segunda-feira, 1 de março de 1999

O Batismo


CAPÍTULO XXI
O BATISMO

A 17ª objeção é fenomenal e contradiz a própria doutrina e o próprio uso protestantes. Desta vez, o protestante protesta contra si mesmo, contra Lutero e contra inúmeras seitas protestantes.
Protesta porque a Igreja Católica afirma que o pecado original existe, e que é remitido pelo batismo.
Basta esta afirmação para o nosso amigo protestante exigir: um texto que prove que o batismo lava o pecado original, nos faz cristãos, filhos de Deus, herdeiros do reino de Deus.
Vamos, de novo, satisfazer as exigências do nosso amigo crente.

I. Sacramento e lei
O batismo é um sacramento do Novo Testamento, instituído por Jesus Cristo, para apagar o pecado original.
Jesus disse: se alguém não for regenerado pela água e o Espírito Santo, não poderá entrar no reino de Deus (Jo 3,5).
Esta regeneração é o batismo. Conforme as palavras do salvador, a salvação é impossível sem o batismo.
Além de o batismo ser absolutamente necessário, há também uma lei que obriga a recebê-lo. As próprias palavras da promulgação o afirmam: ide, ensinai a todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28, 19).
Até aqui o amigo protestante deve estar de acordo conosco. Tiremos disso uma conclusão lógica: Jesus Cristo nada fez de útil, tudo o que fez e disse tem uma razão de ser.
Se, pois, ele exige tão rigorosamente a recepção do batismo, é porque o batismo para qualquer coisa, produz um efeito que só ele pode produzir. E qual é este efeito?

II. Efeitos do batismo
É a Sagrada Escrita que no-los vai indicar claramente: aquele que crer e for batizado será salvo, diz o próprio Jesus Cristo (Mc 16, 16).
Eis já o que é claro e positivo: a fé e o batismo são as chaves da nossa salvação.
Ora, para ter precisão de salvação, é preciso estar perdido; são dois termos correlativos: um supõe o outro. O homem estava, pois, perdido. Como? Pelo pecado original transmitido por Adão e Eva a todos os seus descendentes.
Isto é provado claramente pelo testemunho do apóstolo: por um homem só entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte; assim também a morte passou a todos os homens, por isso todos pecam num só (Rom 5, 12).
Eis o que é bem claro. Antes do apóstolo, o santo rei David já tinha dito a mesma verdade: fui gerado na iniqüidade, e minha mãe concebeu-me no pecado (Sl 50, 7).
Eis, pois, duas verdades bem provadas: o pecado original foi cometido pelos nossos primeiros pais. Este pecado é transmitido a todas as gerações humanas, sendo assim um pecado universal.
Procuremos agora um remédio para esta mal universal. É S. Pedro quem no-lo ensina: fazei penitência e cada de um de vós se faça batizar em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos seus pecados (At 2, 38). O batismo é pois um meio de remir os pecados.
E quais são estes pecados? O batismo pode ser recebido em qualquer idade. A criança, não sabendo distinguir entre o bem e o mal, é incapaz de cometer pecado. Deve pois existir qualquer pecado que não seja cometido pessoalmente por nós, mas é transmitido pela geração. Tal pecado é o pecado original.
S. Paulo dissipa as últimas dúvidas e, num rasgo sublime, projeta sobre o batismo uma luz toda divina.
Escute estas passagens, caro protestante: que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como vivemos ainda nele? Ou não sabes que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? De modo que estamos sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com ele, na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição (Rom 6, 1-6).
Que sublime página de teologia sobre os efeitos do batismo! Se os amigos protestantes soubessem compreender um pouco a Bíblia, ficariam envergonhados das ineptas objeções que levantam.
S. Paulo dá a resposta completa à objeção protestante e prova a exposição católica que afirma que o batismo:

a) Lava do pecado original;
b) Faz-nos filhos de Deus;
c) E herdeiros do céu.

Somos batizados na morte de Jesus Cristo, diz S. Paulo. Ora, esta morte é a destruição do pecado. Não havendo pecado em nós, tornamo-nos filhos de Deus, ressuscitados da morte do pecado, como Cristo ressuscitou da morte do túmulo.
Semelhantes a Cristo pelo batismo, ressuscitados como ele, tornamo-nos participantes da glória do céu.
Somos herdeiros de Deus e co-herdeiros de Jesus Cristo, diz S. Paulo (Rom 8, 17). Ora, esta herança é graça na terra e a glória no céu.
Justificados pela graça, diz o Apóstolo, seremos herdeiros segundo a herança da vida eterna (Tito, 3, 7).

I.                   Conclusão

Concluamos, mostrando aos pobres protestantes como eles são ilógicos, e como estão em contradição com a Bíblia e com os seus próprios costumes.
Os protestantes administram o batismo para os seus próprios adeptos e, entretanto, não acreditam no próprio batismo. Fazem objeção contra o batismo e o conservam como obrigatório, para ser cristão, e até para ser protestante. De outro lado, sendo conseqüentes, não deveriam admitir o batismo. É um princípio por eles admitido que ninguém pode ser justificado sem um ato de fé em Jesus Cristo. Ora, as crianças não são capazes de fazer este ato. Logo, o batismo das crianças é inútil.
Outro argumento contra eles: é também um princípio protestante que nada se deve fazer que não seja autorizado por um exemplo tirado da Bíblia. Ora, não há nela nenhum exemplo de batismo de criança. Logo, os protestantes deveriam rejeitar o batismo de crianças, como contrário à Bíblia.
Até a escritura pode ser interpretada como favorável ao batismo de pessoas adultas, antes que das crianças. Aquele que crer e for batizado será salvo (Mc 16, 16).
A Igreja Católica manda batizar as crianças, não por indicação da Bíblia, mas pela interpretação do texto sagrado, pela tradição constante dos séculos, desde os apóstolos até hoje.
Eis umas citações antiguíssimas a esse respeito:
Dionísio Aeropagita, do século II, diz: “É uma tradição que nos vem dos apóstolos, que as crianças devem ser batizadas” (Eccl. hier, cult.).
S. Irineu, também do século II, diz: “todos aqueles que são regenerados em Jesus Cristo, isto é, crianças, jovens, velhos, serão salvos” (Sup. S. Luc.).
Orígenes repete a mesma verdade. É na Igreja uma tradição, provinda dos apóstolos, dar o batismo às crianças (Leb. 5, c. 6).
S. Cipriano, ainda no mesmo século, escreve: “parece-me bom e a todo o concílio que as crianças sejam batizadas, mesmo antes dos oito dias” (Lev. 3, ep. ad Fidum).
Eis testemunhos autênticos dos primeiros séculos, atestando sempre ter sido uso na Igreja batizar as crianças.
Eis como cai a objeção protestante e vira contra eles, mostrando como estão em contradição consigo mesmos: fazendo o que não acreditam e acreditando no que não fazem. No primeiro caso, não deviam batizar crianças como o fazem. No segundo, não podiam atacar o batismo, nem pedir textos para provar que o batismo apaga o pecado original e nos faz filhos de Deus.
É a eterna mania de protestar... Até contra eles mesmos!

II.                O batismo dos sinos

A 19ª nona objeção pede um texto que prove o batismo dos sinos. Tal objeção não merece resposta, mas demonstra a supina ignorância dos biblistas, que pegam uma palavra e interpretam-na, não como é entendida pelos adversários, mas como eles mesmos a entendem.
Batizar um sino é apenas uma expressão popular, que significa: benzer um sino, isto é, consagrá-lo ao serviço de Deus.
Tal prática é completamente bíblica. Vemos na Bíblia que tudo quanto se dedica ao serviço religioso deve ser separado dos objetos profanos e reservado ao uso santo, a que é destinado. Os capítulos 25, 26, 27, 28, 29, 30 e 31 do Êxodo são a enumeração de todos os objetos que Deus manda fazer e reservar para o seu serviço.
E não somente Deus manda separar estes objetos, mas exige que sejam consagrados, bentos ou ungidos, de uma unção especial.
Ele manda fazer o azeite da santa unção, e diz: e com ele ungirás a tenda da consagração e a arca do testemunho, e a mesa com todos os seus vasos, e o altar do incenso, e o altar do holocausto com todos os seus vasos, e a pia com a sua base. Assim santificarás estas coisas, para que sejam santíssimas; tudo o que tocar nelas será santo (Êx 30, 26-30).
Eis, meu caro protestante, a origem da bênção ou a unção dos sinos e de todos os objetos de culto.
O sino não figura nesta enumeração, porque não existia naquele tempo; a trombeta era o instrumento para chamar os fiéis à casa de Deus.
A Igreja Católica, fiel e conservadora das prescrições divinas, conserva o mesmo costume, e benze, unge ou consagra todos os objetos que são destinados ao culto divino.
Isto é ou não é bíblico?... E o contrário, como fazem os protestantes, é ou não é completamente anti-bíblico?...
Basta ter olhos para ver... E querer ver!...

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