segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Novena pelas Almas do Purgatório

Novembro
 Mês das Almas do Purgatório



NOVENA

PELAS ALMAS

DO

PURGATÓRIO

PELO

PADRE VITOR JOUET, M.S.C.

Fundador da Associação do

Sagrado Coração para alívio e

Libertação das Almas do Purgatório



1957











LEMBRAI-VOS

EM VOSSAS ORAÇÕES E BOAS OBRAS

DA ALMA DE

.................................................................................

falecido em ............................................................

no dia ............... de............................. de..............

R.I.P

Quem envia ou empresta esta brochura,

recomenda todos os seus caros mortos

às piedosas orações de quem a receber.











BENÇÃOS APOSTÓLICAS

DO PAPA LEÃO XIII



            Nosso Santíssimo Padre o Papa Leão XIII, afim de ser sempre mais incrementada a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e a compaixão pelas almas do Purgatório, dignou-se conceder ao autor e a todos os propagadores deste opúsculo, Sua Benção Apostólica.

Roma, 10 de dezembro de 1894.

L. M. Cardeal Vigário.



DO PAPA PIO X

            Ao nosso caro filho, Padre Victor Jouet, bem como aos caros Associados de sua Confraria do Sagrado Coração de Jesus em favor das almas sofredoras do Purgatório, concedemos de todo coração a Benção Apostólica.

Domingo de Laetare, 13 de março de 1904.

Pio X, Papa.



O PAPA BENTO XV

multiplicou as bênçãos em favor de nossa Obra, elevou a paróquia sua igreja central e dignou-se transformar a Associação em Arquiconfraria, pelas Cartas Apostólicas de 25 de outubro de 1917.



O PAPA PIO XI

concedeu várias vezes a Benção Apostólica à Arquiconfraria e a todos os seus ramos de atividade, os quais tem por fim o alívio das Almas do Purgatório.





ORIGEM DESTA PIEDOSA PRÁTICA

            “Fareis um pequeno passeio pelo Purgatório, em companhia do Sagrado Coração, consagrando a Ele tudo o que tiverdes feito, pedindo que aplique seus méritos a essas santas almas sofredoras. Ao mesmo tempo, pedireis a elas que sirvam do seu poder para nos obter a graça de viver e morrer no amor e na fidelidade ao Sagrado Coração de Jesus correspondendo, sem resistência, a seus desejos sobre nós.

            E si alcançardes a libertação de algumas dessas pobres prisioneiras, sereis bem felizes, pois tereis no Céu advogados que ajudarão a vossa salvação.”

(Sta. Margarida Maria, t. II, pág. 141)

            Esta devota prática, aconselhada por Santa Margarida Maria a suas caras noviças, para a Oitava dos Finados, sugeriu-nos a idéia do pequeno exercício quotidiano proposto a todos neste modesto opúsculo, aliás tão bem acolhido pela piedade cristã.



EXCELÊNCIA DESTA PRÁTICA

            Ela corresponde ao desejo do Sagrado Coração. — Santa Margarida Maria nela resume as diversas práticas sugeridas por ela a suas noviças e das quais dizia: “Eis, minhas amadas Irmãs, o modo que me parece ser mais conforme o desejo do Sagrado Coração de Jesus, afim de executardes mais fielmente a promessa que fizeste a Ele em favor das almas sofredoras do Purgatório”.

(Défi. Oitava dos Finados)

            Ela é de molde a serem meditadas todas as palavras escolhidas pela Santa para compor-lhe a fórmula. — De cada palavra jorra uma luz, exala-se um perfume, dimana não sei que espécie de graça que vos incita a socorrer essas almas queridas, afim de agradar ao Sagrado Coração.



            Ela é geral. — Vós, quem quer que sejais, que vos honrais do título de cristão, estais convidado a fazer pelos fiéis defuntos vosso passeiozinho pelo Purgatório, como o marinheiro faz o seu quarto de hora no navio, como o soldado faz a sua guarda ao pé de fortaleza, como a alma fervorosa faz a sua visita ao Santíssimo Sacramento.

            Ela é pessoal. — Vós a fareis... vós, e não um outro em vosso lugar. O convite é feito a vós pessoalmente. Depois de vossa morte, haverá quem o atenda em vosso favor... Hoje, as almas padecentes vo-lo pedem em favor delas...

            Vós a fareis, está pois entendido; é esta a vossa resolução, será este o vosso ato pessoal, no momento à vossa escolha, ao vosso critério.

            Ela é curta. — Um passeiozinho... Vós o fazeis tantas vezes, daqui para ali, pela imaginação e pelo coração, inúteis frequentemente, prejudiciais às vezes. Este que vos é agora indicado* (a página termina aqui) figurará entre os úteis passeios e vos ajudará a reparar os que não o foram. Será o tempo de um pensamento sério, de um ato de fé, de zelo, de caridade, duma oração jaculatória. Por modesto e pequeno que seja, não deixa de ser uma volta completa em sua largura e em sua profundidade. O relâmpago mais rápido ilumina, um instante ao menos, a sombria prisão. A brisa mais leve é sempre dum grande alívio na atmosfera abrasadora... É portanto muito fácil algum sufrágio a qualquer pessoa, por toda a parte, a toda hora, em qualquer circunstância.  

            Ela é consoladora. — Pelo Purgatório... Trata-se de uma visita aos exilados, aos doentes, aos cativos, aos amigos de Deus, aos futuros príncipes de sua Corte.

            Ela é santa — na companhia do Sagrado Coração... Admitidos em seu real cortejo, purificamo-nos pela contrição, unimo-nos a seus sentimentos e seguimo-lo como outrora os discípulos quando Ele se ocupava em curar toda enfermidade.

            Ela é generosa — consagrando a Ele tudo o que tiverdes feito. Entregamos-Lhe sem reserva tudo o que fizemos e tudo o que havemos de fazer de bem, com o auxílio de sua graça, durante o dia, para que Ele disponha de tudo a seu agrado em favor das caras prisioneiras. O que possuímos é de quantidade tão diminuta e de tão insignificante valor! É enriquecer-nos dos grandes bens dele quando nos despojamos por Ele de nossos pequenos bens pessoais...

            Ela é inesgotável — pedindo que aplique seus méritos a essas santas almas sofredoras. Não contentes de ver transformar-se no ouro puro da caridade o mísero óbulo de nossas obras tão imperfeitas, suplicamos ao divino Coração que acrescente a elas todos os méritos infinitos de sua vida, de sua paixão e de sua morte. Pode-se pedir um favor mais precioso? Levar às santas almas um alívio maior?

            Ela é desejada no Purgatório. — “Se soubésseis, diz a Santa (carta 85), com quanto ardor as almas pedem esse novo remédio!...”

            Ela é eficaz. — “Esse remédio tão soberano em seus sofrimentos, pois é assim que Elas designam a devoção ao Sagrado Coração e particularmente as Missas em sua honra”.

            Ela é aproveitável para quem a faz. — E pedireis a elas que se sirvam do seu poder... Nós lhes estendemos as mãos para socorrê-las; nós lh’as estendemos de novo para que elas nos socorram. Nós lh’as levamos cheia, não queremos retirá-las vazias. Receberam elas de nós, cumpre agora que recebamos delas. ­— Eram elas nossas protegidas; tornam-se agora nossas protetoras. Acresce que elas serão sempre mais generosas e mais poderosas do que nós saberíamos ser para com elas.

            Ela é do máximo valor. — Para nos obter a graça de viver e morrer no amor e na fidelidade ao Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, correspondendo sem resistência a seus desejos sobre nós. É, sem dúvida, a mais preciosa graça que possamos alcançar neste mundo por intermédio das almas sofredoras; é a renovação ininterrupta deste favor em todos os instantes da vida até à morte; é a graça de amor e de fidelidade ao Sagrado Coração, não somente para a execução de suas ordens e à prática de seus conselhos, mas para o cumprimento de seus desejos, sem nenhuma resistência, em tudo, por toda parte, sempre, cada vez mais, cada vez melhor e a despeito de tudo. Podemos pedir algo de mais precioso?

            Ela é meritória. Inspirada pelo duplo amor de Deus e do próximo, ela faz crescer os fiéis na graça e na virtude; atrai para eles durante a vida e sobretudo na morte, a misericórdia divina; e lhes obtém um acréscimo de glória para o Céu.

            Ela é oportuna. A iniquidade transborda no mundo. A caridade acha-se resfriada. É necessário que nos compadeçamos mais quanto à sorte dolorosa dessas pobres almas sofredoras. São elas tão numerosas! Apesar dos sufrágios que se fazem em seu favor em tantas piedosas associações e famílias cristãs, acham-se elas infelizmente tão abandonadas da imensa multidão que passa indiferente, sem pensar em prestar-lhes o menor socorro.

            Ela é popular. Na mansarda do pobre, no palácio do rico, na cela da virgem consagrada a Deus, nas famílias cristãs, nos internatos, nos seminários, no sacerdócio, na vida religiosa, na missão longínqua, nos campos, nas próprias prisões, ela é acolhida com amor.

            Ela é justa. Será que não temos nesse lugar de expiação, parentes, amigos, benfeitores? Almas que ofenderam a Deus por nossa culpa? Pessoas que aguardam a execução de nossas promessas ou o cumprimento das obrigações que contraímos de ir em seu auxílio depois de sua morte?

            Ela é urgente. Ouvi os gemidos indescritíveis que se sucedem sem interrupção e que se erguem das profundezas do Purgatório. Todas essas vozes suplicam: “Compaixão! Compaixão!”.

            Algumas dessas pobres almas, chegadas, há pouco, a essas chamas expiadoras, não receberam ainda nenhum consolo: tenhamos a peito de levar-lhes o primeiro; outras por sua vez, não esperam senão um derradeiro sufrágio para o termo de seu longo exílio: apressemo-nos com esse sufrágio, a fim de lhes abrir as portas da Pátria. Todas elas estão imersas no sofrimento: estendamos a todas a nossa caridade.

            Ela é cheia de doutrina. Todo o dogma do Purgatório se acha resumido nisto: as almas perdoadas, destinadas à glória, aí são chamadas pobres, sofredoras, aflitas, prisioneiras, por causa dos restos de seus pecados; santas, poderosas advogadas, amigas, por causa de suas virtudes e de seus méritos. Tudo o que se faz por elas a título de sufrágio, o Coração de Jesus o considera como feito a Ele mesmo, em vista da compaixão encerrada nesses sufrágios e da sede ardente que se tem de vê-las o quanto antes com Ele na sua glória. Têm elas um grande interesse em receber de nós um alívio temporal; temos nós um interesse maior em facilitar, em lhes fazendo o bem, a nossa eterna salvação.

            Ela é semelhante ao ministério dos Anjos. Não conduz porventura essa prática os lamentos dessas pobres almas até seu Pai que está nos Céus, e a seus irmãos e amigos que estão na terra? Não leva às próprias almas, em testemunho de nossa piedosa lembrança, algum alívio inesperado ou o anúncio duma libertação mais próxima?

            Ela é inspirada pelo Céu. “Em sua clemência infinita, Jesus inspira àqueles que ainda vivem na terra utilizarem-se, em favor das prisioneiras, dos tesouros de méritos de seu Coração. E, dóceis a esta inspiração, os fiéis se consagrem ao divino Coração para socorrerem duma maneira pronta e eficaz às almas que sofrem no Purgatório”. (Card. Vigário. 1894)

            Ela é preservadora de muitas faltas. Tantas vezes nossa louca imaginação divaga em pensamentos mundanos, em sonhos enganadores, em desejos perigosos; conduzamo-la, um instante, a este prisão abrasadora onde as vaidades se desvanecem, onde se castiga a menor falta, onde tudo deve ser pago até a completa satisfação. Lá, aprenderemos a detestar o pecado, a fugir dele e a expiá-lo.

            Ela é pública. Sua igreja titular, no centro de Roma, é a sede canônica da Associação e deste piedoso exercício; tem ela suas quinze missas diárias de meia em meia hora, das seis ao meio dia; tem suas bênçãos do Santíssimo, de manhã e à tarde; seus tríduos, suas novenas, suas trintenas pedidos pelos associados por graças a alcançar ou por graças recebidas; tem sua Revista mensal “o Purgatório” em diversas línguas (mais de um milhão de exemplares já foram espalhados); tem seu museu de além-túmulo, tão providencialmente formado, cujos ensinamentos sobre o Purgatório são a um tempo tão graves quão consoladores. Essa igreja é um lugar abençoado de peregrinações onde a oração, sob todas as formas, é um perpétuo sufrágio em favor dos fiéis defuntos.

            Ela é solene: — De manhã e à tarde, diante do Santíssimo exposto, o sacerdote, em nome de todos os fiéis que o rodeiam e de todos os milhões de associados unidos a nós, lê a mesma fórmula que adiante publicamos, e ora segundo as intenções de nossa imensa Arquiconfraria.

            Ela é um estimulante de muitas virtudes. Impossível estender uma mão compassiva às almas, a essas reais princesas, reduzidas ainda ao cativeiro na véspera de sua coroação, sem nos representar o quadro impressionante de sua absoluta submissão aos desígnios divinos, de seu recolhimento profundo na oração, de seu ardente amor a Deus, de sua mútua caridade entre umas e outras, de seu íntimo reconhecimento para conosco.

            Ela é cheia de suavidade: — Não é ela um admirável composto de todas as obras de misericórdia, segundo o pensamento de São Francisco de Sales? ...Não é ela o mel formado do suco de toda espécie de virtudes que à porfia florescem neste ato de terna compaixão?... Experimentemo-lo; não tardaremos em saborear-lhe as doçuras.

            Ela é cara ao Sagrado Coração de Jesus, a Maria e a José: Jesus, nosso Redentor, a Virgem Imaculada, Mãe de misericórdia, José, Protetor fiel das almas do Purgatório, não deixam jamais sem particular assistência, durante a vida e depois da morte, os cristãos que se compadecem das almas sofredoras.

            Ela é perpétua: A todo instante, dia e noite, alguns dentro os nossos inúmeros associados, em determinado ponto da terra, oram segundo as nossas intenções por nossos caros mortos, como, a nosso turno, oramos pelos seus. É uma sucessão ininterrupta de santas Missas, comunhões, vias-sacras, boas obras, orações, indulgências. Aqueles que nós choramos não são, não serão jamais esquecidos.

            Ela é abençoada pela Igreja: Numerosos Bispos aprovaram-na de coração, vários Cardeais estimularam-na eloquentemente, e o Soberano Pontífice dignou-se enriquecer com sua benção apostólica todo fiel que a propague.

            Ela é protegida por Deus: — Grandes graças temporais e espirituais frequentemente manifestaram quanto o Coração de Jesus tem por agradável esta piedosa prática. Pode-se dedicar a ela tendo em vista uma conversão, uma cura, uma graça particular, prometendo, no caso de ser atendido, enviar a relação do fato ao centro da Arquiconfraria e de se devotar mais na propagação desse santo exercício. Muitos obtiveramo que, até então, haviam solicitado ardentemente, mas em vão.

            Ela é rica de sufrágios: Todos os sufrágios são recomendados por ela, especialmente todo ato de virtude praticado em união com o Sagrado Coração, em reparação dos defeitos contrários, pelos quais as pobres almas agora sofrem.

            Ela não é rigorosa: — Sobrecarrego-vos talvez com muita coisa, dizia a compassiva Visitandina ao falar destas diversas práticas. Não vos aflijais, porém; quando não puderdes fazer duma maneira, fazei-o doutra.

            Ela é assinalada com o selo da Santíssima Virgem. A santa encerra todas as suas recomendações por esta: É preciso ser bem fiel em recitar o terço todos os dias, pois não saberíamos fazer um ato mais agradável a Deus do que honrar a sua Mãe Santíssima.

            Ela multiplica nossos protetores: — E si alcançardes a libertação de algumas dessas pobres prisioneiras, sereis bem felizes, pois tereis no Céu advogadas que ajudarão a vossa salvação. — “Nesta manhã, domingo do Bom Pastor, escrevia há duzentos anos Santa Margarida Maria, duas de minhas boas amigas sofredoras, à hora do despertar, vieram dizer-me adeus, pois foi neste dia que o Divino Pastor as recebeu em seu eterno aprisco, ao lado de mais de um milhão de outras, na companhia das quais elas partiam com cânticos inexprimíveis de alegria.” “Se soubésseis quanto minha alma se viu transportada de júbilo! Pois quando lhes falava, eu as via pouco a pouco engolfadas e abismadas na glória, como uma pessoa que se submerge num vasto oceano. E como eu pedisse a elas que se lembrassem de nós, então pronunciaram as últimas palavras dizendo que a ingratidão jamais entrou no Céu”.



            Possa cada dia, em nossa Obra, assemelhar-se a este belo domingo do Bom Pastor!

            Em suma, esta devoção deve ser propagada. Oh, sim, cristãos, fazei-a vossa e propagai-a; ela é tão simples, custar-vos-á tão pouco, ao passo que sereis tão largamente recompensados!

            Ao menos esta gotazinha d’água nos braseiros ardentes do Purgatório! Se ninguém a recusasse, quantas almas receberiam a sua libertação... E que rio refrigerante atravessaria incessantemente a prisão de fogo!







PRÁTICA QUOTIDIANA

UM PASSEIOZINHO PELO PURGATÓRIO

EM COMPANHIA DO SAGRADO CORAÇÃO

E A NOVENA PELAS ALMAS.



NOVENA PELAS ALMAS DO PURGATÓRIO

            Este exercício da NOVENA PELAS ALMAS, praticável em qualquer tempo do ano, tendo sido aprovada pela competente autoridade eclesiástica, segundo o teor do rescrito da Sagrada Congregação das Indulgências (26 de novembro de 1876) goza das Indulgências seguintes:

            Indulgência de 300 dias, em cada dia da novena. Indulgência plenária, em um dos dias da novena ou em um dos oito dias que imediatamente a seguem e nas condições ordinárias.

ATOS PREPARATÓRIOS

            Oração: Santa Margarida Maria, a quem Nosso Senhor escolheu para estabelecer e propagar por toda parte, como uma fonte inesgotável de graças, a devoção a seu divino Coração; vós que tendes ouvido as almas do Purgatório pedir-vos este remédio novo, tão salutar em seus sofrimentos, e que tendes libertado por este meio uma multidão dessas pobres prisioneiras, obtende-nos a graça de executar santamente essa piedosa prática dum passeiozinho pelo Purgatório, em companhia do Sagrado Coração de Jesus e da novena pelas almas.

            União de intenções com os fiéis que realizam, diariamente, este santo exercício, na Igreja titular da Obra, situada em Lungotévere Prati, Roma.

            Consagração do dia: Ó divino Coração de Jesus, ao fazer em vossa companhia este passeiozinho pelo Purgatório, nós vos consagramos tudo o que fizemos e esperamos fazer de bem, com o socorro de vossa graça, durante este dia, e vos pedimos apliqueis os vossos méritos em favor dessas almas sofredoras. E vós, santas almas do Purgatório, empregai ao mesmo tempo todo o vosso poder no sentido de nos obterdes a graça de viver e de morrer no amor e na fidelidade ao Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, correspondendo, sem resistência, a seus desejos sobre nós. Amém.

            Oferecimento: Pai Eterno, nós vos oferecemos o sangue, a Paixão e a Morte de Jesus Cristo, as dores da Santíssima Virgem e as de São José, pela remissão de nossos pecados, pela libertação das almas do Purgatório e pela conversão dos pecadores. (100 dias de indulgência)

            Invocação: Amado seja por toda parte o Sagrado Coração de Jesus! (300 dias de indulgência uma vez ao dia)

            Ó Maria, Mãe de Deus e Mãe de misericórdia, rogai por nós e pelos mortos!  (300 dias de indulgência uma vez ao dia)

            São José, modelo e padroeiro dos amigos do Sagrado Coração de Jesus, rogai por nós! (300 dias de indulgência uma vez ao dia)

            Prelúdio: Desçamos um instante pelo pensamento, com o amor do Coração de Jesus e a abundância de suas graças, às chamas devoradoras do Purgatório!

1.      Quantas vêm nesse momento iniciar aí o seu doloroso cativeiro!

            Como elas são felizes! Livraram-se do inferno para sempre... Estão certas de que chegarão à suprema felicidade... São as amigas de Deus... Estão salvas!

            Como elas estão tristes! Acham-se cobertas de mil imperfeições... De muitas penas temporais devidas ainda aos restos dos pecados perdoados... Exiladas por um certo tempo de sua celeste pátria... Condenadas ao fogo expiatório!

            2. Que santa legião quase inteiramente purificada se apresta hoje mesmo para voar ao céu! Felicitemo-las, demos a elas o derradeiro sufrágio que apressará em alguns instantes a sua festiva partida, digamos a elas que se lembrem de nós no reino eterno.

            3. Que multidão se encontra aí encerrada já há tanto tempo, e que aí permanecerá ainda por longo prazo!

            Há aí almas desconhecidas, almas abandonadas, almas de seculares, de religiosos, de sacerdotes, almas que nos são caras.

            Contemplemo-las, ouçamos seus gemidos, dirijamos a elas uma palavra de amizade e de compaixão, prestemos-lhes assistência!

PRIMEIRO DIA – DOMINGO

            Colóquio — De que te arrependes, santa alma do Purgatório, de ter feito na terra que deixaste?

            Arrependo-me do tempo perdido: Não o julgava nem tão precioso, nem tão rápido, nem tão irreparável... Se eu o soubesse!...Se eu pudesse ainda repará-lo!...

            Tempo precioso!... Aprecio-te agora como o mereces. Tu me foste dado para empregar-te no amor de Deus, em minha santificação, no consolo e na edificação do próximo; empreguei-te porém no pecado, no prazer, em obras que agora me causam amargos pesares! Tempo tão rápido na terra e tão lento nesta prisão de fogo! Passavas outrora como o relâmpago; a minha vida fugia como um sonho; e agora as horas me parecem anos!...Os dias... Séculos!

            Tempo irreparável! Na terra parecias jamais acabar; e a morte cortou o fio dos meus dias, no momento em que menos o pensava. Ó tempo perdido, eis que passaste sem esperança de voltar!

            Oh! Vós que viveis ainda na terra, consagrai por nós ao Coração de Jesus algumas dessas horas em que a graça vos é oferecida em tão grande abundância e com tanta facilidade!

PIEDOSAS PRÁTICAS

            Resolução: Socorrer hoje no Purgatório, por todos os meios em nosso poder, as almas daqueles que, durante sua vida, praticaram este santo exercício, e recomendar-nos àquelas que, neste instante, sobem ao Céu.

            Ramalhete espiritual: “Os sofrimentos das almas do Purgatório são tão grandes que um dia lhes parece mil anos”. (São Vicente Ferrer)

            Sufrágio: Consagrar um instantezinho honrando o Sagrado Coração em favor das Almas do Purgatório.

            Intenção particular: Rogareis ao Sagrado Coração em favor da Alma mais abandonada.

            Motivo: Quanto maior for a sua penúria, maior será o seu reconhecimento. Ela pedirá a Deus que não vos abandone, e que não permita jamais vos afastardes dele pelo pecado.

            Oração para o domingo: Ó Senhor, Deus onipotente, suplico-vos, pelo Sangue preciosíssimo que Jesus, vosso divino Filho, derramou no Jardim das Oliveiras, liberteis as almas do Purgatório; recomendo-vos de modo muito particular a alma mais abandonada. Conduzi-a à morada da glória, afim de que ela vos louve e bendiga durante toda a eternidade. Amém.

Pai-Nosso, Ave-Maria, De profundis.

            Oração jaculatória: Doce Coração de Jesus, fazei que eu vos ame sempre e cada vez mais! (Indulgência de 300 dias cada vez)



SALMO 129

De profundis clamavi ad te, Dómine: Dómine, exáudi vocem meam.

Fiant aures tuae intendentes, in vocem deprecatiónis meae.

Si iniquitátes observáveris, Dómine: Dómine, quis sustinébit?

Quia apud te propitiátio est: et propter legem tuam sustínui te, Domine.

Sustínuit ánima mea in verbo ejus: sperávit ánima mea in Dómino.

A custódia matutina usque ad noctem: spéret Israel in Dómino.

Quia apud Dóminum misericórdia: et copiosa apud eum redémptio.

Et ipse rédimet Israel, ex ómnibus iniquitátibus ejus.

Réquiem aetérnam dóna eis, Domine.

Et lux perpétua lúceat eis.

Requiescant in pace. Amen.



Tradução

Das profundezas do abismo, eu bradei para Vós, Senhor: Senhor, ouví minha voz!

Que vossos ouvidos sejam atentos à voz de minha oração.

Se tomardes em consideração as nossas iniquidades, Senhor: Senhor, quem poderá subsistir diante de Vós?

Mas Vós sois rico de misericórdia; e eu espero em Vós, Senhor, por causa de vossa lei.

Minha alma apoiou-se em vossa palavra, minha alma pôs toda sua confiança no Senhor.

Desde a manhã até à noite, Israel espera no Senhor.

Porque no Senhor existe a misericórdia e uma abundante redenção.

É Ele que resgatará Israel de todas as suas iniquidades.

Versículo

Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno!

E a luz perpétua as ilumine.

Descansem em paz. Amém.

Nota. Pela recitação piedosa do Salmo “De profundis” e do Versículo “Dai-lhes, Senhor...” em sufrágio das almas do Purgatório, pode-se ganhar uma indulgência de 3 anos; e de 5 anos, em cada dia do mês de Novembro; uma indulgência plenária, pela recitação diária durante um mês inteiro, nas condições de costume. (S. Penit. De 20-11-1940) Pela simples recitação do Versículo, ganha-se, cada vez, a indulgência de 300 dias. (Pio X, 13-2-1906)



SEGUNDO DIA – SEGUNDA-FEIRA

            Colóquio — De que te arrependes, santa alma do Purgatório, de ter feito na terra que deixaste?

            Arrependo-me dos bens dissipados. — Minha fortuna, minha saúde, meus talentos, minha posição no mundo: tudo isto poderia ter sido para mim um poderoso meio de salvação, se eu o tivesse aplicado na glória de Deus.

            Quantas graças eu atrairia então sobre mim! Mas eu não quis! E todos os meus bens desvaneceram-se a meus olhos, no momento da morte! Ah! Se eu dispusesse hoje desses bens perecíveis, como eu me aplicaria em adiantar um momento que fosse a minha libertação, para aumentar um degrau na glória que Deus me reserva no Céu, e para fazer conhecida na terra, a mais uma alma, a devoção ao Sagrado Coração.

            Vós que, na terra, dispondes ainda de alguma fortuna, lembrai-vos de que dela haveis de dar contas... Pensai nisto... Usai dela segunda a justiça, a piedade e a caridade. Pagai vossas dívidas para com os vivos e para com os mortos; dai generosas esmolas aos pobres; trabalhai pela glória do Sagrado Coração esforçando-vos, por uma piedosa liberalidade, pela difusão do seu culto até as extremidades do mundo que lhe foi inteiramente consagrado.

PIEDOSAS PRÁTICAS

            Resolução: Socorrer hoje no Purgatório, por todos os meios em nosso poder, as almas dos fiéis chegadas de todos os pontos da Europa, especialmente as de Roma, e recomendar-nos àquelas que, neste momento, sobem ao Céu.

            Ramalhete espiritual: “À esmola estão abertas as portas do Paraíso” (S. João Crisóstomo).

            Sufrágio: Fazer alguma esmola para o culto do Sagrado Coração.

            Intenção particular: Rezar pela alma mais aproximada da sua libertação.

            Motivo: Quanto mais próximo está o termo de seu sofrimento, mais a alma deseja unir-se ao Sagrado Coração. Removei o obstáculo! Em troca, ela pedirá para vós a graça de romper os últimos laços que vos impedem de entregar-vos inteiramente a Deus.

            Oração para a segunda-feira: — Ó Senhor, Deus onipotente, suplico-vos, pelo Sangue preciosíssimo que Jesus, vosso divino Filho, derramou em sua flagelação, liberteis as almas do Purgatório, e sobretudo aquela que se acha prestes a entrar na glória, afim de que ela comece desde já a bendizer-vos por toda eternidade.

Pai-Nosso, Ave-Maria, De profundis.

            Oração jaculatória: Doce Coração de Maria, sede minha salvação. (300 dias de ind.)



TERCEIRO DIA – TERÇA-FEIRA

            Colóquio — De que te arrependes, santa alma do Purgatório, de ter feito na terra que deixaste?

            Arrependo-me das graças desprezadas. — Elas me foram oferecidas em tão grande abundância, a cada instante de minha vida, com tão insistentes solicitações... Regeneração cristã pelo batismo, vocação, sacramentos, palavra de Deus, inspirações santas, bons exemplos, favores insignes de preservação no perigo, de socorro na tentação, de perdão depois da queda. Que soma incalculável de escolhidas graças!

            A umas eu recusei; aceitei friamente outras; abusei da maior parte delas.

            Ah! Se eu tivesse hoje, num só momento, a liberdade de estancar minha sede nas fontes de misericórdia que jorram do Coração Sagrado de Jesus, e que os pecadores e os indiferentes desprezam!

            Escutai o que Santa Margarida Maria vos diz do alto do Céu, como nós vo-lo dizemos: “Existe ninguém no mundo que não experimente toda espécie de socorros, uma vez que não falte para com Jesus Cristo um amor reconhecido tal como é aquele que lhe é testemunhado pela devoção a seu Sagrado Coração”.  (Obras de Santa Margarida Maria, tom. II, 86)

PIEDOSAS PRÁTICAS

            Resolução: Socorrer hoje no Purgatório, por todos os meios ao nosso alcance, as almas dos fiéis vindas de todas as regiões da Ásia, e especialmente as da Palestina, e recomendar-nos àquelas que, neste instante, sobem ao Céu.

            Ramalhete espiritual: “O valor duma só graça é superior ao valor natural do universo inteiro” (S. Tomás).

            Sufrágio: Algumas práticas indulgenciadas em honra do Sagrado Coração.

            Intenção particular: Orar pela alma do Purgatório mais distanciada de sua libertação.

            Motivo: Deixai-vos tocar por sua desolação e por sua humildade em suportar seus longos sofrimentos, pois elas vos serão reconhecidas! Felizes sereis, se elas vos obtiverem a humildade neste mundo, para serdes glorificados no outro.

            Oração para terça-feira Ó Senhor, Deus onipotente, suplico-vos, pelo Sangue preciosíssimo que Jesus, vosso divino Filho, derramou em sua dolorosa coroação de espinhos, liberteis as almas do Purgatório, sobretudo aquela que deveria ser a última a sair desse lugar de tormentos, afim de que ela não demore tanto a louvar-vos em vossa glória e a bendizer-vos para sempre. Amém.

Pai-Nosso, Ave-Maria, De profundis.

            Oração jaculatória: — Pai Eterno, ofereço-vos o sangue preciosíssimo de Jesus Cristo, em expiação de meus pecados, em sufrágio das santas almas do Purgatório e pelas necessidades da Santa Igreja.                      (500 dias de indulg.)



QUARTO DIA – QUARTA-FEIRA

            Colóquio — De que te arrependes, santa alma do Purgatório, de ter feito na terra que deixaste?

            Arrependo-me do mal cometido... — Outrora parecia-me ele tão sem importância e tão agradável! E por isso eu sufocava os remorsos em meio dos prazeres... Hoje seu peso esmaga-me, sua amargura faz o meu tormento, sua lembrança persegue-me e me dilacera. Pecados mortais perdoados, mas não expiados; faltas veniais, imperfeições leves, só muito tarde eu compreendo agora a vossa malícia!

            Ah! Se eu pudesse voltar à vida!... Nenhuma promessa, por fascinante que fosse, nenhuma honra, nenhum prazer, nenhuma palavra sedutora seria capaz de me incitar a cometer o menor pecado.

            Vós que ainda tendes a liberdade de escolher entre Deus e o mundo, contemplai os flagelos, os espinhos, a cruz, que torturaram Jesus; elas vos dirão o que nossos pecados Lhe custaram.

            Pensai nos arrependimentos tardios e dolorosos que haveis de ter de vossas faltas no Purgatório, e nada vos custará para confessar, no Sacramento da Penitência, todas as do passado, para sofrer no presente a pena que ainda lhes é devida, e para evita-las no futuro.

PIEDOSAS PRÁTICAS

            Resolução: Socorrer hoje no Purgatório, por todos os meios ao nosso alcance, as almas dos fiéis chegadas de todas as regiões da África, especialmente dos países outrora católicos, e recomendar-nos àquelas que, neste momento, sobem ao Céu.

            Ramalhete espiritual: Que vale ao homem ganhar o mundo inteiro, se ele vier a perder a sua alma?

            Sufrágio: Um ato de contrição diante de uma imagem do Sagrado Coração.

            Intenção particular: Rogar pela alma mais rica em merecimentos.

            Motivo: Quanto mais ela for elevada em glória no Céu, mais eficazmente poderá obter-nos um verdadeiro amor de Deus, sem o qual não existe verdadeiro mérito.

            Oração para a quarta-feira — Ó Senhor, Deus onipotente, suplico-vos, pelo Sangue preciosíssimo que Jesus, vosso divino Filho, derramou nas ruas de Jerusalém, ao carregar uma cruz tão pesada em seus ombros sagrados, liberteis as almas do Purgatório, e mui especialmente aquela que for mais rica em merecimentos diante de vós, afim de que, elevada ao lugar sublime que espera, ela vos louve e bendiga para sempre. Amém.

Pai-Nosso, Ave-Maria, De profundis.

            Oração jaculatória: Jesus, Maria, José, eu vos dou meu coração, minha alma e minha vida. Jesus, Maria, José, assisti-me na última agonia. Jesus, Maria, José, morra eu tranquilamente na vossa santa companhia.  (7 anos de ind. para cada uma das três invocações.)



QUINTO DIA – QUINTA-FEIRA

            Colóquio — De que te arrependes, santa alma do Purgatório, de ter feito na terra que deixaste?

            Arrependo-me dos escândalos dados. — Se, ao morrer, eu tivesse podido eliminar as tristes consequências de meus escândalos!... Se eu pudesse deter daqui, no declive do abismo, tantas pobres almas que seguem meus tristes exemplos e minha perversa doutrina!... Mas, não é possível, e por minha culpa ainda se comete o mal, e isto se dará durante anos, séculos, e me são exigidas contas da parte que me cabe sobre todos os pecados de que me fiz a causa. Se me fosse permitido fazer chegar minha palavra abrasadora até às extremidades da terra, e percorrer com missionário o mundo inteiro, como esforçar-me-ia para desviar as almas do vício, e conduzi-las à virtude!

            Vós que vindes visitar-me em minha prisão tenebrosa, e que fazeis brilhar a meus olhos um raio de luz, possuis no Sagrado Coração o meio mais seguro e mais fácil, cooperando com a sua graça, reproduzindo suas virtudes, animando-vos de seu zelo de converter muitas almas, em número maior ainda do que o número daquelas às quais escandalizei.

PIEDOSAS PRÁTICAS

            Resolução: Socorrer hoje, no Purgatório, por todos os meios ao nosso alcance, as almas dos fiéis vindas de todas as regiões da América, especialmente aquelas das regiões ainda selvagens, e que começam a receber as luzes da fé, e recomendar-nos àquelas que, neste momento sobem ao Céu.

            Ramalhete espiritual: A cada um segundo as suas obras.

            Sufrágio: Dar hoje a alguma pessoa uma estampa do Sagrado Coração.

            Intenção particular: Orar pela alma mais devota ao Santíssimo Sacramento.

            Motivo: Ela pedirá por vós a graça de recebê-lo dignamente na hora da morte, como penhor de vossa salvação eterna.

            Oração para a quinta-feira Ó Senhor, Deus onipotente, suplico-vos, pelo Corpo adorável e pelo Sangue preciosíssimo de vosso divino Filho Jesus, que, na véspera de sua Paixão, se deu a si mesmo como comida e como bebida a seus apóstolos estremecidos, e deixou ainda a toda sua Igreja um Sacrifício perpétuo, e a seus fiéis um alimento vivificante, liberteis as almas do Purgatório, e mui especialmente a mais devota deste mistério de amor infinito, afim de que ela vos louve por vosso divino Filho, em vosso divino Filho, em união com o Espírito Santo, na mansão de vossa glória, durante toda a eternidade. Amém.

Pai-Nosso, Ave-Maria, De profundis.

            Oração jaculatória: Ó meu Jesus, misericórdia. (Indulgência de 300 dias cada vez)



SEXTO DIA – SEXTA-FEIRA

            Colóquio — De que te arrependes, santa alma do Purgatório, de ter feito na terra que deixaste?

            Arrependo-me da penitência omitida. — Como ela teria sido fácil, ontem, no mundo!... Como ela é penosa, hoje, no Purgatório!... Aqui o menor dos meus sofrimentos está acima das maiores dores da terra. Lá eu não teria então outra coisa a fazer senão aceitar com resignação o trabalho, a dor, a contradição; privar-me de alguns bens supérfluos, para com eles ajudar os pobres; praticar obras satisfatórias; fazer uso das indulgências e das práticas de piedade. Que poderia haver de mais fácil?!...

            Ah! Se Deus me permitisse voltar à terra, nenhum regulamento se me afiguraria austero demais, nenhum martírio me causaria terror; não haveria para mim senão suavidade nas mais rigorosas penitências, ante a idéia deste fogo devorador, cujos ardores eu evitaria por meio delas.

            Vós que sofreis nesse vale de lágrimas, alegrai-vos: a mais leve pena cristãmente suportada em vista de vossos pecados, para satisfazer à justiça de Deus, e oferecida ao Sagrado Coração em espírito de reparação, pode poupar-vos um longo e penoso Purgatório.

PIEDOSAS PRÁTICAS

            Resolução: Socorrer hoje, no Purgatório, por todos os meios ao nosso alcance, as almas dos fiéis vindas dos confins longínquos da Oceania, principalmente as das missões católicas mais provadas, e recomendar-nos àquelas que, neste momento, sobem ao Céu.

            Ramalhete espiritual: Fazer dignos frutos de penitência

            Sufrágio: Uma pequena penitência para alívio das almas do Purgatório.

            Intenção particular: Orar pelas almas pelas quais tendes mais obrigação de rezar.

            Motivo: É um dever vosso. E se, a respeito dessas almas, tiverdes alguma obrigação de justiça, não adieis mais; do contrário atraireis sobre vós a vingança divina!

            Oração para a sexta-feira: Ó Senhor, Deus onipotente, suplico-vos, pelo preciosíssimo Sangue que que Jesus, vosso divino Filho, derramou num dia idêntico a este na árvore da Cruz, sobretudo pelas chagas de suas mãos e de seus pés sagrados, liberteis as almas do Purgatório, e de modo particular aquela pela qual estou mais obrigado a orar, afim de que não seja por minha culpa que Vós não a introduzireis imediatamente ao seio de vossa glória, para que ela vos louve e vos bendiga para sempre. Amém

Pai-Nosso, Ave-Maria, De profundis.

            Oração jaculatória: Jesus, doce e humilde de Coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso.                     (Indulgência de 300 dias)

SÉTIMO DIA – SÁBADO

            Colóquio — De que te arrependes, santa alma do Purgatório, de ter feito na terra que deixaste?

            Arrependo-me da pouca caridade que tive na terra para com as almas do Purgatório.

            Poderia ter-lhes sido tão útil durante minha vida! Orações, penitências, esmolas, boas obras, comunhões, santas Missas, devoção ao Sagrado Coração; de quantos meios eu dispunha para consolar estas pobres almas, retidas como prisioneiras nesta morada de fogo, de trevas e de sofrimentos!

            Se eu tivesse utilizado bem desses meios, teria alcançado para mim graças poderosas para evitar o pecado e para voar diretamente ao Céu; teria ao menos merecido um Purgatório mais mitigado, mais rápido, e também teria uma parte maior no fruto das orações que de toda parte se oferecem por nós.

            Ah! Se eu pudesse voltar à terra, ninguém seria mais devotado do que eu às almas sofredoras! Quantas Missas haveria de ouvir! Quantas Missas faria celebrar por elas! Quantas orações encaminharia aos Céus em favor delas!... Que esforços não faria para excitar em seu favor a compaixão de todos!

            O que eu não fiz, quando podia, vós, almas cristãs, não deixeis de fazê-lo enquanto ainda tiverdes tempo.

PIEDOSAS PRÁTICAS

            Resolução: Socorrer hoje, no Purgatório, por todos os meios ao nosso alcance, as almas dos fiéis vindas da Austrália, e particularmente da Nova-Guiné, e recomendar-nos àquelas que, neste momento, sobem ao Céu.

            Ramalhete espiritual: É justo que nós soframos neste mundo.

            Sufrágio: Propagai este livrinho, e as almas ser-vos-ão reconhecidas.

            Intenção particular: Orar pela alma mais devota da Santíssima Virgem.

            Motivo: Dar a maior alegria a Maria Santíssima que, inclinando-se às orações por esta alma, obter-vos-á a graça de uma verdadeira devoção ao Sagrado Coração de Jesus.

            Oração para o sábado Ó Senhor, Deus onipotente, suplico-vos, pelo preciosíssimo Sangue que jorrou do lado de Jesus, vosso divino Filho, à vista de sua Mãe Santíssima, mergulhada numa extrema dor, liberteis as almas do Purgatório, e em particular aquela que foi mais devota dessa grande Rainha, afim de que ela seja admitida o quanto antes em vossa glória e possa louvar-vos por todos os séculos. Amém.

Pai-Nosso, Ave-Maria, De profundis.

            Oração jaculatória: Ó Maria, que entrastes no mundo sem mancha, alcançai-me de Deus, eu vo-lo peço, que eu possa sair do mundo sem pecado.



OITAVO DIA – DOMINGO

            Colóquio — De que te arrependes, santa alma do Purgatório, de ter feito na terra que deixaste?

            Arrependo-me dos pecados de omissão, especialmente de não ter assistido bem à santa Missa.

            Não apreciava bem o valor da santa Missa, renovação do santo sacrifício de Jesus no Calvário.

            Como é importante assistir bem e frequentemente à santa Missa. Morreu Jesus para salvar as almas, e cotidianamente renova esta morte de modo incruento no santo Sacrifício da Missa. E eu não a estimava bastante. Não ia buscar aos pés do altar remissão dos meus pecados pelo preciosíssimo Sangue de Jesus. Não ia buscar as forças necessárias para resistir às tentações; não vivia em constante união com Deus dos nossos altares. Por isso, estou agora aqui e sofro. Sofro com paciência, e merecidamente; mas podia ter sido de outra maneira. O santo Sacrifício da Missa é de um valor infinito, e eu podia ter aproveitado. Se o tivesse feito, agora já estaria no Céu, perto de Jesus.

            Se na terra tivesse recorrido mais às graças que emanam do Sagrado Coração     de Jesus na hora da Santa Missa!... Quão grande seria agora a minha santidade! Que tesouro de graças teria tido na minha alma na hora da morte! Como estaria agora perto do trono de Deus! Se pudesse voltar!... Mas pelo menos tu, alma devota, que ainda vives na terra, tu podes assistir frequentemente à santa Missa, enriquecer-te com as graças divinas, aplica-las também a nós, pobres almas do Purgatório.

PIEDOSAS PRÁTICAS

            Resolução: Participar mais frequentemente e intensamente da santa Missa, recebendo a santa Comunhão, também pelas almas do Purgatório.

            Ramalhete espiritual: “Quem comer a minha Carne e beber o meu Sangue, terá a vida eterna, e eu o ressuscitarei no derradeiro dia”. (Jo. VI)

            Sufrágio: Assistir também à santa Missa em dias de semana, quando puder.

            Intenção particular: Rezar pelas almas mais abandonadas.

            Motivo: As almas do Purgatório nada podem fazer para si mesmas. O tempo de merecimentos próprios passou para elas. Devemos ajudar principalmente aquelas almas, das quais ninguém se lembra.

            Oração: Deus onipotente, que todos os dias no santo Sacrifício da Missa vos ofereceis ao Pai celestial para expiação dos nossos pecados, lançai um olhar benigno sobre as almas do Purgatório, especialmente as mais abandonadas, e dizei-lhes a mesma palavra que dissestes ao bom ladrão: Hoje estareis comigo no paraíso.

Pai-Nosso, Ave-Maria, De profundis.

            Oração jaculatória: Pela repetição incruenta de vosso Sacrifício da cruz, livrai as almas mais abandonadas, meu Jesus!       



NONO DIA – SEGUNDA-FEIRA

            Colóquio — De que te arrependes, santa alma do Purgatório, de ter feito na terra que deixaste?

            Arrependo-me da vida materialista que levei. Quando ainda estava na terra, vivia esquecido do meu último fim. Criado para servir a Deus, e assim ganhar a felicidade do Céu, procurava demasiadamente o bem estar do corpo, os divertimentos, as comodidades. Ouvia os avisos e os ensinamentos dos sacerdotes, mas não lhes dava importância. Sufocava a voz de minha consciência, e continuava numa vida de tédio espiritual. E ainda que evitasse o pecado mortal, não procurava Deus, meu sumo Bem; não enriquecia-me com as graças divinas pela frequência dos Sacramentos; não me alimentava constantemente com o Pão dos Anjos na santa Comunhão. A minha vida foi uma vida mundana, em que a vida da graça definhava cada vez mais. Hoje vejo, como foi vã esta vida.

            Tu, que ainda estás na terra, aprendes de mim! Dirige tua vida conscientemente ao fim para que foste criada! Procura a glória de Deus, também quando custa sacrifícios. Domina os desejos do corpo, para que tua alma não venha a sofrer no Purgatório.

PIEDOSAS PRÁTICAS

            Resolução: Socorrer hoje, por todos os meios ao nosso alcance, as almas do Purgatório, especialmente as que vieram de nossa própria Pátria; temos obrigações especiais para com elas.

            Ramalhete espiritual: Lembrai-vos, Senhor, dos servos e das servas que foram em nossa frente com o sinal da fé e dormem o sono da paz (Canon da Missa).

            Sufrágio: Uma visita ao Santíssimo Sacramento, pelas almas.

            Intenção particular: Rogar pelas almas dos nossos compatriotas.

            Motivo: Viveram na mesma terra, trabalharam para seu progresso material e espiritual. Somos por isso seus devedores.

            Oração Ó Deus, que perdoais os pecados, e que amais a salvação das almas; invocamos a vossa clemência, para que façais chegar à participação da eterna felicidade as almas de nossos irmãos, parentes e benfeitores, pela intercessão de Maria sempre Virgem e de todos os Santos. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém.

Pai-Nosso, Ave-Maria, De profundis.

            Oração jaculatória: Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno!



ARQUICONFRARIA

DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

para alívio e libertação das almas do Purgatório, erigida canonicamente na igreja do mesmo título em Roma.

            I.  — Fim da Arquiconfraria: Obter em virtude da aplicação dos méritos do Sagrado Coração de Jesus, sobretudo pelo santo e perpétuo sacrifício da Missa, o alívio e a libertação das almas do Purgatório, a sua própria santificação e a dos associados, a conversão dos pecadores e as graças espirituais e temporais mais necessárias.

            II.  — Vantagens: 1) Proteção especial do Coração de Jesus que considera como feito a si mesmo o bem que se faz às queridas prisioneiras.

            2) Aplicação dos sufrágios dos associados a todas as almas do Purgatório, especialmente às dos associados falecidos e às dos mortos encomendados pelos associados vivos.

            3) Participação durante a vida e depois da morte, das orações e dos méritos dos associados e de todas as intenções gerais da Arquiconfraria.

            4) Numerosas indulgências e privilégios.

            III.  — Condições: Dar ou enviar o nome e sobrenome à sede central em Roma (Lungotévere Prati, 12) ou inscrever-se pessoalmente nas sedes das Confrarias filiadas.

            IV.  — Práticas recomendadas: 1) Fazer celebrar, se possível, uma Missa ao menos por ano, onde, quando e pelo padre que se quiser, segundos as intenções gerais da Obra.

            2) Socorrer as almas do Purgatório mediante as diversas obras de piedade e as orações aprovadas e enriquecidas de indulgências pela Santa Igreja, mediante especialmente a Santa Missa, a Comunhão, a Hora do Sufrágio, o De profundis, e pelos atos de caridade cristã para com os vivos e mortos.

            3) Aplicar em seu favor os frutos da devoção ao Sagrado Coração e realizar uma pequena peregrinação espiritual junto dessas santas almas, afim de consolá-las por nossos sufrágios, segundo a recomendação de Santa Margarida Maria Alacoque (Carta 85).

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