terça-feira, 18 de agosto de 2015

Avisos e remédios contra as más amizades - Filotéa


Filotéa


20- Avisos e remédios contra as más amizades 


   Perguntas-me, porém, que precauções se podem tomar contra esses amores levianos e impuros; eis aqui, pois, alguns meios preservativos.

    Desde a primeira tentação que teu coração sentir, por mais leve que seja, vira-o imediata e completamente para o outro lado e com uma detestação oculta, mas firme, destas vaidades sensuais, eleva-te em espírito  à cruz do divino Salvador e toma a sua coroa de espinhos, para fazer uma cerca, com diz a Escritura, em redor do teu coração, afim de que, como ela mesma acrescenta, as pequenas raposas não se aproximem.

    Guarda-te cuidadosamente de entrar em alguma combinação com o inimigo; nem digas: eu o escutarei, mas não farei nado que me disser; dar-lhe-ei atenção, mas recusarei tudo de coração.

   Ó Filotéa, arma-te nessas ocasiões com a firmeza mais sólida. Muito estreitamente ligados estão o coração e os ouvidos para se crer que aquele   não seja influido pelo que estes recebem; e, como é impossível deter uma torrente que se lança pelo declive de uma montanha, também não se pode impedir que aquilo que o amor fez chegar aos ouvidos não cai no coração.

    Uma pessoa de honra nunca dará atenção à voz do encantador. Se acaso o escuta - ó Deus!- que funestos angúrios de perversão completa de coração! A SS. Virgem perturbou-se  à vista do anjo, porque estava só e muito grandes eram os louvores que lhe trazia embora viesse do céu. Ó Salvador do mundo! Aquela mesma pureza teme um anjo em forma humana; e nós, que somos tão impuros, não deveríamos temer um homem, embora pareça um anjo, se nos dá louvores cheios de adulações vãs e sensuais?

   Semelhantes complacências jamais serão permitidas nem justificadas por razão alguma de boa educação ou respeito; nem mesmo se, procedendo de outra forma, te mostrares descortês e incivilizada.

    Lembra-te sempre que, tendo a Deus consagrado o coração e imolado o teu amor, seria uma espécie de sacrilégio tirar daí a mínima parte que fosse; renova no momento da tentação o teu sacrifício, por toda sorte de boas resoluções e protestos, e, conservando o coração fechado, como o veado no seu esconderijo, suplica a assistência de Deus; e Deus virá em tem auxílio e o seu amor tomará o teu sob a sua proteção, afim de que permaneça intato para ele. 

(Pág. 239-240)

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