quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

QUANDO A FÉ ESTÁ EM PERIGO, TEMOS O DEVER DE FALAR - DOMINICANOS DE AVRILLÉ



QUANDO A FÉ ESTÁ EM PERIGO, TEMOS O DEVER DE FALAR – DOMINICANOS DE AVRILLÉ.







O Brasão dominicano representa um espaço de cor branca adentrando-se em um fundo negro. Poderia explicar o significado?
                                    
Este espaço branco representa a verdade que expulsa as trevas do erro, como um exército de ferro que como ponta de lança penetra as massas inimigas. Com efeito, nossa Ordem foi querida pela Divina Providência para exercitar o ministério da pregação doutrinal, para ensinar a verdade. Sua divisa é Veritas e o papa Honório III, que aprovou a Ordem em 1216, pediu aos dominicanos que fossem “verdadeira luz do mundo – vera mundi lumina

Mas a luz não pode brilhar sem afugentar as trevas. Se queremos esclarecer as inteligências, é necessário denunciar os erros, especialmente os erros da hora presente. Em uma obra como a Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino, se percebe que a exposição dos erros e sua refutação (nas objeções e nas respostas às objeções) tem tanto lugar, se é que não mais, que a exposição da verdade (existem 10.000 objeções na Suma).

É por isso que, com a vontade de ensinar a verdade, devemos denunciar os erros que ameaçam as inteligências católicas deste começo do século XXI, notavelmente as da Igreja conciliar.

Porque, como disse Ernest Hello:

 “Quem quer que ame a verdade, aborrece o erro e este aborrecimento do erro é a pedra de toque mediante a qual se reconhece o amor à verdade”.

“Se não amais a verdade, podereis dizer que a amais e mesmo fazê-la crer os demais; mas estejais seguro que, neste caso, necessitareis do horror ao que é falso, e por este sinal se reconhecerá que não amais a verdade”. Ernest Hello.

Entre os erros atuais, os senhores situam os da “Igreja conciliar”. Estes erros estão contidos no mesmo Concílio Vaticano II ou vem de uma má hermenêutica (interpretação)?

A crise na Igreja vem do Concílio mesmo. Se lermos a história do Concílio, por exemplo, O Reno se lança no Tibre, de Ralf Wiltgen, se vê que um partido liberal e modernista tomou a direção do Concílio com a aprovação ao menos tácita dos papas João XXIII e Paulo VI. É por isso que o Concílio produziu textos infestados de liberalismo e modernismo. Não obstante, o erro está frequentemente mais ou menos dissimulado, porque os modernistas sabem muito bem esconder-se, como o fez notar São Pio X: “Tal página da sua obra poderia estar assinada por um católico; virem a página e crerão ler um racionalista”. Encíclica Pascendi. 

Dai-nos alguns exemplos de erros nos textos do Concílio.

Como o fez notar Monsenhor Lefebvre, o Concílio retomou os três grandes erros da Revolução chamada francesa (Liberdade, Igualdade, Fraternidade) sob uma forma “eclesiástica”: liberdade religiosa – colegialidade – ecumenismo. Estes são os documentos do magistério anterior que os condenam:

A liberdade religiosa afirmada por Dignitatis hamanae foi condenada pelos papas Gregório XVI (Mirarivos), Pio IX (Quantacura), Leão XIII (ImortalleDei), São Pio X (Vehementernos) e Pio XI (Quas primas).

A colegialidade contida no Lumen gentium nº 22 (ainda que corrigido pela Nota praevia) é contrária ao ensinamento do Concílio Vaticano I (Pastor aeternus) sobre o poder supremo do papa.

O ecumenismo e o diálogo inter-religioso preconizados por Unitatis reintegratio e Nostra aetate, são condenados por Pio IX (Syllabus nº 16 e 17), Leão XIII (Satis cognitum) e Pio XI (Mortalium animos).

No fundo destes erros se encontra a doutrina maçônica do humanismo: tudo deve estar centrado no homem (já não em Deus). Este erro está expresso na Gaudium et spes (“tudo na terra deve ser ordenado ao homem como seu centro e seu cume); isso já foi condenado por Pio IX na Syllabus. É por isso que o futuro papa Bento XVI disse justamente que Gaudium et spes pode ser considerado como “uma revisão da Syllabus de Pio IX, uma espécie de contra-Syllabus”.

Portanto o papa Bento XVI propõe uma hermenêutica da continuidade entre o passado da Igreja e o Vaticano II. Que pensa sobre isso?

O mesmo papa que descreve esta hermenêutica como aquela de “renovação dentro da continuidade do único sujeito-Igreja, que o Senhor nos deu; é um sujeito que cresce no tempo e se desenvolve, mas permanecendo sempre o mesmo, único sujeito do povo de Deus no caminho”.

Por consequência, esta hermenêutica permite ensinar uma doutrina contrária a anterior, desde o momento que quem ensina está em continuidade (dizendo que é o sucessor) do que ensinou a doutrina precedente.

Mas a concepção católica do magistério é completamente diferente, o magistério deve transmitir a mesma doutrina, que recebeu de Nosso Senhor “no mesmo sentido e o mesmo pensamento (in eodem sensu eademqe sententia)” (Vaticano I)

Mas o papa nos pede para aderirmos ao Vaticano II. Não devemos obedecê-lo?

É CLARO QUE NÃO. O mesmo São Paulo responde na Epístola aos Gálatas (1,8): “Se qualquer um, seja eu ou um anjo do céu, vos pregaroutro Evangelho que o que nós temos anunciado, seja anátema”. E também São Pedro disse: “Há que obedecer a Deus antes que aos homens” (Atos 5, 29).

A nova missa e o ensinamento do Vaticano II colocam em perigo nossa fé fazendo adotar uma mentalidade modernista e favorecendo a heresia protestante. Portanto, não podemos aceitar, porque nossa fé é nossa propriedade mais preciosa, ela que nos salva.

A respeito do papa e da hierarquia. Devemos adotar uma atitude de defesa passiva esforçando-nos em emitir algumas observações respeitosas e discretas, ou devemos ser mais ofensivos?

QUANDO A FÉ está em perigo, temos o dever de falar para salvaguardar o bem comum da Igreja. Monsenhor Lefebvre soube praticar a ofensiva: por suas palavras (por exemplo, sua declaração de 21 de Novembro de 1974, sua conferência de imprensa de dezembro de 1983, seus sermões de 29 de Junho em Ecône, etc.) e, sobretudo, por suas ações, continuando com a ordenação de sacerdotes e consagrando bispos apesar da proibição da Roma conciliar.

É verdade que já há algum tempo, este espírito de combate diminuiu bastante e isso se mostra muito danoso: os fiéis estão cada vez menos firmes, e a Roma conciliar é cada vez mais empreendedora para causar corrosão e fazer cair a resistência católica. Tem que [se]manter a ofensiva e isto é o que quer fazer nossa revista O sal da terra e suas diversas publicações, notavelmente o Catecismo da crise na Igreja, do padre Gaudron e A estranha Teologia de Bento XVI, de Monsenhor Tisser de Mallerais. 

Os senhores parecem muito pessimistas. Não tem ao menos uma palavra de esperança?

NOSSA ESPERANÇA está no Imaculado Coração de Maria. Se o papa ao fim cumprir a consagração da Rússia (e sabemos que o fará, mas como o Rei da França, será tarde), então a Santíssima Virgem intervirá para salvar a Igreja. Esperando, temos que resistir firmes na fé, rejeitando todo compromisso com o inimigo que ocupa a Igreja. É a Igreja Católica que tem as promessas da vida eterna, não a seita modernista que atualmente a ocupa.

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