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PAX
No
Catecismo de São Pio X está dito que somente a Santa Igreja Católica recebeu o
carisma de fazer milagres. Isto nunca será dado por Deus às falsas religiões
porque Deus nunca favorecerá o erro, caso contrário Ele não seria Deus.
Pergunta-se
então como pode-se conceber um milagre numa Missa Nova ou mesmo entre pessoas
que não são católicas? Isto é possível? Se for para a conversão destas pessoas
não há nenhum impedimento. Os milagres são realizados por Deus para confirmar a
verdade e assim fazendo conduzir as almas a Deus, ou seja, à Igreja Católica
pois a Igreja Católica é a reunião das almas que estão unidas a Deus aqui na
terra, no Purgatório e no Céu.
Se
a mula de Balaão falou foi para demonstrar que Deus abençoava o povo de Israel,
figura e início da Santa Igreja Católica, e impedia que Balaão o amaldiçoasse
como era sua intenção.
Se
houve milagre eucarístico na Nova Missa foi para a conversão dos que o
presenciaram ou que tiveram notícia dele. Que seja certo que tenha havido
milagre ou não, isto não pertence às verdades nas quais temos que crer para nos
salvar. Que seja possível um milagre eucarístico, caso tenha havido consagração,
é uma afirmação que pode ser defendida sem incorrer a nota de heresia. Se
alguém não crer nesse milagre ou se ele achar inconveniente que ele tenha
ocorrido numa Missa Nova, ele não incorre em nenhuma reprovação do ponto de
vista da fé católica. A questão de saber se houve realmente milagre ou não
houve é uma questão aberta. Quem se interessar por ela que procure as provas
que demonstram a realidade ou a impostura deste “milagre”. Mas afirmar que uma
hóstia consagrada e profanada não possa sangrar para a conversão dos padres e
dos fiéis afim de que eles abandonem o modernismo e venham para a Tradição não
parece sensato.
Uma
árvore boa não pode dar maus frutos, nem uma árvore má pode dar frutos bons.
Isto é de fé, pois é Nosso Senhor Ele mesmo que o afirma. Isto é o bom senso
mesmo, pois um espinheiro não pode dar os frutos que só a figueira pode dar.
Logo,
devemos concluir que nenhum bem poderá haver entre os infiéis, os protestantes
e os modernistas? A questão não é tão simples assim. Santo Tomás diz que a
árvore má é a vontade perversa e portanto devemos concluir que nada de bom pode
sair da vontade perversa do demônio e dos que entregaram sua alma a ele. Nada
de bom podia sair da inveja de Caim contra Abel. Nada de bom podia sair do ódio
e da incredulidade dos fariseus contra Nosso Senhor. No entanto nem todo aquele
que está na Igreja Conciliar vive do ódio, da inveja e da incredulidade. Alguns
ainda querem se confessar, rezar e melhorar. Há ainda, provavelmente, árvores
boas entre os progressistas, apesar do Progressismo; almas que estão lá mas não
são de lá. As almas são ora movidas pelo espírito bom (do qual não pode
proceder nenhum fruto mal), ora pelo espírito mal (do qual nenhum fruto bom
pode proceder). Mas talvez nos perguntem. E da Nova Missa? E dos novos
Sacramentos? Pode sair frutos bons destas árvores ruins? A resposta não é simples.
É preciso distinguir entre o rito e o sacramento. Nós costumamos completar o
rito do Batismo porque ele foi mutilado. Mas não refazemos o Batismo pois se
ele foi válido, ele não pode ser dado novamente sem grave ofensa à Deus. Logo,
o Batismo, mesmo entre os progressistas tem algo bom e muito bom, que é o fato
de apagar o Pecado Original e nos tornar filhos de Deus, templos da Santíssima
Trindade e algo mal que é a omissão dos exorcismos presentes no rito antigo. O
mesmo se diga da Missa Nova. Dom Lefebvre e Dom Antônio de Castro Mayer
pensavam que ela podia ser válida quando todas as condições necessárias para
isto estivessem reunidas. Mas nem por isso eles deixaram de condená-la porque a
Missa Nova conduz à heresia por causa do seu rito. Rito ruim, sacramento bom,
quando há sacramento.
Outra
dúvida. O bem e o mal entrelaçados? A Igreja Nova e a Igreja Católica
entrelaçadas? Quem diz entrelaçadas, diz união e amizade. Não! Jamais a Igreja
Católica estará unida por laços de amizade à Nova Igreja. Mas entrelaçada
significa também laçada, presa, amarrada e isto sim. Isto é o que acontece. Os
inimigos da Igreja a tomaram, a reduziram à escravidão, por assim dizer.
Excomungaram Dom Lefebvre e Dom Antônio de Castro Mayer, destronaram Nosso
Senhor Jesus Cristo de seu reino sobre as nações. Entrelaçadas sim, mas desta
forma. Quanto ao que inspira uma e outra, não. Elas se opõem e se opõem
totalmente.
Mas
isto não é tudo. Há também o fato de que há pessoas que estão na Igreja
Conciliar pensando que estão na Igreja Católica. Eles tem algo de católico pois
muitos foram batizados validamente. Muitos crêem em Nosso Senhor. Muitos estão
iludidos. Eles correm o perigo de perder a fé, mas nem todos já perderam a fé.
Situação delicada, difícil, penosa, confusa. Sim. Paciência. Trabalhemos para
ajudar estas almas. Trabalhemos para abandonar o que há ainda de liberalismo
também em nós, pois cada vez que pecamos nós agimos como um liberal que se
libera da lei de Deus e que, portanto, dá um fruto mau, apesar de não ser necessariamente
uma árvore má.
Que
Nossa Senhora nos guie sempre pois seguindo-a ninguém se perderá. Assim seja.
+ Tomás de Aquino OSB
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