sexta-feira, 18 de outubro de 2013

DOUTRINA E COSTUMES

Andrés de Asboth
Revista “Roma”, n° 33, abril de 1974, (fragmento).
Nas épocas de decadência existe uma verdadeira epidemia que mata a personalidade. Não essa falsa personalidade contestatária que cheia de vaidade se crê rebelde, não fazendo mais que seguir a moda, senão a personalidade que nasce de uma afirmação livre do que, iluminado pela reta razão, parece correto ao cristianismo. Existe uma falta de virtude da fortaleza, como dizemos mais acima, a que traz essa mania de “integrar-se na comunidade”.
 “Não queiras amar o mundo, nem as coisas mundanas. Se alguém ama o mundo, não habita nele a caridade do Pai. Porque tudo que há no mundo, é concupiscência da carne, concupiscência dos olhos, e soberba da vida; o qual não nasce do Pai, senão do mundo. Passa o mundo e sua concupiscência; mas o que faz a vontade de Deus, permanece eternamente”1.
 Existe um erro muito difundido por toda parte que o “bom” vive em paz com os que o rodeiam. Este erro trás como conseqüência um temor excessivo, entre os cristãos, em chocar, em estar contra o que diz a corrente. Naturalmente não se deve ser ofensivo sem motivo, mas não há que esperar que da serena afirmação da verdade, do autêntico apostolado que busca converter e não conviver, da profissão da reta doutrina e do desagradável exemplo, para muitos, dos bons costumes, não podem surgir antagonismos. Estes antagonismos um cristão deve os aceitar como uma cruz e não acomodar sua doutrina para evitar que surjam. As divisões já estão anunciadas no Evangelho. Eu vim lançar fogo à terra, e que tenho eu a desejar senão que ele arda? Mas devo ser batizado num batismo; e quanto anseio até que ele se cumpra! Julgais que vim trazer paz à terra? Não, digo-vos, mas separação. Pois de ora em diante haverá numa mesma casa cinco pessoas divididas, três contra duas, e duas contra três; estarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra 2.
 Nenhum cristão de verdade deve estranhar que o mundo não o queira, mais ainda, é uma honra ser odiado pelo mundo, pois isto nos faz semelhantes a nosso Redentor. “Se o mundo vos odeia, sabeis que primeiro que vós, odiou a Mim. Se fôsseis do mundo, o mundo os amaria como coisa sua; mas como os escolhi, por isso o mundo vos odeia” 3. Eu lhes ei comunicado sua doutrina e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como Eu tampouco sou do mundo. Não te peço que os retireis do mundo4. Como se vê, a oposição do Salvador e seus apóstolos com o mundo, a quem Ele se refere nestas passagens, é bem radical.
 Esta oposição não nos deve desanimar em nada. A vitória final sempre é de Deus. Nós só devemos obedecer-lhe. “Porque o amor de Deus consiste em que observemos seus mandamentos. Seus mandamentos não são pesados, pois todo filho de Deus vence o mundo. O que nos faz alcançar a vitória sobre o mundo é nossa fé. “Quem é o que vence o mundo, senão o que crê que Jesus é o Filho de Deus?” 5.
UNIÃO DOS BONS
O homem é sociável por natureza. Talvez dos muitos o que mais sente é a solidão; os oprime o ambiente hostil. O ambiente cristão facilita a virtude. Por isso as pessoas e famílias de reta doutrina e de bons costumes devem unir-se, devem ver-se muito, fazerem-se amigos e aprender a conviver. Assim se animarão mutuamente em perseverar no bem.
Mas aqui existe um ponto muito importante que mal enfocado pode colocar tudo a perder, pois estes grupos de gente boa podem converter-se, em vez de lugar de santificação, em centros de ruína e condenação. Existe o perigo, dado o culto que se rende em toda parte ao cômodo e ao fácil, que em vez de tomar o exemplo da pessoa ou família mais virtuosa, mais modesta e mais mortificada nos costumes se segue a mais liberal e a que mais se acomoda nas modas, raciocinando assim: “se estes que são tão bons e falam tão bem, o fazem, se poderá fazer”. O caminho é exatamente o contrário, o “oppositum per diametrum”. A Virgem de Fátima pediu oração e penitência. Estamos tão baixo por seguir sempre o mais fácil, por rebaixar o ideal e a norma. Estas reuniões de gente boa – sob pena de serem centros de corrupção – devem ter como regra seguir a pessoa e a família do grupo que seja a mais virtuosa e a mais severa consigo mesma. Somente assim progredirão no bom caminho.
O SANTO ROSÁRIO
Estamos no tempo de Maria. As aparições de Nossa Senhora em Fátima nos introduzem em um novo período da história, o de seu Imaculado Coração, cujo triunfo anunciou. Ademais, Ela é medianeira de todas as graças e a boa doutrina e os bons costumes são graças. A Ela devemos recorrer para pedi-las.
 A oração preferida da Santíssima Virgem é o Rosário. “Desde que a Santíssima Virgem deu uma eficácia tão grande ao Rosário não existe nenhum problema material, espiritual, nacional ou internacional que não possa ser resolvido pelo Santo Rosário e nossos sacrifícios”, disse Lúcia, a vidente de Fátima. Nota-se como é absoluta a afirmação de Lúcia, mas também fala de sacrifícios. O santo Cardeal Mindszenty reafirmou que todos os problemas se resolvem se houvessem um milhão de pessoas que rezem o Rosário.
Esta oração é, por excelência, a oração para vencer as heresias. Talvez seja a razão pela qual os progressistas a detestam tanto. Também é a oração tradicional da família cristã. É a base da doutrina e dos costumes.
1. I epístola de São João 2,15-17.
2. Lucas 12,49-53.
3. João 15,18-19.
4. João 17,14-16.
5. I epístola de São João 5, 3-5.
Traduzido do site amigo Syllabushttp://syllabus-errorum.blogspot.com.br/


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