segunda-feira, 21 de março de 2016

Instrução sobre a Semana Santa

               



  Vários nomes tem a semana da Dominga de Ramos ao Sábado Santo. Chamam-na a Grande Semana; duas grandes semanas há na duração do mundo: a primeira quando Deus criou o universo, cujos dias foram todos assignados com milagres da Omnipotência; a segunda, em que Deus reparou e como que recreou a sua obra, a purificou e restaurou na primitiva santidade, pelo sangue e morte do seu Filho, e esta, com seus dias ilustrados por milagres de amor, merece incomparavelmente mais que a primeira o nome de grande.

   Chamamo-la de grande, diz S. João Chrysostomo, não que tenha mais dias que as outras semanas, nem nos dias mais horas, mas pelos muitos e grandes mistérios que nela celebramos; nestes dias, com efeito, foi destruída a tirania do demônio, desarmada a morte, apagados o pecado e a maldição, o Céu aberto. Nela também são mais demorados os jejuns e as vigílias, mais amiudados os ofícios religiosos.

  Chama-se a semana dolorosa, por causa das penas e sofrimentos do Salvador, semana da indulgência, porque nela recebiam os penitentes a absolvição, e eram admitidos a comungar com os fiéis; semana de Xerophagia, porque só comiam nesses dias alimentos secos, sem adubo algum. Era uso universal outrora, comer só pão com água e algumas ervas nos últimos três dias. Semana Santa nós a chamamos pelos santos mistérios nela comemorados e pelas santa disposições com que a celebramos;  prevaleceu esta última qualificação: mostrem as nossas obras que foi bem dado o nome. Lembremo-nos dos exemplos dos nossos pais.

     Outrora eram todos de festa os dias desta grande semana, e também os da seguinte.

    Eram proibidos os trabalhos servis, o negócio e as demandas, e confirmaram estas disposições da Igreja os decretos dos Imperadores Romanos.

    Devemos perdoar-nos mutuamente, reconciliar-nos e esquecer todo rancor, se queremos participar das graças que nos pereceu a Paixão de Cristo, Senhor Nosso, e celebrar a Páscoa.

“Meu doce Jesus,
Que extremos obrais;
Quem não vos dirá;
Bendito sejais!”
A Paixão de N.S.J.C.


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