segunda-feira, 15 de julho de 2013

Sermão do VIII Domingo depois de Pentecostes

Disse o Evangelho de hoje que os filhos do século (os mundanos) são mais prudentes (no sentido de astutos) que os filhos da luz.

Ensina Santo Tomás que a astúcia consiste em empregar meios simulados ou aparentes para conseguir um fim bom ou mal (Suma Teológica, II-III, c.55, a.3) O astuto para alcançar o fim que pretende, utiliza o engano, a mentira, a ambigüidade, a linguagem dúbia, a simulação, a intriga. Lamentavelmente temos visto muito disso na atual aproximação a Roma liberal e modernista por parte das autoridades da FSSPX.

O diabo é sumamente astuto, e também disse Santo Tomás que tentou desde o princípio separar o homem da obediência [a Deus] baixo pretexto de liberdade (Suma Teológica, III, c.8 a 7). Em último termo, aí está a origem do liberalismo, que foi batizado no Vaticano II a qual a Fraternidade está dando atualmente um giro inegável, ou acaso não disse o Superior Geral, entre muitas outras, estas escandalosas e inacreditáveis palavras: depois das discussões, nos demos conta de que os erros que críamos provenientes do concílio, de fato são resultado da interpretação que comumente se fez dele (entrevista a CNS, 11-5-12).

Non serviam (Jer 20, 20), disse o demônio em sua rebelião, isto é, não estarei a serviço de ninguém, serei livre. Daí que para o liberal o primeiro será a liberdade. Para o católico, ao contrário, o primeiro é a verdade. Cristo disse “a verdade os fará livres”. O liberal disse o contrário: “a liberdade os fará verdadeiros”. Por isso a Fraternidade diminui ante Roma a exigência da Verdade e aumenta a petição de liberdade. Conforma-se com um rincão seguro na estrutura oficial, com que se concede um espaço em que se possa gozar de liberdade. As seis condições do Capítulo de 2012 protegem a Fraternidade contra o estabelecimento de qualquer acordo que seja, se as autoridades romanas não garantirem verdadeiramente a possibilidade da existência em segurança e da operação em liberdade a Tradição Católica (Mons. de Galarreta, entrevista de 7-4-13 publicada em “Zawsze Wierni”, revista polaca da FSSPX. Maio-junho de 2013)

O Vaticano II é uma obra satânica. É a fundação da nova religião humanista, a religião que rende culto ao homem.

Disse o P. Álvaro Calderón FSSPX, em seu livro “Prometeu, a religião do homem”, que a palavra chave [para compreender o concílio] é “humanismo”, pronunciada pela primeira vez no século XIV (...), [a que desde o começo se contrapôs a palavra “cristianismo”. Em sua primeira origem, o “humanismo” é um engano diabólico pelo que Satanás nos deprecia envolvendo-nos em sofismas análogos a aqueles os que o mesmo se enredou com seu “non serviam”. (...) O Concílio Vaticano II é o maior – e talvez o último – esforço para sustentar um humanismo católico que se levanta ante o cristianismo ou Religião de Cristo, como a Religião do Homem.
O Concílio (…) foi uma manobra de prudência humana levada a cabo por uma hierarquia de constituição divina, que fez arder para os homem o incenso que pertence a Deus.

Para o Concílio o fim da criação e do homem já não é Deus, senão o mesmo homem (...) Já não é mais a glória de Deus o maior bem do homem, senão a glória do homem o maior bem de Deus!

Este é o pecado de Lúcifer, que preferiu a contemplação a sua própria essência, como mais perfeita imagem da divindade, a ter que subordinar-se com toda a natureza em adoração ao Verbo Encarnado.

O Padre Calderón é um grande teólogo, e seu livro Prometeo é extraordinariamente importante porque, como nenhum outro, desmascara admiravelmente ao Vaticano II, demonstrando o que é: uma armadilha satânica e um engano mais funesto e destrutivo de toda a história da Igreja Católica. Porém, as autoridades da FSSPX não querem dar a esta obra a difusão devida por temor a desagradar aos liberais e dificultar o entendimento com a Roma apóstata.

Sobre isso, o Padre Rafael Arízaga OSB relata a seguinte anedota: Eu mesmo fui testemunha desta aversão a este livro. Durante nosso retiro de agosto de 2012 em Silver City, visitei em sua cela o R. P. Pflugger. Com o livro “Prometeo” em minha mão lhe perguntei: “Padre, que opina deste livro?”. Quando ele viu, saltou em sua cadeira como espantado, como se houvesse visto uma serpente, e me disse: “não é um bom livro”. E como lhe indagara sobre a razão de seu rechaço, me contestou: “para dizer a verdade, o que diz este livro está bem, mas se o apresentamos a Roma, eles nos rechaçariam por extremistas”. Foi quando me dei conta que a verdade e a defesa da fé já não eram a prioridade da FSSPX, e que algo grave estava passando nela.

E Mons.Williamson, disse sobre este livro: Está em espanhol, foi traduzido para o francês, mas chegaram ordens de acima de que não fosse publicado pela Fraternidade em francês. A tradução já está pronta, está aí, talvez até o levaram a imprensa e... luz vermelha!, porque não querem que o concílio seja condenado e não querem que Bento XVI seja condenado tampouco. Para a Fraternidade isso é uma loucura. Pior que uma loucura: é um suicídio, é o suicídio da FSSPX. É como comprar um cachorro guardião e amordaçá-lo a noite para que não lata (conferência de Bristol nº8, ano 2012).

É um suicídio, o suicídio da FSSPX. Que pela intercessão da Santíssima Virgem Maria, Deus nos livre do liberalismo, do Vaticano II, e das autoridades indulgentes com os enganos e mentiras que sabemos que provem do diabo.


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