segunda-feira, 1 de março de 1999

O Papa, sucessor de São Pedro


CAPÍTULO XIII

O PAPA, SUCESSOR DE S. PEDRO

                A sexta objeção de tal crente é a de provar que o papa é vigário de Cristo e sucessor de S. Pedro. Nada mais fácil. Não somente um texto, caro crente, mas muitos textos posso citar-lhe em abono desta verdade.
                Vou provar-lhe claramente, pela história, pelo bom-senso e pela Sagrada Escritura, que o papa é o sucessor legítimo e verdadeiro de S. Pedro e, como tal, depositário de toda primazia, autoridade e poder do mesmo S. Pedro.
                E depois de ler estas provas, se o amigo tiver sinceridade e bom-senso, será obrigado a reconhecer a verdade provada.

I. Transmissão do poder

                O amigo quer um texto que prove que o papa é sucessor de S. Pedro; eu lhe peço um único texto que prove que ele não o seja. Esta verdade foi sempre aceita por todos, de modo que, para combatê-la em brecha, precisam provar com um texto, como pelo bom-senso, que estamos errados.
                Ora, protestante só nega, nada afirma nem prova! Só quer que nós provemos. Pois bem! Provaremos, porque a verdade tem provas, enquanto o erro só ataques e negações.
                Tome, pois, a sua Bíblia, pois é baseado sobre ela que vou mostrar-lhe a verdade da tese católica e o erro da negação protestante.
                Abramos o evangelho, para aí verificar as palavras divinas da investidura perpétua dos apóstolos, para serem os enviados do Cristo (Mt 28, 18-20). É-me dado todo o poder no céu e na terra; ide pois e ensinai a todos os povos e eis que estou convosco todos os dias até à consumação do mundo.
Que quer dizer isto, caro crente?
Cristo tem todo o poder, é a primeira parte.
Cristo transmite este poder, é a segunda parte.
Aos sucessores dos apóstolos, é a terceira parte. É este terceiro ponto que os protestantes não sabem compreender, apesar da lógica insofismável.
Eu pergunto agora: Cristo transmitiu este poder unicamente aos apóstolos presentes? Não pode ser, pois os apóstolos deviam morrer um dia, como todos os homens morrem, ele diz: estarei convosco até à consumação do mundo. Devia dizer: estarei convosco até ao fim de vossa vida.
Ora, nada disso, promete estar com os apóstolos até ao fim do mundo. Que quer dizer isso? É simples. Cristo não se dirige aos  apóstolos, como pessoas físicas, mas sim como um corpo moral, que deve perpetuar-se nos seus sucessores, e hão de durar até ao fim dos tempos. Que esplendor de evidência!
Estarei convosco, e com vossos sucessores, até ao fim do mundo (Mt 28,20). Este texto não pode ter outro sentido sem cair na mais flagrante contradição. Eis o que prova claramente que o bispo de Roma, que é o papa, é o sucessor de S. Pedro.
Vamos à segunda parte, mostrando que S. Pedro e seus sucessores são vigários de Jesus Cristo. Abra de novo a sua bíblia, amigo crente (Mt 16,18). Cristo pergunta aos apóstolos: E vós que dizeis que eu sou? (Mt, 16,15). Pedro, como chefe dos apóstolos, responde em nome de todos: Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo (Mt 16,16).
Jesus proclama Pedro bem-aventurado por ter sido escolhido pelo Padre eterno, a aquém ele mesmo revela esta grande verdade (Mt 16,17) e como para confirmar aquele que acabava de ser escolhido pelo Padre Eterno, Jesus diz a Pedro: Eu te digo: tu és Pedro (em aramaico pedra) e sobre esta pedra eu edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno (que são os erros e as paixões) nunca prevalecerão contra ela (Mt 16,18).
Como isto é claro e positivo! Jesus Cristo muda o nome de Simão, em pedra(aramaico: Kephas, significa pedra e Pedro, numa única palavra, como em francês Pierre é o nome de uma pessoa e o nome do minério pedra).
Deus faz diversas vezes tais mudanças, para que o nome exprimisse o papel especial que deve representar a pessoa. Assim mudou o nome de Abrão em Abraão (Gn 17,5), para exprimir que devia ser o pai de muitos povos.
Mudou ainda o nome de Jacob em Israel (Gn 32,28) para significar a força contra Deus. Assim Jesus Cristo mudou o nome de Simão em Pedro, para significar que deve ser a pedra, sobre a qual estará fundada a Igreja, sendo o seu construtor o próprio Cristo.
E esta Igreja nunca poderá ser vencida nem corrompida pelo erro. Como isso pulveriza o protestantismo, que pretende que a Igreja de Pedro errou, viciou-se e foi reformada por Lutero! Neste caso, falhou a palavra de Cristo! Cristo mentiu! ... e as portas do inferno prevaleceram contra a Igreja fundada sobre Pedro, feito pedra. Pobre crente, reflete um instante.
II. Tu es Petrus

Este texto é capital e de uma significação transcendente. Sobre a sua clareza meridiana, não levantaram a menor sombra de dúvida quinze séculos de cristianismo.
                A interpretação pessoal protestante envolveu este texto numa névoa tão densa de sofismas, que eles julgam ter abatido este farol luminosos, que entretanto continua e continuará sempre a iluminar este mundo.
                O texto, de fato, é tão claro, que todos os sofismas tem de abater-se diante de seu fulgor. Ele não precisa de explicação ou de comentário, basta-lhe a própria luz e a serenidade do leitor.
                Tu es Petrus... Qual é a interpretação literal destas palavras? Qual o seu valor demonstrativo?
                Pelo seu sentido literal, imediato, S. Pedro é constituído pedra fundamental da Igreja.
                Para iludir as momentosas consequências deste sentido óbvio e espontâneo, os pastores protestantes costumam distinguir entre Pedro e pedra. Eis como eles raciocinam:
                O Pedro do primeiro membro: tu es Petrus, é o apóstolo.
                A Pedra do segundo: super hanc petram, é Cristo. Sobre esta pedra (não sobre S. Pedro) foi edificada a Igreja.
                Tal distinção é injustificada, ridícula, contrária às regras comezinhas da hermenêutica.
                Quem, livre de preconceitos, lê o passo de S. Mateus, fica logo persuadido que em todo ele Cristo se dirige a Pedro.
                Et ego dico tibi, quia tu es Petrus,et super hanc petram aedificabo Ecclesiam meam (Mt 16, 18). E eu te digo, tu es Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; e eu te darei as chaves do reino dos céus: e tudo o que desatares sobre a terra, será desatado também nos céus.
                Em toda essa passagem é claro que o Salvador se dirige exclusivamente a Pedro; sem o mínimo desvio nas palavras, nem no sentido.
                Eu te digo... tu és Pedro... Sobre esta pedra edificarei... Eu te darei... O que desatares...
                S. Pedro é a pessoa a quem tudo é dirigido... é ele o centro de todo este texto.
                Todos os membros do texto se articulam, seguem-se num todo, cuja continuidade não é possível interromper sem lhe quebrar as harmonias divinas.
                Admitindo-se a interpretação protestante cai-se necessariamente no mais ridículo disparate. Eles dizem que o sentido é o seguinte:
                Eu te digo: Tu és Pedro, e eu edificarei a minha Igreja sobre mim... e eu te darei as chaves do reino dos céus, e tudo o que desatares... Poderá haver mais desconjuntada incoerência de sentido?  Mais desalinho de construção?
                É impossível imaginar no espírito divino Mestre tanta versatilidade de idéias e tão incoerente falar.
                Que coisa ridícula seria admitir que o Salvador nem soubesse exprimir uma verdade tão fundamental, como é a da supremacia do chefe da Igreja.
                Tu és Pedro, diz o Mestre, e os protestantes dizem que não, que a pedra é Cristo.
                É como se Jesus Cristo dissesse: Simão, tu és pedra, mas não edificarei sobre ti a minha Igreja, porque não é pedra, senão sobre mim.
                Uma tal linguagem não seria indigna de lábios divinos!?... Não, não... tudo isso é grotesco... Não há necessidade de tantos rodeios, de tanta explicação: Tu és pedra.
                Tal pedra é Pedro, e é sobre Pedro que Cristo edificou sua Igreja.
III. Vigário de Cristo
                Concluamos com uma citação do Pe. Leonel Franca: a Igreja e a Reforma, que aconselho ao crente de ler e de estudar.
                O Evangelho nos diz que Pedro é o fundamento sobre o qual Jesus construiu a sua Igreja, sociedade visível que há de durar até ao fim dos tempos e contra a qual não hão de prevalecer as portas do inferno. De um lado afirma a perenidade da Igreja; de outro constitui a Pedro sua pedra fundamental. Ora a perpetuidade de um edifício é essencialmente condicionada pela estabilidade de seus alicerces. Repudiando esta pedra fundamental, que é a sua autoridade de governo, a Igreja apartar-se-ia das intenções de Cristo, destruiria a própria organização constitucional que lhe impôs a vontade de seu divino Fundador.
                No dia em que viesse a falta o principado hierárquico de Simão, a pedra escolhida pelo Salvador, as portas do inferno teriam prevalecido. Sem base, o edifício cairia em inevitável ruína.
                Esse dia não despontará nunca! Há 20 séculos que todos os poderes da terra, coligados, arremetem-se contra essa rocha firmada pela mão de Deus. há 20 séculos que a dinastia dos sucessores de Pedro continua na história, como um milagre vivo, sem exemplo na ordem moral.
                Digitus Dei est hic! É o selo da divindade. Reflita sobre isso, caro crente, e em vez de atacar, incline-se reverente diante deste milagre permanente, de Pedro sobrevivendo em seus sucessores até ao fim do mundo (Mt 28,20), diante do papa, sucessor de S. Pedro e vigário de Cristo, como o foi o próprio Pedro.

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