terça-feira, 12 de abril de 2016

Pio X - Sobre o ensino do catecismo - Parte III


DOCUMENTOS PONTIFÍCIOS 

PIO X - Sobre o ensino do Catecismo 
( Acerbo Nimis.)





CARTA ENCÍCLICA


(Continuação)


O primeiro ministério.

6. Posto que da ignorância da religião procedem tantos e tão graves danos, e, de outro lado, são tão grandes a necessidade e a utilidade da doutrina religiosa, desde que, desconhecendo-a, em vão se esperaria que alguém cumprisse as obrigações de cristão, convém saber agora a quem compete preservar as almas desta perniciosa ignorância e instruí-las em tão indispensável ciência. O que, Veneráveis Irmãos, não oferece dificuldade alguma, porque essa transcendente missão recai sobre os pastores das almas. Estes, efetivamente, acham-se obrigados por preceito do próprio Cristo a conhecer e apascentar as ovelhas que lhe foram confiadas. Apascentar é, antes do mais, doutrinar. “Eu vos darei pastores segundo meu coração, que vos apascentarão com a ciência e com a doutrina” (Jer 3,15).

  Assim falava Jeremias, inspirado por Deus; pelo que dizia o Apóstolo São Paulo: “Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar” (1 Cor 1,17) advertindo assim que o principal ministério de quantos exercem, em certo sentido, o governo da Igreja, consiste em ensinar aos fiéis a ciência sagrada.

7. Inútil se nos afigura aduzir novas provas da excelência deste ministério e da estima que merece de Deus. Certo é que Deus exalta grandemente a piedade que nos move a procurar o alívio das humanas misérias; mas, quem negará que muito acima dela devem ser colocados o zelo e o trabalho mediante os quais o entendimento recebe o ensino e os conselhos referentes, não às necessidades terrenas, mas aos bens celestiais? Nada pode ser mais grato a Jesus Cristo, Salvador das almas, que pelo Profeta Isaías disse de si mesmo: “Fui enviado para evangelizar os pobres” (Lc 4,18).
Importa muito, Veneráveis Irmãos, insistir para que todos os sacerdotes compreendam bem que ninguém tem maior obrigação e dever mais imperioso. Porque, quem negará que no sacerdote hão de unir-se a ciência e a santidade de vida? “Nos lábios do sacerdote deve estar o depósito da ciência” (Mal 2,7). E, com efeito, a Igreja o exige rigorosamente de quantos aspiram ingressar no sacerdócio. E por que isto? Porque o povo cristão espera receber do sacerdote ensinamento da divina lei e porque Deus o destina para propagá-la. “De sua boca se há de aprender a lei, pois que ele é o anjo do Senhor dos exércitos” (Mal 2,7). Por isso, nas Ordens sacras, o Bispo diz, dirigindo-se aos que vão ser elevados ao sacerdócio: “Que vossa doutrina seja remédio espiritual para o povo de Deus, e os cooperadores de nossa Ordem sejam prudentes, para que, mediando dia e noite acerca da lei, creiam no que leram e ensinem aquilo em que acreditam” (Pontif. Romano).

  Se não há sacerdote algum a quem não correspondam estas obrigações, quais não serão as daqueles que pelo nome e autoridade que ostentam e por sua mesma dignidade tem a seu cargo e como que por compromisso a cura das almas? Estes devem ser colocados de algum moda nas fileiras dos pastores e doutores que Jesus Cristo deu aos fiéis “para que não sejam como meninos flutuantes, e levados, ao sabor de todo vento de doutrina, pela malignidade dos homens, pela astúcia dos que induzem ao erro, mas, praticando a verdade na caridade, cresçamos em todas as coisas naquele que é a Cabeça, o Cristo” (Ef 4,14 -15).           


Extraído de: DOCUMENTOS PONTIFÍCIOS - 15. - PIO X Sobre o Ensino do Catecismo (Acerbo Nimis.) - 1946

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