” E ainda que ela insistisse com José, todos os dias, para dormir com ela ou mesmo estar com ela, ele não atendeu. Um dia José entrou na casa para cumprir as tarefas e nenhum dos empregados estava em casa. A mulher o agarrou pelo manto, dizendo:
“Dorme comigo”. Mas ele largou-lhe nas mãos o manto e fugiu correndo para fora. Vendo que lhe tinha deixado nas mãos o manto e escapado para fora, ela se pôs a gritar e a chamar os empregados, dizendo: “Vede! meu marido trouxe este hebreu para abusar de nós.
Aproximou-se de mim para dormir comigo, mas pus-me a gritar em voz alta. Quando viu que comecei a gritar por socorro, largou o manto junto a mim e fugiu correndo para fora”. A mulher ficou com o manto de José até o marido voltar para casa. Então falou-lhe nos mesmos termos, dizendo: “Esse escravo hebreu que nos trouxeste, veio ter comigo e quis abusar de mim. Quando me ouviu gritar por socorro, largou junto de mim o manto e fugiu para fora”. Ao ouvir o marido o que dizia a mulher, “assim é que me tratou teu escravo”, ficou furioso. Mandou prender José e o meteu no cárcere, onde se guardavam os presos do rei. E José ficou no cárcere.
Mas o Senhor estava com José e concedeu-lhe seu favor, atraindo-lhe a simpatia do chefe do cárcere. Este confiou a seus cuidados todos os que se achavam presos. Era ele que organizava tudo que lá se fazia. O chefe da prisão não se preocupava com coisa alguma que lhe fora confiada, porque o Senhor estava com José e fazia prosperar tudo o que ele fazia.” Gênesis 39, 1-23
423) Que nos proíbe o sexto Mandamento: não pecar contra a castidade?
O sexto Mandamento: não pecar contra a castidade, proíbe qualquer ação, palavra ou olhar contrários à santa pureza, e a infidelidade no matrimônio.
424) Que nos proíbe o nono Mandamento?
O nono Mandamento proíbe expressamente todo o desejo contrário à fidelidade que os cônjuges se juraram ao contrair matrimônio; e proíbe também todo e qualquer pensamento culpável e todo e qualquer desejo de ação proibida pelo sexto Mandamento.
425) É um grande pecado a impureza?
É um pecado gravíssimo e abominável diante de Deus e dos homens; rebaixa o homem à condição dos irracionais, arrasta-o a muitos outros pecados e vícios, e provoca os mais terríveis castigos de Deus nesta vida e na outra.
426) São pecados todos os pensamentos que nos vêm ao espírito contra a pureza?
Os pensamentos que nos vêm ao espírito contra a pureza, por si mesmos não são pecados, mas antes tentações e incentivos ao pecado.
427) Quando são pecados os maus pensamentos?
Os maus pensamentos, ainda que não sejam seguidos de ação, são pecados, quando culpavelmente lhes damos motivo, ou neles consentimos, ou nos expomos ao perigo próximo de neles consentir.
428) Que nos ordenam o sexto e o nono Mandamentos?
O sexto Mandamento ordena-nos que sejamos castos e modestos nas ações, nos olhares, no porte e nas palavras. O nono Mandamento ordena-nos que sejamos castos e puros, ainda mesmo no nosso íntimo, isto é, na alma e no coração.
429) Que devemos fazer para observar o sexto e o nono Mandamentos?
Para bem observarmos o sexto e o nono Mandamentos, devemos invocar freqüenternente e de todo o coração a Deus, ser devotos de Maria Virgem, Mãe da pureza, lembrar-nos de que Deus nos vê, pensar na morte, nos castigos divinos, na Paixão de Jesus Cristo, guardar os nossos sentidos, praticar a mortificação cristã, e freqüentar os sacramentos com as devidas disposiçoes.
43O) Que devemos evitar para nos conservarmos castos?
Para nos conservarmos castos, devemos evitar a ociosidade, os maus companheiros, as más leituras, a intemperança, o olhar para figuras indecentes, os espetáculos licenciosos, os bailes, as conversas e diversões perigosas, bem como todas as demais ocasiões de pecado.
§ 4º - Do sétimo Mandamento da Lei de Deus
“Jesus entrou em Jericó e atravessava a cidade. Havia ali um homem rico, chamado Zaqueu, chefe dos cobradores do imposto.Procurava ver Jesus, mas não conseguia por causa da multidão, pois era muito baixo. Correndo na frente, subiu numa figueira brava para vê-lo, pois tinha de passar por ali. Ao chegar ao lugar, Jesus olhou para cima e disse-lhe: “Zaqueu, desce depressa, pois hoje devo ficar em tua casa”. Ele desceu a toda pressa e o recebeu com alegria. Ao ver isso, todos começaram a resmungar: “Ele foi hospedar-se na casa de um pecador”. Zaqueu entretanto, de pé, disse ao Senhor: “Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e, se em alguma coisa prejudiquei alguém, vou restituir quatro vezes mais”. Disse-lhe Jesus: “Hoje a salvação entrou nesta casa porque também este é um filho de Abraão. Pois o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido”. Lc 19, 1-9
431) Que nos proíbe o sétimo Mandamento: não furtar?
O sétimo Mandamento: não furtar, proíbe tirar ou reter injustamente as coisas alheias, e causar dano ao próximo nos seus bens de qualquer outro modo.
432) Que quer dizer furtar?
Furtar quer dizer: tirar injustamente as coisas alheias contra a vontade do dono, quando ele tem toda a razão e todo o direito de não querer ser privado do que lhe pertence.
433) Por que se proíbe o furtar?
Porque se peca contra a justiça, e se faz injúria ao próximo, tirando e retendo, contra o seu direito e contra a sua vontade, o que lhe pertence.
434) Que são as coisas alheias?
São todas as coisas que pertencem ao próximo, das quais tem a propriedade ou o uso, ou simplesmente as tem em depósito.
435) De quantos modos se tiram injustamente as coisas alheias?
De dois modos: com o furto e com o roubo.
436) Como se comete o furto?
Comete-se o furto tirando ocultamente as coisas alheias.
437) Como se comete o roubo?
Comete-se o roubo tirando com violência ou manifestamente as coisas alheias.
438) Em que casos se podem tirar as coisas alheias, sem cometer pecado?
Quando o dono se não opõe, ou então, quando se opõe injustamente, como aconteceria se alguém estivesse em extrema necessidade, contanto, que tirasse só o que lhe é estritamente necessário para suprir à necessidade urgente e extrema.
439) È só com o furto e com o roubo que se prejudica o próximo nos seus bens?
Prejudica-se também com a fraude, com a usura e com outra qualquer injustiça contra os seus bens.
44O. Como se comete a fraude?
Comete-se a fraude enganando o próximo no comércio com pesos, medidas ou moedas falsas, ou com gêneros deteriorados; falsificando escrituras e documentos; em suma, fazendo falsidades nas compras, nas vendas ou em qualquer outro contrato, e ainda quando se não quer dar o preço justo ou o preço combinado.
441) De que modo se comete a usura?
Comete-se a usura exigindo sem título legítimo um juro ilícito por uma quantia emprestada, abusando da necessidade ou da ignorância do próximo.
442) Que outras injustiças se cometem contra os bens do próximo?
São injustiças fazê-lo perder injustamente o que tem, danificá-lo nas suas propriedades, não trabalhar como se deve, não pagar, por malícia, as dívidas e mercadorias compradas, ferir ou matar os animais do próximo, estragar ou deixar estragar-se o que se tem em depósito, impedir alguém de auferir um lucro justo, auxiliar os ladrões, e receber, esconder ou comprar as coisas roubadas.
443) É pecado grave roubar?
É um pecado grave contra a justiça quando se trata de matéria grave, porque é de suma importância que seja respeitado o direito que cada um tem sobre os próprios bens, e isto para bem dos indivíduos, das famílias e da sociedade.
444) Quando é grave a matéria do furto?
É grave quando se tira coisa importante, e ainda quando, tirando-se coisa de pouca monta, o próximo sofre com isso grave dano.
445) Que nos ordena o sétimo Mandamento?
O sétimo Mandamento ordena-nos que respeitemos as coisas alheias, que paguemos o justo salário aos operários, e que observemos a justiça em tudo o que se refere à propriedade alheia.
446) A quem pecou contra o sétimo Mandamento, basta que se confesse disso?
Quem pecou contra o sétimo Mandamento, não basta que se confesse, mas é necessário que faça o que puder para restituir as coisas alheias e reparar os danos causados ao próximo.
447) Que é a reparação dos danos causados?
A reparação dos danos causados é a compensação que se deve dar ao próximo pelos frutos e lucros perdidos por causa do furto e das outras injustiças cometidas em seu prejuízo.
448) A quem se devem restituir as coisas roubadas?
Àquele a quem se roubaram; aos seus herdeiros, se já tiver morrido; e se isso for verdadeiramente impossível. Deve-se dar o seu valor aos pobres e a obras pias.
449) Que se deve fazer, quando se acha alguma coisa de grande valor?
Deve-se empregar grande diligência para achar o dono, e restituir-lhe fielmente.
§ 5º - Do oitavo Mandamento da Lei de Deus
“Em Babilônia vivia um homem de nome Joaquim. Estava casado com uma senhora chamada Susana filha de Helcias, que era muito bonita e religiosa. Também seus pais eram pessoas justas e tinham educado a filha de acordo com a Lei de Moisés. Joaquim era muito rico e tinha um parque confinante com sua casa; junto dele afluíam os judeus, por ser o mais respeitado de todos.
Ora, naquele ano dois anciãos do povo tinham sido apontados como juízes, a respeito dos quais o Senhor tinha dito: “De Babilônia brotou a iniqüidade, da parte de anciãos-juízes que aparentemente governavam o povo”. Eles freqüentavam a casa de Joaquim, e todos os que tinham alguma questão se dirigiam a eles.
Ora, quando pelo meio-dia o povo se tinha dispersado, Susana ia passear no parque do marido. Os dois anciãos viam-na todos os dias entrar e passear, e acabaram se apaixonando por ela. Fizeram o contrário do que deveriam ter feito, evitando erguer os olhos para o Céu e esquecendo os justos juízos de Deus. Embora ambos se sentissem perdidamente apaixonados por ela, contudo um não traía ao outro o seu sofrimento, porque ainda sentiam vergonha de manifestar o desejo ardente de a possuir. Todos os dias espreitavam avidamente por vê-la.
Certo dia um disse ao outro: “Vamos para casa, é hora de almoço!” Mas quando saíram e se separaram um do outro, deram um giro, acabando por encontrar-se no mesmo ponto... Forçados portanto a se explicar, finalmente confessaram um ao outro sua paixão; então combinaram espreitar uma eventual ocasião de a encontrar a sós.
Ora, enquanto os dois estavam à espreita duma ocasião favorável, certo dia Susana entrou no parque segundo seu costume, acompanhada apenas por duas mocinhas; é que queria tomar banho por causa do calor intenso. Não havia lá ninguém, exceto os dois velhos que estavam escondidos e a espreitavam. Então ela ordenou às mocinhas: “Por favor, ide buscar-me azeite e perfumes e trancai as portas do parque, enquanto tomo banho!” Elas obedeceram, trancando as portas do parque e retirando-se por uma porta lateral, para buscar o que a patroa tinha pedido, sem se darem conta que os velhos estavam lá escondidos.
Apenas as duas mocinhas tinham saído, os dois velhos se levantaram e correram para Susana, dizendo: “Olha, as portas do parque estão trancadas e ninguém nos vê; nós estamos apaixonados por ti: faze-nos a vontade e entrega-te a nós! Caso contrário, nós deporemos contra ti que um moço estava contido e foi por isso que mandaste embora as meninas”. Então Susana deu um suspiro, exclamando: “Vejo-me encurralada de todos os lados. Pois se fizer isto, espera-me a morte, mas se não o fizer, não escaparei das vossas mãos. Contudo prefiro cair inocente em vossas mãos a pecar na presença do Senhor”. Então ela se pôs a gritar em altas vozes, mas também os dois velhos gritaram contra ela.
Um deles correu para as portas do parque e as abriu. Quando a gente da casa ouviu a gritaria no parque, precipitaram-se pela porta dos fundos para ver o que lhe estaria sucedendo. Mas quando os velhos apresentaram a sua versão dos fatos, os empregados fica-gados ficaram muito constrangidos, porque jamais se tinha ouvido falar de qualquer deslize de Susana.
Quando no dia seguinte o povo se reuniu em casa do seu marido Joaquim, os dois anciãos vieram animados pela intenção criminosa de conseguir sua condenação à morte; por isso se dirigiram ao povo reunido: “Mandai comparecer a Susana filha de Helcias, mulher de Joaquim!” Mandaram-na portanto chamar. Ela compareceu em companhia dos pais e filhos e de todos os parentes.
Ora, Susana era mulher de aparência exuberante e de extraordinária beleza. Como ela se apresentasse com o rosto velado, os dois malvados mandaram tirar-lhe o véu, para se embriagarem da sua beleza. Seus familiares e todos os parentes choravam.Os dois velhos se levantaram no meio do povo e puseram as mãos sobre a cabeça de Susana. Mas, entre lágrimas, ela olhou para o céu, pois seu coração tinha confiança no Senhor. Em seguida os anciãos deram este depoimento: “Enquanto estávamos passeando a sós no parque, esta mulher entrou com duas mocinhas e mandou fechar as portas do parque, para depois mandá-las embora. Então um moço, que estava escondido, aproximou-se dela e com ela se deitou.
Quando nós, do canto do parque onde estávamos, vimos esta infâmia, corremos para eles e os surpreendemos juntos. Não conseguimos, é verdade, agarrar o moço, porque era mais forte que nós, e assim abriu as portas e sumiu. A esta mulher, porém, agarramos e lhe perguntamos, quem era aquele moço. Mas ela não o quis revelar.Disto nós damos testemunho”. A assembléia lhes deu crédito como a anciãos do povo e juízes que eram, e a condenou à morte.
Susana, porém, gritou em alta voz e rezou: “Ó Deus eterno que conheces os segredos e sabes tudo antes que aconteça, tu bem sabes que eles proferiram falso testemunho contra mim! Eis que vou morrer, embora não tenha cometido o crime do qual maldosamente me acusam!” E o Senhor escutou a sua voz.
Enquanto Susana estava sendo conduzida para a execução, o Senhor excitou o santo espírito dum jovem de nome Daniel, e ele gritou em altas vozes: “Sou inocente do sangue desta pessoa!” Então todo o povo se voltou para ele e perguntou: “O que queres dizer com isto?” De pé, no meio deles, ele respondeu: “Então sois tão insensatos assim, israelitas? Sem inquérito sério e sem provas concludentes condenastes uma filha de Israel! Voltai ao tribunal, por que estes malvados deram falso testemunho contra ela!”
Então todo o povo voltou apressadamente, e os anciãos convidaram a Daniel, dizendo: “Tem a bondade de tomar lugar em nosso meio e presta-nos o teu depoimento, pois Deus te concedeu o privilégio da idade”. Daniel lhes disse: “Separai-os longe um do outro, para os poder submeter a interrogatório! Quando foram separados um do outro, Daniel chamou a um deles e lhe disse: “Velho encarquilhado e cheio de crimes! Agora vêm à luz os pecados que cometias antes, proferindo sentenças injustas, condenando os inocentes e absolvendo os culpados, quando o Senhor ordena: ‘Ao inocente e ao justo não os matarás!’ Pois bem! Se a viste tão bem, dize me à sombra de qual árvore os viste abraçados?” O outro respondeu:“À sombra duma aroeira”. Daniel respondeu: “Mentiste direto contra tua cabeça, pois o anjo de Deus já recebeu dele ordem de te cortar pelo meio!”
Tendo-o despedido, mandou vir o outro e lhe disse: “Raça de Canaã e não de Judá! A beleza te fascinou e a paixão perverteu teu coração. É assim que procedíeis com as mulheres israelitas, e elas por medo vos faziam a vontade; mas esta mulher judia não suportou vossa iniqüidade. Ora bem! Dize-me debaixo de que árvore os surpreendeste a se entreterem?” Ele respondeu: “Foi debaixo duma azinheira”. Daniel lhe respondeu: “Também tu mentiste diretamente contra tua cabeça! Pois o anjo de Deus já está à espera, com a espada na mão, para te cortar ao meio e dar cabo de vós”.
Toda a assistência pôs-se a gritar em voz alta, dando graças a Deus que salva os que nele esperam. Voltaram-se contra os dois velhos, porque Daniel os tinha convencido por suas próprias palavras que eram falsas testemunhas. Segundo a Lei de Moisés, aplicaram-lhes a pena que maldosamente tinham tramado contra o próximo, e os mandaram matar. Desta maneira, naquele dia foi salva uma vida inocente.
Helcias e sua mulher louvaram a Deus por causa da sua filha e o mesmo fizeram Joaquim, esposo de Susana, e todos os seus familiares; eles louvaram a Deus, porque nela não foi achada qualquer coisa que merecesse reprovação.” Dan 13, 1-62
450) Que nos proíbe o oitavo Mandamento: não levantar falso testemunho?
O oitavo Mandamento: não levantar falso testemunho, proíbe-nos atestar falsidade em juízo; proíbe também a detração ou murmuração, a calúnia, a adulação, o juízo e a suspeita temerários, e toda espécie de mentiras.
451) Que é a detração ou murmuração?
A detração ou murmuração é um pecado que consiste em manifestar, sem justo motivo, os pecados ou defeitos alheios.
452) Que é a calúnia?
A calúnia é um pecado que consiste em atribuir maliciosamente ao próximo culpas e defeitos que não tem.
453) Que é a adulação?
A adulação é um pecado que consiste em enganar uma pessoa, dizendo-lhe falsamente bem dela mesma ou de outra, com o fim de tirar daí algum proveito.
454) Que é o juízo ou suspeita temerária?
O juízo ou suspeita temerária é um pecado que consiste em julgar ou suspeitar mal dos outros, sem justo fundamento.
455) Que é a mentira?
A mentira é um pecado que consiste em afirmar como verdadeiro ou como falso, por meio de palavras ou de ações, o que se julga não ser assim.
456) De quantas espécies é a mentira?
A mentira é de três espécies: jocosa, oficiosa e nociva.
457) Que é a mentira jocosa?
Mentira jocosa é aquela pela qual se mente por gracejo e sem prejuízo para ninguém.
458) Que é a mentira oficiosa?
Mentira oficiosa é a afirmação de uma falsidade para utilidade própria ou alheia, sem prejuízo para ninguém.
459) Que é a mentira nociva?
Mentira nociva é a afirmação de uma falsidade com prejuízo do próximo.
460) É lícito alguma vez mentir?
Nunca é lícito mentir nem por gracejo, nem para proveito próprio ou alheio, porque é coisa má por si mesma.
461) Que pecado é a mentira?
A mentira, quando é jocosa ou oficiosa, é pecado venial; mas, quando é nociva, é pecado mortal, se o prejuízo que causa é grave.
462) É necessário dizer sempre tudo conforme se pensa?
Não. Nem sempre é necessário, especialmente quando quem pergunta não tem o direito de saber o que pergunta.
463) Quem pecou contra o oitavo Mandamento, basta que se confesse?
Quem pecou contra o oitavo Mandamento, não basta que confesse o seu pecado, mas é também obrigado a retratar tudo o que disse caluniando o próximo, e a reparar, do melhor modo que possa, os danos que lhe causou.
464) Que nos ordena o oitavo Mandamento?
O oitavo Mandamento ordena-nos que digamos oportunamente a verdade, e que interpretemos em bom sentido, tanto quanto pudermos, as ações do nosso próximo.
§ 6º - Do décimo Mandamento da Lei de Deus
“Eis o que se passou depois destes acontecimentos: Nabot de Jezrael possuía uma vinha em Jezrael ao lado do palácio de Acab, rei de Samaria. Acab falou com Nabot: “Cede-me a tua vinha para que me sirva de horta, pois ela está bem perto da minha casa, e eu te darei uma vinha melhor, ou se preferires, posso pagar-te o preço em dinheiro”. Mas Nabot respondeu a Acab: “Deus me livre de entregar-te a herança de meus pais!” Acab voltou para casa contrariado e furioso, por causa da resposta que Nabot de Jezrael lhe tinha dado, negando-se a lhe ceder a herança de seus pais. O rei se jogou na cama, virou o rosto e não quis comer.
Sua esposa Jezabel entrou no quarto e lhe perguntou: “Por que estás tão mal-humorado e não queres comer?” Ele lhe respondeu: “É que tive uma conversa com Nabot de Jezrael e lhe fiz a proposta de me ceder a sua vinha por dinheiro, ou se o preferisse, eu lhe daria em troca outra vinha. Mas o homem me respondeu que não me cede a vinha”. Sua esposa Jezabel lhe disse: “Bela figura de rei de Israel estás fazendo! Levanta-te, toma alimento e fica de bom humor! Eu te arranjarei a vinha de Nabot de Jezrael”.Em seguida ela escreveu uma carta em nome de Acab, selou-a com o selo do rei e a enviou aos anciãos e nobres da cidade que moravam com Nabot. Na carta ela escrevia como segue: “Proclamai um jejum e colocai Nabot na primeira fila. Fazei sentaremse em frente dele dois cafajestes que dêem este depoimento: ‘Tu amaldiçoaste a Deus e ao rei!’ Depois conduzi-o para fora e apedrejai-o até morrer”.
Os homens da cidade, anciãos e nobres, seus concidadãos, procederam conforme a ordem recebida de Jezabel, como estava escrito na carta que lhes tinha enviado. Proclamaram um jejum e deram a Nabot o primeiro lugar na assembléia. Chegaram também os dois cafajestes e se sentaram na frente dele. Os dois cafajestes acusaram a Nabot na presença do povo, nestes termos: “Nabot amaldiçoou a Deus e ao rei!” Em seguida o conduziram para fora da cidade e o apedrejaram até morrer. Então avisaram a Jezabel: “Nabot foi apedrejado e morreu”.
Ao saber que Nabot tinha sido apedrejado e estava morto, Jezabel disse a Acab: “Levanta-te e toma posse da vinha que Nabot de Jezrael não te quis vender, pois Nabot não está mais vivo; ele morreu”. Quando Acab soube que Nabot estava morto, levantou-se para descer até a vinha de Nabot de Jezrael e dela tomar posse.As ameaças de Elias. Então a palavra do Senhor foi dirigida ao tesbita Elias nestes termos: “Levanta-te, desce ao encontro de Acab, rei de Israel, que reside em Samaria. Olha, ele está na vinha de Nabot, aonde desceu para dela tomar posse. Fala-lhe neste teor: Assim fala o Senhor: Tu és um assassino e por cima ladrão! E lhe falarás nestes termos: Assim fala o Senhor: No mesmo lugar onde os cães lamberam o sangue de Nabot, lamberão também o teu próprio sangue!”
Acab respondeu a Elias: “Quer dizer que me surpreendeste, meu inimigo?” Ele respondeu: “Sim, surpreendi! Porque te prestaste para praticar o que desagrada ao Senhor, eis que vou trazer para ti desgraças. Vou varrer-te, exterminando em Israel todas as pessoas do sexo masculino da família de Acab, escravos e livres. Tratarei tua família como as famílias de Jeroboão filho de Nabat, e de Baasa filho de Aías, porque me causaste irritação e seduziste Israel ao pecado”.
Também a respeito de Jezabel o Senhor falou assim: “Os cachorros devorarão a Jezabel na propriedade de Jezrael. Os membros da família de Acab que morrerem na cidade, serão devorados pelos cachorros, e os que morrerem na campanha, serão comidos pelas aves do céu”. I Reis 21, 1-23
465) Que nos proíbe o décimo Mandamento: não cobiçar as coisas alheias?
O décimo Mandamento: não cobiçar as coisas alheias, proíbe o desejo de privar o próximo dos seus bens, e o desejo de adquirir bens por meios injustos.
466) Por que Deus proíbe o desejo dos bens alheios?
Deus proíbe-nos o desejo dos bens alheios, porque Ele quer que nós, até interiormente, sejamos justos, e nos conservemos cada vez mais afastados das ações injustas.
467) Que nos ordena o décimo Mandamento?
O décimo Mandamento ordena-nos que nos contentemos com o estado em que Deus nos colocou, e que soframos com paciência a pobreza, quando Deus nos queira neste estado.
468) Como pode o cristão estar contente na pobreza?
O cristão pode estar contente mesmo na pobreza, considerando que o maior de todos os bens é a consciência pura e tranqüila, que a nossa verdadeira pátria é o céu, e que Jesus Cristo se fez pobre por amor de nós, e prometeu um prêmio especial a todos aqueles que suportam com paciência a pobreza.
CAPÍTULO IV
Dos preceitos da Igreja
“Se teu irmão pecar, vai e censura-o pessoalmente. Se ele te ouvir, terás ganho teu irmão. Se não te ouvir, leva contigo uma ou duas pessoas a fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas. Se não as ouvir, vai dizê-lo à igreja. E, se não escutar a igreja, seja para ti como um pagão e pecador público.Eu vos garanto: Tudo que ligardes na terra, será ligado no céu; e tudo que desligardes na terra, será desligado no céu. Digo-vos ainda: Se dois de vós se unirem na terra para pedir qualquer coisa, hão de consegui-lo do meu Pai que está nos céusl Porque onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei ali no meio deles”. Mt 18, 15-20
“ Então os apóstolos e presbíteros, de acordo com toda a Igreja, resolveram escolher alguns homens e enviá-los a Antioquia com Paulo e Barnabé; escolheram Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens influentes entre os irmãos. Por seu intermédio enviaram a seguinte carta:
“Os irmãos, os apóstolos e presbíteros saúdam os irmãos de Antioquia, Síria e Cilícia, convertidos dentre os pagãos. Chegou ao nosso conhecimento que alguns dos nossos vos têm perturbado com palavras, confundindo vossas mentes, sem nenhuma autorização de nossa parte. Por isso resolvemos, de comum acordo, enviar-vos alguns homens escolhidos, em companhia de nossos amados Barnabé e Paulo, que expuseram suas vidas pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Estamos enviando Judas e Silas para vos comunicar de viva voz as mesmas coisas. Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor nenhuma outra exigência além das necessárias: que vos abstenhais das carnes imoladas aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas e da prostituição. Procedereis bem evitando estas coisas. Passai bem”.Atos 15, 22-29
§ 1º - Dos preceitos da Igreja em geral
469) Além dos Mandamentos da Lei de Deus, que mais coisas somos nós obrigados a observar?
Além dos Mandamentos da Lei de Deus, somos obrigados a observar os mandamentos ou preceitos da Igreja.
47O) Somos obrigados a obedecer à Igreja?
Sem dúvida, somos obrigados a obedecer à Igreja, porque o próprio Jesus Cristo no-lo ordena, e porque os preceitos da Igreja facilitam a observância dos Mandamentos de Deus.
471) Quando começa a obrigação de observar os preceitos da Igreja?
A obrigação de observar os preceitos da Igreja começa geralmente com o uso da razão.
472) É pecado transgredir um preceito da Igreja?
Transgredir com advertência um preceito da Igreja em matéria grave é pecado grave.
473) Quem pode dispensar de um preceito da Igreja?
De um preceito da Igreja só pode dispensar o Papa ou quem dele receber as competentes faculdades.
474) Quantos e quais são os preceitos da Igreja?
Os preceitos da Igreja são cinco:
1º Ouvir Missa inteira nos domingos e festas de guarda.
2º Confessar-se ao menos uma vez cada ano.
3º Comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição.
4º Jejuar e abster-se de carne quando manda a Santa Madre Igreja.
5º Pagar dízimos segundo o costume.
§ 2º - Do primeiro preceito da Igreja
475) Que nos manda o primeiro preceito ou mandamento da Igreja: ouvir Missa inteira nos domingos e festas de guarda?
O primeiro preceito da Igreja: ouvir Missa inteira nos domingos e festas de guarda, manda-nos assistir com devoção à Santa Missa nos domingos e nas outras festas de preceito.
476) Qual é a Missa à qual a Igreja deseja que se assista nos domingos e nas outras festas de preceito?
A Missa à qual a Igreja deseja que, sendo possível, se assista nos domingos e nas outras festas de guarda, é a Missa paroquial.
477) Por que recomenda a Igreja aos fiéis que assistam à Missa paroquial?
A Igreja recomenda aos fiéis que assistam à Missa paroquial:
1º a fim de que aqueles que pertencem à mesma paróquia se unam a orar, juntamente com o pároco, que é seu chefe espiritual;
2º a fim de que os paroquianos participem mais do Santo Sacrifício, que é aplicado principalmente por eles;
3º a fim de que ouçam as verdades do Evangelho que os párocos têm obrigação de expor à Santa Missa;
4º a fim de que conheçam as prescrições e avisos que se dão à estação da referida Missa.
478) Que quer dizer domingo?
Domingo quer dizer dia do Senhor, isto é, dia especialmente consagrado ao serviço de Deus.
479) Por que no primeiro mandamento da Igreja se faz menção especial do domingo?
No primeiro mandamento da Igreja faz-se menção especial do domingo, porque é ele o principal dia de festa entre os cristãos, como entre os judeus o principal dia de festa era o sábado, por instituição do próprio Deus.
48O. Que outras festas instituiu a Igreja?
A Igreja instituiu também as festas de Nosso Senhor, da Santíssima Virgem, dos Anjos e dos Santos.
481) Por que instituiu a Igreja outras festas de Nosso Senhor?
A Igreja instituiu outras festas de Nosso Senhor memória dos seus divinos mistérios.
482) Por que foram instituídas as festas da Santíssima Virgem, dos Anjos e dos Santos?
As festas da Santíssima Virgem, dos Anjos e dos Santos foram instituídas:
1º em memória das graças que Deus lhes fez e para as agradecer à bondade divina;
2º a fim de que os honremos, imitemos os seus exemplos e alcancemos o auxílio de suas orações.
§ 3º - Do segundo preceito da Igreja
483) Que nos manda a Igreja com as palavras do segundo preceito: confessar-se ao menos uma vez cada ano?
Com as palavras do segundo preceito: confessar-se ao menos uma vez cada ano, a Igreja obriga todos os cristãos que chegaram ao uso da razão, a receber, uma vez ao menos em cada ano, o Sacramento da Penitência.
484) Qual é o tempo mais próprio para cumprir o preceito da confissão anual?
O tempo mais próprio para cumprir o preceito da confissão anual é a Quaresma, segundo o uso introduzido e aprovado em toda a Igreja.
485) Por que diz a Igreja que nos confessemos ao menos uma vez cada ano?
A Igreja diz ao menos, para dar a conhecer o seu desejo de que nos aproximemos deste Sacramento com mais freqüência.
486) É pois útil confessar-nos com freqüência?
É muito útil confessar-nos com freqüência, sobretudo porque é difícil que se confesse bem e se conserve isento de pecado mortal, quem se confessa raras vezes.
487) Satisfaz-se a este segundo preceito com uma confissão sacrílega?
Quem fizer uma confissão sacrílega, não satisfaz ao segundo preceito da Igreja, porque a intenção da Igreja é que se receba este Sacramento para nossa santificação.
§ 4º - Do terceiro preceito da Igreja
488) Que nos manda a Igreja com as palavras do terceiro preceito: comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição?
Com as palavras do terceiro preceito: comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição, a Igreja obriga todos os cristãos que chegarem à idade do dicernimento a receber todos os anos a Santíssima Eucaristia, durante o tempo pascal; e é bom que seja na própria paróquia.
489) Qual o tempo útil para satisfazer, no Brasil, o preceito da Comunhão Pascal?
No Brasil, o tempo útil para satisfazer o preceito da Comunhão Pascal vai do dia 2 de fevereiro, festa da Purificação de Nossa Senhora e da Apresentação do Menino Jesus no Templo, até o dia 16 de julho, comemoração de Nossa Senhora do Carmo.
49O) Somos obrigados a comungar em alguma outra ocasião, fora do tempo pascal?
Sim, somos obrigados também a comungar em perigo de morte.
491) Por que se diz que devemos comungar ao menos pela Páscoa?
Porque a Igreja deseja vivamente que não somente na Páscoa, mas com muita freqüência, nos aproximemos da Sagrada Comunhão, que é o alimento divino das nossas almas.
492) Satisfaz-se a este preceito com uma Comunhão sacrílega?
Quem fizer uma Comunhão sacrílega não satisfaz ao terceiro preceito da Igreja; porque a intenção da Igreja é que se receba este Sacramento para o fim para que foi instituído, isto é, para nossa santificação.
§ 5º - Do quarto preceito da Igreja
493) Que nos manda o quarto preceito da Igreja com as palavras jejuar e abster-se de carne quando manda a Santa Madre Igreja?
O quarto preceito da Igreja: jejuar e abster-se de carne quando manda a Santa Madre Igreja, manda-nos que jejuemos e nos abstenhamos de carne na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa; e que nos abstenhamos de carne em todas as sextas-feiras do ano. Esta abstinência pode ser comutada por outra obra pia, a juízo do Bispo Diocesano.
494) Em que consiste o jejum?
O jejum consiste em tomar uma só refeição, durante o dia, e em não comer coisas proibidas.
495) Nos dias de jejum, além da única refeição, é proibido tomar qualquer outro alimento?
Nos dias de jejum, a Igreja permite uma pequena parva pela manhã, e uma ligeira refeição à noite, ou, então, cerca do meio-dia, quando se deixa para a tarde a refeição maior.
496) Para que serve o jejum?
O jejum serve para nos dispor melhor para a oração, para fazer penitência dos pecados cometidos, e para nos preservar de cometer outros novos.
497) Quem é obrigado a jejuar?
São obrigados a jejuar todos os cristãos, desde os vinte e um anos completos até aos sessenta começados, se não estão dispensados ou escusados por legitimo impedimento.A abstinência começa a obrigar aos catorze anos.
498) Estão também dispensados de toda a mortificação os que não estão obrigados a jejuar?
Os que não estão obrigados a jejuar, nem por isso estão dispensados de toda a mortificação, porque todos temos obrigação de fazer penitência.
499) Para que fim foi instituída a Quaresma?
A Quaresma foi instituída a fim de imitarmos, de algum modo, o rigoroso jejum de quarenta dias que Jesus Cristo observou no deserto, e a fim de nos prepararmos, por meio da penitência, para celebrar santamente a festa da Páscoa.
500) Qual o fim do jejum do Advento?
O jejum do Advento foi instituído para nos dispor a celebrar santamente a festa do Natal.
501) Para que foi instituído o jejum das Quatro Têmporas?
O jejum das Quatro Têmporas foi instituído para consagrar cada uma das quatro estações do ano com a penitência de alguns dias; para pedir a Deus a conservação dos frutos da terra; para Lhe dar graças pelos frutos já concedidos, e para Lhe pedir que dê à sua Igreja santos ministros, que são ordenados nos sábados das Quatro Têmporas.
502) Para que foi instituído o jejum das vigílias?
O jejum das vigílias foi instituído a fim de nos prepararmos para celebrar santamente as festas principais.
503) Que nos proíbe a Santa Igreja nos dias de jejum e abstinência?
Quando a pessoa não está legitimamente dispensada, deve no dia de jejum e abstinência tomar uma só refeição plena, podendo fazer duas outras pequenas, uma pela manhã e outra à tarde, que evite grave dano, como, por exemplo, uma forte dor de cabeça. Nos dias de abstinência, proíbe o uso da carne e do caldo de carne.
504) Por que a Igreja quer que nos abstenhamos de comer carne nas sextas-feiras?
A fim de que façamos penitência todas as semanas, e sobretudo nas sextas-feiras, em honra da Paixão de Jesus Cristo.
§ 6º - Do quinto preceito da Igreja
505) Como se observa o quinto preceito da Igreja: pagar dízimos segundo o costume?
Observa-se o quinto preceito: pagar dízimos segundo o costume, pagando aquelas ofertas ou contribuições, que foram estabelecidas, para reconhecer o supremo domínio que Deus tem sobre todas as coisas, e para sustentar os ministros do altar.
CAPÍTULO V
Dos deveres particulares do próprio estado e dos conselhos evangélicos
§ 1º - Dos deveres do próprio estado
506) Que vêm a ser os deveres do próprio estado?
Por deveres do próprio estado entendem-se aquelas obrigações particulares que cada um tem por causa do seu estado, da sua condição e da situação em que se acha.
507) Quem impôs aos diversos estados os seus deveres particulares?
Foi o mesmo Deus que impôs aos diversos estados os deveres particulares, porque estes derivam dos seus divinos Mandamentos.
508) Explicai-me com algum exemplo como os deveres particulares derivam dos Dez Mandamentos.
No quarto Mandamento, sob o nome de pai e mãe, entendem-se também todos os nossos superiores; assim deste Mandamento derivam todos os deveres de obediência, de amor e de respeito dos inferiores para com os seus superiores e todos os deveres de vigilância que têm os superiores sobre os seus inferiores.
509) De que Mandamentos derivam os deveres dos operários, dos comerciantes, dos administradores de bens alheios e outros semelhantes?
Os deveres de fidelidade, de sinceridade, de justiça, de eqüidade, que eles têm, derivam do sétimo, do oitavo e do décimo Mandamento, que proíbem toda a fraude, injustiça, negligência e duplicidade.
510) De que Mandamento derivam os deveres das pessoas consagradas a Deus?
Os deveres das pessoas consagradas a Deus derivam do segundo Mandamento, que manda cumprir os votos e as promessas feitas a Deus; uma vez que essas pessoas se obrigaram desta forma à observância de todos ou de alguns conselhos evangélicos.
§ 2º - Dos conselhos evangélicos
511) Que são os conselhos evangélicos?
Os conselhos evangélicos são alguns meios sugeridos por Jesus Cristo no santo Evangelho, para chegar à perfeição cristã.
512) Quais são os conselhos evangélicos?
Os conselhos evangélicos são: pobreza voluntária, castidade perpétua e obediência inteira, em tudo o que não seja pecado.
513) Para que servem os conselhos evangélicos?
Os conselhos evangélicos servem para facilitar a observância dos Mandamentos e para assegurar melhor a salvação eterna.
514) Por que os conselhos evangélicos facilitam a observância dos Mandamentos?
Os conselhos evangélicos facilitam a observância dos Mandamentos, porque nos ajudam a desapegar o coração do amor dos bens terrenos, dos prazeres e das honras, e assim nos afastam do pecado.
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