segunda-feira, 28 de março de 2016

Ainda esclarecendo dúvidas, por S.E.R. Dom Tomás de Aquino, OSB

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PAX

                No Catecismo de São Pio X está dito que somente a Santa Igreja Católica recebeu o carisma de fazer milagres. Isto nunca será dado por Deus às falsas religiões porque Deus nunca favorecerá o erro, caso contrário Ele não seria Deus.
                Pergunta-se então como pode-se conceber um milagre numa Missa Nova ou mesmo entre pessoas que não são católicas? Isto é possível? Se for para a conversão destas pessoas não há nenhum impedimento. Os milagres são realizados por Deus para confirmar a verdade e assim fazendo conduzir as almas a Deus, ou seja, à Igreja Católica pois a Igreja Católica é a reunião das almas que estão unidas a Deus aqui na terra, no Purgatório e no Céu.
                Se a mula de Balaão falou foi para demonstrar que Deus abençoava o povo de Israel, figura e início da Santa Igreja Católica, e impedia que Balaão o amaldiçoasse como era sua intenção.
                Se houve milagre eucarístico na Nova Missa foi para a conversão dos que o presenciaram ou que tiveram notícia dele. Que seja certo que tenha havido milagre ou não, isto não pertence às verdades nas quais temos que crer para nos salvar. Que seja possível um milagre eucarístico, caso tenha havido consagração, é uma afirmação que pode ser defendida sem incorrer a nota de heresia. Se alguém não crer nesse milagre ou se ele achar inconveniente que ele tenha ocorrido numa Missa Nova, ele não incorre em nenhuma reprovação do ponto de vista da fé católica. A questão de saber se houve realmente milagre ou não houve é uma questão aberta. Quem se interessar por ela que procure as provas que demonstram a realidade ou a impostura deste “milagre”. Mas afirmar que uma hóstia consagrada e profanada não possa sangrar para a conversão dos padres e dos fiéis afim de que eles abandonem o modernismo e venham para a Tradição não parece sensato.
                Uma árvore boa não pode dar maus frutos, nem uma árvore má pode dar frutos bons. Isto é de fé, pois é Nosso Senhor Ele mesmo que o afirma. Isto é o bom senso mesmo, pois um espinheiro não pode dar os frutos que só a figueira pode dar.
                Logo, devemos concluir que nenhum bem poderá haver entre os infiéis, os protestantes e os modernistas? A questão não é tão simples assim. Santo Tomás diz que a árvore má é a vontade perversa e portanto devemos concluir que nada de bom pode sair da vontade perversa do demônio e dos que entregaram sua alma a ele. Nada de bom podia sair da inveja de Caim contra Abel. Nada de bom podia sair do ódio e da incredulidade dos fariseus contra Nosso Senhor. No entanto nem todo aquele que está na Igreja Conciliar vive do ódio, da inveja e da incredulidade. Alguns ainda querem se confessar, rezar e melhorar. Há ainda, provavelmente, árvores boas entre os progressistas, apesar do Progressismo; almas que estão lá mas não são de lá. As almas são ora movidas pelo espírito bom (do qual não pode proceder nenhum fruto mal), ora pelo espírito mal (do qual nenhum fruto bom pode proceder). Mas talvez nos perguntem. E da Nova Missa? E dos novos Sacramentos? Pode sair frutos bons destas árvores ruins? A resposta não é simples. É preciso distinguir entre o rito e o sacramento. Nós costumamos completar o rito do Batismo porque ele foi mutilado. Mas não refazemos o Batismo pois se ele foi válido, ele não pode ser dado novamente sem grave ofensa à Deus. Logo, o Batismo, mesmo entre os progressistas tem algo bom e muito bom, que é o fato de apagar o Pecado Original e nos tornar filhos de Deus, templos da Santíssima Trindade e algo mal que é a omissão dos exorcismos presentes no rito antigo. O mesmo se diga da Missa Nova. Dom Lefebvre e Dom Antônio de Castro Mayer pensavam que ela podia ser válida quando todas as condições necessárias para isto estivessem reunidas. Mas nem por isso eles deixaram de condená-la porque a Missa Nova conduz à heresia por causa do seu rito. Rito ruim, sacramento bom, quando há sacramento.
                Outra dúvida. O bem e o mal entrelaçados? A Igreja Nova e a Igreja Católica entrelaçadas? Quem diz entrelaçadas, diz união e amizade. Não! Jamais a Igreja Católica estará unida por laços de amizade à Nova Igreja. Mas entrelaçada significa também laçada, presa, amarrada e isto sim. Isto é o que acontece. Os inimigos da Igreja a tomaram, a reduziram à escravidão, por assim dizer. Excomungaram Dom Lefebvre e Dom Antônio de Castro Mayer, destronaram Nosso Senhor Jesus Cristo de seu reino sobre as nações. Entrelaçadas sim, mas desta forma. Quanto ao que inspira uma e outra, não. Elas se opõem e se opõem totalmente.
                Mas isto não é tudo. Há também o fato de que há pessoas que estão na Igreja Conciliar pensando que estão na Igreja Católica. Eles tem algo de católico pois muitos foram batizados validamente. Muitos crêem em Nosso Senhor. Muitos estão iludidos. Eles correm o perigo de perder a fé, mas nem todos já perderam a fé. Situação delicada, difícil, penosa, confusa. Sim. Paciência. Trabalhemos para ajudar estas almas. Trabalhemos para abandonar o que há ainda de liberalismo também em nós, pois cada vez que pecamos nós agimos como um liberal que se libera da lei de Deus e que, portanto, dá um fruto mau, apesar de não ser necessariamente uma árvore má.
                Que Nossa Senhora nos guie sempre pois seguindo-a ninguém se perderá. Assim seja.


+ Tomás de Aquino OSB

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