quinta-feira, 6 de junho de 2013

Citações de Mons. Lefebvre (3° parte) Trechos do sermão de 30 de março de 1986 sobre Assis.

Citações de Mons. Lefebvre  (3° parte)

Tradução: Rafael Horta
Capela Cristo Rei - Ipatinga

Trechos do sermão feito em Ecône em 30 de março de 1986, sobre Assis. Mons. Lefebvre considerou nessa época sobre se o Papa não seria Papa. Avec l’Immaculée aproveita para lembrar nossa posição sobre o sedevacantismo (cf. nota 1): a este respeito seguimos Mons. Tissier de Mallerais, em sua carta de 28 de fevereiro de 2009 ao padre Schoonbroodt. Publicamos igualmente um trecho desta carta na nota 2.

(...) Nós todos sabemos, caríssimos irmãos, caríssimos amigos, todos nós sabemos que estamos atualmente diante uma situação na Igreja que é bem mais que inquietante. Não é de agora que o problema existe. O problema existe desde o concílio particularmente e desde a aplicação das reformas do concílio. Ora, nós assistimos a uma espécie de escalada do ecumenismo praticado pelo Papa e pelos bispos.

Isto não é um mistério: é visto e sabido por todo mundo; é apresentado na televisão, por todos os meios de comunicação social. Todo mundo está bem consciente deste ecumenismo praticado hoje pelas autoridades da Igreja.

Então este ecumenismo nos coloca, estou certo disso, caros fiéis, caros amigos, um grave problema de consciência. Para nós, queremos e estamos decididos, e não penso que não tenhamos a intenção de mudar: queremos continuar católicos. E o catolicismo para nós significa: guardar a fé, os sacramentos, o Santo Sacrifício da Missa, o catecismo que a Igreja ensinou, legou, como herança preciosa durante dezenove séculos às gerações e gerações de católicos.


Nós mesmos recebemos em nossa infância, em nossa juventude, em nossa adolescência, em nossa idade madura, esta preciosa herança e nós a ela nos apegamos como a menina dos olhos, pensando que esta fé que nos foi legada e todos os meios de guardar a fé que nos foi legada, de conservar a graça em nós, são um meio necessário, absolutamente indispensável para salvar nossas almas, para ir ao Céu. Não é por outro motivo que queremos permanecer católicos: para salvar nossas almas.

Então, quando tive a ocasião de vos dizer na última quinta-feira, meus caros amigos, que temos a impressão de nos afastar sempre mais daqueles que praticam este ecumenismo insensato, contrário à fé católica – eu deveria dizer antes que, permanecendo católicos e decididos a permanecer católicos até o fim de nossos dias – são eles que vemos se afastar de nós, porque permanecemos católicos e que eles se afastam sempre um pouco mais da profissão desta fé católica que é o primeiro preceito de quem é batizado, professar a fé.

Não é por nada nem para nada que nossos padrinhos e madrinhas pronunciaram o Credo no dia de nosso batismo – e nós mesmos em seguida – pela confirmação que recebemos, repetimos, nós mesmos, este Credo, que nos prende definitivamente à fé católica. Ora, é um fato certo, conhecido daí em diante de todo o mundo, sobretudo desde a viajem do Papa ao Marrocos, ao Togo, às Índias e nos comunicados que a Santa Sé oficialmente publicou ainda nestes últimos dias, para dizer que o Papa tem a intenção de se encontrar com os judeus para rezar com eles, que o Papa tem a intenção de ir a Taize para rezar com os protestantes e que ele tinha a intenção – ele disse publicamente em São Paulo fora dos Muros – de fazer uma cerimonia que reuniria todas as religiões do mundo para rezar com elas em Assis, pela paz – por ocasião do Ano da Paz que foi proclamado pela O.N.U. e que deve ter lugar em 24 de outubro.

Eis os fatos. Vós os lestes nos jornais; vós os ouvistes na televisão, para aqueles que possuem televisão. Que devemos pensar? Que é a reação de nossa fé católica? É isto que conta, não nosso sentimento pessoal, uma espécie de impressão ou constatação qualquer. Trata-se de saber o que pensa a Igreja Católica;isso que nos ensinou; isso que nossa fé nos ensina diante dos fatos. É por isso que me permito vos ler algumas palavras bem curtas que recolhi no Dicionário de Direito Canônico do cônego Naz, que é oficialmente o comentário do Direito Canônico que é a Lei da Igreja desde os princípios. O Direito Canônico editado e publicado sobre a ordem do Papa Pio X e publica por Bento XV, o Direito Canônico é a expressão da Lei da Igreja durante dezenove séculos. O que diz ele a propósito disto que se chama a comunicatio in sacris, ou seja, a participação em um culto acatólico, participação em um culto não católico? Eu crio que esse é o assunto que nos ocupa; é isto que vemos: a participação de Papa e dos bispos em cultos não católicos.

O que diz a Igreja? A comunicatio in sacris, como diz a Igreja em latim: é proibida com os não católicos pelo cânon 1258, parágrafo 1, que diz:

“É absolutamente proibido aos fiéis de assistir ou de tomar parte ativamente nos cultos não católicos de qualquer maneira que seja”.

De qualquer maneira que seja. Eis como ele o explica – e o que faz é somente copiar o que se encontra no comentário oficial da doutrina da Igreja -:

“A participação é ativa e formal quando um católico participa de um culto heterodoxo, ou seja, não católico, com a intenção de honrar a Deus por este meio, de maneira não católica”.

Eu repito:

“A participação é ativa e formal quando um católico participa de um culto heterodoxo, ou seja, não católico, com a intenção de honrar a Deus por este meio, de maneira não católica”.


É exatamente isto diante que nos encontramos. Eu penso realmente que os bispos e que o Papa tem a intenção de honrar a Deus pelo culto não católico, o qual eles participam. Eu penso não me enganar.

Tal participação é proibida, sob qualquer forma – quo vis modo por que ela implica a profissão de uma falsa religião e por consequência a negação da fé católica.

“Não é permitido nem rezar, cem cantar, nem tocar órgãos em um templo herético ou cismático se associando aos fiéis que celebram seus cultos mesmo se os cantos ou termos das orações sejam ortodoxos”.

E não foi eu quem escreveu isso. Está escrito com todas as letras no Dicionário de Direito Canônico pelo cônego Naz, que faz parte oficial, que sempre foi considerado na Igreja como um comentário oficial e válido. “Aqueles que participam ativamente e formalmente nos cultos não católicos, são presumidos de aderir às crenças destes últimos. É por isso que o cânon 2316 os declara suspeitos de heresia se perseverarem são considerados realmente como hereges”.

Não sou eu quem disse isso, mais uma vez. Por que está legislação na Igreja? Para nos ajudar a praticar o primeiro mandamento que temos que professar nossa fé católica. Se professamos nossa fé católica, nos é impossível, inconcebível de confessar outra fé, outro culto. Por que rezando em outro culto fazemos profissão de honrar o deus que é invocado pelo culto, pelo culto de uma falsa religião. Uma falsa religião é honrar um falso deus; um deus que é a construção do espírito ou que é um ídolo qualquer, mas que não é o verdadeiro Deus. Como quereis que os judeus rezem ao verdadeiro Deus? Eles formalmente, essencialmente contra Nossa Senhor Jesus Cristo, desde precisamente o dia da Ressurreição de Nosso Senhor. E mesmo antes, por que O crucificaram. Mas de uma maneira quase oficial, despois da Ressurreição de Nosso Senhor. Eles se colocaram imediatamente a perseguir os discípulos de Nosso Senhor e isso durante séculos.

Como se pode rezar ao verdadeiro Deus com os judeus? Quem é Nosso Senhor Jesus Cristo? O Verbo de Deus. Ele é Deus. Nós só temos um Deus: Deus Pai, o Filho e o Espírito Santo e que há um só Senhor: Nosso Senhor Jesus Cristo. São os evangelistas que nos repetem isso sem cessar. Se, pois, se é oposto a Nosso Senhor Jesus Cristo, como o diz explicitamente são João em suas cartas: “Quem não tem o Filho, não tem o Pai. Aquele que não honra o Filho não honra o Pai”.

É normal, há somente um Deus em três Pessoas. Se uma dessas Pessoas é desonrada, é recusada, não se pode honrar as outras Pessoas, é impossível. É destruir a Santíssima Trindade. Por consequência, desonrando Nosso Senhor Jesus Cristo, os judeus desonram a Santíssima Trindade. Como podem eles rezar ao verdadeiro Deus? Não há outro Deus no Céu, que nos foi ensinado por nossa fé católica.


Eis a situação diante da qual nós nos encontramos. Eu não a invento. Não sou eu quem quero, eu desejaria morrer para não existir essa situação. Eu queria dar minha vida. Mas nos encontramos diante desta situação. Como a julgar segundo nossa fé, seguindo a doutrina da Igreja?

Nos encontramos verdadeiramente diante de um grave dilema, excessivamente grave, que eu creio jamais ter existido na Igreja:Que aquele que está sentado sobre a sé de Pedro, participa do culto destes falsos deuses. Eu creio não ter isso acontecido em outro momento da História da Igreja.

Qual é a conclusão que devemos tirar, talvez em alguns meses, diante destes atos repetidos de comunicação com os falsos cultos? Eu não sei. Eu me pergunto. Mas é possível que nós estejamos na obrigação de crer que este papa não é papa1. Por que parece, a primeira vista – eu não quero ainda dizer de uma maneira solene e formal – mas parece à primeira vista – que seja impossível que um papa seja herético publicamente e formalmente. Nosso Senhor lhe prometeu estar com ele, de guardar sua fé, de o guardar na fé. Como aquele o qual Nosso Senhor prometeu guardar na fé definitivamente e sem que ele possa errar na fé, poderia ele ser herético publicamente e quase apostatar?

Eis um problema que concerne a todos, que não concerne somente a mim. Se somos perseguidos, se agora nos tratam como gente quase fora da Igreja, por quê? Porque continuamos católicos. Porque queremos continuar católicos. Então constatamos que permanecendo católicos, estas personagens se afastam sempre mais da doutrina católica e por consequência de nós. Que quereis que eu faça? Absolutamente como os judeus se afastaram de Nosso Senhor. Eles se afastaram Dele sempre mais, até virarem inimigos jurados de Nosso Senhor Jesus Cristo, quando deveriam se unir a Nosso Senhor; quando todos eles deveriam seguir a Santíssima Virgem e os Apóstolos – a exceção feita a Judas é claro – mas todos os discípulos de Nosso Senhor, judeus, que se converteram a Nosso Senhor e que O seguiram. (...)

Notas:

1. Em seguida, Mons. Lefebvre rejeitou essa hipótese que o papa não seja papa. Entretanto, se ele a considerava é porque isso não é mal em si, doutrinalmente. Porque não se pode colocar na mesma condição um sedevacantista e um modernista. Um sedevacantista tem a fé. Um modernista não a tem. O sedevacantismo não é em si uma atitude condenável e cismática, pois o sedevacantismo continua apegado ao princípio da autoridade da Sé de Pedro. O blog Avec l’Immaculée (Com a Imaculada) não é sedevacantista e pensa que eles se enganam. Entretanto, é possível ser um bom católico e ser sedevacantista. Mons. Fellay não cessa de apresentar o sedevacantismo como um espantalho e ele não tem razão, pois, em contrapartida, isso o aproxima dos modernistas que, são muito perigosos, pois são hereges. Face ao sedevacantismo, nosso blog segue a posição de Mons. Tissier de Mallerais: cf. carta de 28/02/2009 ao padre Schoondroodt2: nós não somos, mas não condenamos, mas isso não leva a excessos tal como declarar, como fazem certos sedevacantistas, que a FSSPX é herética e que seria um pecado ir a sua Missa. Neste caso, pensamos que o sedevacantismo passa a ser excessivo e perigoso. O bom combate não deve consistir em demonstrar uma opinião teológica discutível. O bom combate consiste em lutar contra o modernismo recordando a doutrina tradicional.

2. Carta de Mons. Tissier de Mallerais em 28 de fevereiro de 2009 ao padre Schoonbroodt:

Ecône, 28 de fevereiro de 2009.

Senhor padre,

Vossa carta de 25 de fevereiro me chegou a mãos, eu a li assim que cheguei dos Estados Unidos. (...)

Caro padre, eu admito que um padre, fiéis, tenham dúvidas sobre a validade de um papa tal como João Paulo II ou Bento XVI; Mons. Lefebvre não o teve por vezes? Mas não mais que nosso venerável fundador, eu não quero fazer desta dúvida legítima um cavalo de batalha ou uma justificação para minha ação. Minha ação se funda inteiramente sobre o dever do combate da fé, segundo São Paulo. Quanto àquele que se encontra em Roma, se há dúvida, uma vez que a presunção é a favor dos que possuem, uma vez que os argumentos dos sedevacantistas não são admitidos pela maioria dos católicos da Tradição, é preciso aplicar o cânon 209 “in dubio positivo... jurisdictionem supplet Ecclesia pro fors tum externo tum interno”. É por isso que a FSSPX mantem relações com Bento XVI, certamente não para abraçar seus erros, mas para o converter.


Queira aceitar padre, seguramente, apesar de todo meu religioso devotamento em Nosso Senhor Jesus Cristo.

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