segunda-feira, 17 de junho de 2013

4º Domingo depois de Pentecostes

Revmo. Padre René C. Trincado.

Ensina Santo Agostinho que as naves mencionadas no Evangelho de hoje representam a Igreja, que se encherá de peixes bons e maus até o fim do mundo. As redes se rompem por causa de uma grande multidão de homens carnais que rasgarão a Igreja com heresias e cismas.

São Beda, por sua parte, disse que as naves que correm perigo de afundar por causa dos mesmos peixes, figuram a Igreja que ameaçará afundar por causa dos maus cristãos, que são seus inimigos internos, segundo que profetizou São Paulo em 2º Timóteo: “Há de saber que nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis. Porque os homens serão egoístas e amadores do dinheiro, jactanciosos, soberbos, difamadores, rebeldes com seus pais, mal agradecidos, ímpios, desumanos, implacáveis, caluniadores, desenfreados, cruéis, inimigos de todo bem, traidores, temerários, obcecados, mais amantes dos prazeres que de Deus; E ainda que farão ostentação de piedade… se oporão a verdade… homens de inteligência corrompida, réprobos no que se refere a fé”.

Santo Ambrósio explica que a barca está ameaçada por ter a bordo Judas, e acrescenta: “evitemos o trato com o traidor, não seja que muitos vacilemos, empurrados por somente um”.

Disse São Pedro: “Mestre, toda a noite estivemos trabalhando, sem ter pego nada”; porque – comenta Santo Ambrósio – o fruto que há de obter-se por meio da pregação não depende dos homens, senão de Deus. Para conseguir esta pesca milagrosa, Nosso Senhor manda São Pedro conduzir as naves mar adentro e este responde que em seu nome (no Nome de Cristo) as redes se encherão. Há que confiar somente em Deus.

Nada pescava Pedro nesta noite porque seus esforços eram puramente humanos. Essa noite infrutuosa é a noite da atual crise da Igreja: recorrer a meios humanos desprezando os divinos foi, precisamente, o intento do Concílio Vaticano II. Desde o Vaticano II a Igreja se encontra em uma espantosa noite de já longos 50 anos. Noite da apostasia da cristandade por não lançar as redes no Nome de Cristo, senão no nome do mesmo homem; noite fria, tormentosa e muito escura, por colocar a confiança no homem e não em Deus. Se leem, no Profeta Jeremias, estas graves e sempre atuais palavras: “Assim disse o Senhor: Maldito o homem que confia no homem e faz da carne sua fortaleza e seu coração se aparta do Senhor” (Jer 17, 5)

Tragicamente, essa obscuridade finalmente alcançou a FSSPX. O demônio tem também suas redes, e havendo caído nelas, confiando mais no nada do homem que no poder de Deus, a congregação está hoje disposta a apoiar-se adulteramente nos liberais moderados para conter os liberais extremos. As autoridades da congregação estão se comportando como verdadeiros cegos guias de cegos, segundo o demonstra, de modo irrefutável, o fato de haverem contratado, recentemente, a um ateu expert em marketing para que este adapte a imagem corporativa da congregação a gosto dos liberais. Esta gravíssima infidelidade, este inacreditável despropósito foi revelado recentemente pelo padre Girouard, da Resistência, e está provado pelas palavras que o Superior do Distrito do Canadá, Pe. Wegner, escreveu em janeiro de 2012: “Uma reconhecida empresa européia de imagem corporativa, desenvolveu um estilo corporativo para a Fraternidade (…) O estilo é novo e fresco, atrativo para velhos e jovens. Uma (…) característica deste novo estilo é sua positividade. Desprovida de qualquer elemento agressivo e impositivo, nos compromete com uma maneira positiva de escrever (…)” (“Angelus”, janeiro de 2012). Se trata, então de recorrer a uns ateus que nos ensinaram o modo de projetar uma imagem agradável aos homens. “Adúlteros! Não sabeis que a amizade do mundo é inimizade com Deus? Qualquer um pois que quiser ser amigo do mundo, se constitue em inimigo de Deus” (Tg. 4, 4). Deus nos livre!

Sem dúvida se vive também na Tradição essa “desorientação diabólica” de que em algumas ocasiões falava a Irmã Lúcia de Fátima. Para proteger nossas almas disto, nunca esqueçamos que Cristo mandou a São Pedro ir mar adentro, para que lá, no profundo, fossem lançadas redes em seu Nome. É necessário empregar muitos e grandes esforços em defesa da fé e da Igreja, fazer o que pudermos para manter vivo o autêntico espírito católico, que é essencialmente batalhador e conquistador, mas não é menos necessário ir até o profundo pelos caminhos do espírito, pela união da alma com Deus que se faz mediante a oração, a que consiste em elevar a alma a Deus, a esse Deus que mora no profundo da alma em estado de graça. Sem oração não podemos esperar nada de Deus, mas com a oração devemos esperar tudo dEle.

Santo Agostinho compara a pesca do Evangelho de hoje com outra pesca milagrosa, essa na qual os apóstolos recolhem 153 peixes. Não é casualidade que o Rosário completo (com suas 3 coroas, com seus 15 mistérios) tenha, exatamente, 153 Ave Marias. Bom, pelo menos até que os modernistas ousaram “corrigi-lo”, acrescentando os chamados “mistérios da luz”.

Estimados fiéis: Confiemos em Deus, creiamos no divino poder do Rosário! Empunhando diariamente – e idealmente com seus 15 mistérios – o Santo Rosário, arma toda poderosa; seremos capazes de lançar uma e outra vez e cada vez em maiores profundidades de caridade, as redes santas que são nossas obras feitas para cumprir a vontade de Deus, nossas vidas vividas no “Nome de Cristo”.




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