quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Francisco: quando a heresia e a desinteligência se juntam em uma só pessoa

 SPES
 Como visto em Quando a heresia se junta à desinteligência, disse Francisco que Jesus é consubstancial ao Pai, Deus, mas também consubstancial à Mãe, uma mulher, e a nós”. Ora, tal afirmação implica algo duplo: heresia e desinteligência, porque 1)vai contra os dados da Fé e o magistério infalível, e 2) implica a ignorância de não saber (ou não querer saber) o que seja “substancial”.
1) Quanto ao fato de que vai contra a Fé e o magistério, é notório, razão por que não nos estenderemos aqui sobre ele. 
2) Quanto à referida desinteligência ou ignorância, sem dúvida alguma culpada, há que esclarecer primeiramente o que se quer dizer por consubstancial na doutrina católica de sempre.
a) Antes de tudo, o que é substância. Ora, em um sentido, e como já dizia Aristóteles, substância é tudo aquilo que subsiste por si. Assim, cada árvore, cada animal, cada homem é uma substância, porque subsiste por si.
b) Quando um ser humano, por exemplo, é gerado por seus pais e se constitui em embrião, é já uma substância diferente da deles, ainda que até seu nascimento ainda dependa umbilicalmente daquela que o leva em seu seio.
c) Note-se que tal novo ente, já desde o estado de embrião, tem a mesma essência de seus pais (os três são homens, ou seja, animais racionais), mas nenhum dos três tem o mesmo ser que os outros, porque, sendo cada um uma substância e pois subsistindo por si, tem cada um seu ser próprio.
3) Pois bem, do ângulo de sua natureza humana, Cristo é (digamos) como todo e qualquer homem: tem a mesma essência da espécie humana e pois de sua Mãe; e, mais, tem um ser outro que o dela, justamente porque é substância (embora aqui se trate da hipóstase de Divindade e humanidade).
4) Mas, enquanto é Deus, Cristo – gerado (não feito) como Verbo d’Ele – é porém consubstancial ao Pai, justamente porque, além de ter a mesma essência d’Ele, tem o mesmo ser que Ele: o que implica dizer que são ambos a mesma substância, ou seja, que são consubstanciais um ao outro (e ao Espírito Santo). Que a Trindade sejam três Pessoas distintas ainda que substancialmente idênticas é o próprio mistério central da Fé e da Religião – e ninguém o explicou melhor que Santo Tomás de Aquino ao longo de sua vasta obra.     
E, como diz o Doutor Angélico em seu Compêndio de Teologiainfere-se “o motivo por que a Regra da Fé Católica nos ensina a professar que o Filho é consubstancial ao Pai”, com o que “dois erros são excluídos.
1 — Em primeiro lugar, para que não se entenda pai e filho tal como existem na geração carnal, na qual o filho se origina da substância do pai como que por uma separação: se assim fosse, o Filho não poderia ser consubstancial ao Pai.
2 — Em segundo lugar, para que também não consideremos o Pai e o Filho conforme a geração que se processa na inteligência humana, tal como o verbo [ou palavra cordial] é concebido em nossa inteligência, advindo a ela acidentalmente, e existindo nela como não vindo da própria essência.
[...] Assim, tudo o que é atribuído a Deus deve ser atribuído também ao Verbo de Deus”.
 Por tudo isto, portanto, é que dizemos que na afirmação de Francisco há uma mescla de heresia e desinteligência. Mas devemos dizer mais: que em tal mescla há antes heresia que ignorância, porque, como é óbvio, se trata aqui de ignorância culpada exatamente de heresia.
 Em tempo: Mas, se diz heresias, então Francisco é de algum modo herético, e a heresia impede de raiz a pertença à Igreja. Não estaria então vacante a Sé de Pedro, como disse recentemente, por exemplo, o Padre Kramer, ao assinalar que com Francisco há “uma explosão de heresias”? Antes de tudo, precise-se: tal explosão de heresias não começa com Francisco, senão que vem desde João XXIII (o que Francisco acrescenta é uma combinação de desinteligência e de maior radicalidade, isto no sentido de que está aí para levar a seus últimos termos a própria doutrina do Vaticano II). Se porém a heresia impede de raiz a pertença à Igreja, insista-se, não está vacante a Sede? É o que pretendemos solucionar (na medida do possível, ou seja, sem a presença de um efetivo magistério da Igreja) num estudo que se terminará por março ou abril. Tem a forma de questão disputada (em dez artigos) e é resultado de exatos oito anos de estudo sobre o assunto; ademais, forma com outra questão disputada, esta sobre o Milenarismo, um só volume.

Um comentário:

  1. Também caí nessa. Achei que dizer que o Filho é consubstancial a todos os homens - e portanto a Maria - fosse heresia. Sed contra: "Nosso Senhor Jesus Cristo (...) consubstancial ao Pai pela Divindade e consubstancial [homoousios] a nós pela humanidade..." (Concilio de Calcedônia, Denzinger, 301). Eu postei que era heresia no meu site, mas tive que tirar, pois se a afirmação de Francisco é confusa, mais confuso é acusar o papa e Calcedônia de heresia.

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